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Não tenho pachorra
Oct 15th, 2012 by M.J. Ferreira

Sinceramente não tenho pachorra para ver na TV as manifestações e o cerco pacifista à Assembleia da República organizados por plataformas indignadas que passam hoje nos noticiários.

Se pacifismo é destruir, atear fogo, agredir, ferir, insultar, … então eu prefiro continuar a trabalhar, a viver de acordo com as minhas possibilidades, a gerir a vida e o orçamento para sobreviver ao tempo de vacas magras que está instalado.

Que pena estas plataformas não organizarem voluntariado junto da população sénior, voluntariado junto de carenciados ou qualquer outro tipo de atitude cívica proactiva em prole do bem comum.

De certeza, amanhã vai ser notícia que a polícia carregou sobre os manifestantes que, coitadinhos, só estariam a atirar pedras, petardos e outros objectos “inofensivos”. Não tenho pachorra!

Assim não
Oct 4th, 2012 by M.J. Ferreira

Sinceramente não percebo as medidas apresentadas hoje. Quero dizer, perceber, eu percebo; simplesmente não acredito que possam ser anunciadas sem que ao mesmo tempo sejam apresentados enormes ou brutais, qualquer dos adjectivos serve, cortes na despesa do Estado e incentivos às empresas.

Todos os cortes de despesa que têm sido anunciados não se coadunam com um Estado falido que quer sair do seu estado deplorável. Quando não se tem dinheiro não se tem vícios e o que observo é o querer manter uma série de “vícios”, seja por medo, inaptidão, má gestão ou incapacidade para lidar com interesses instalados.

Por outro lado, estas medidas em nada contribuem para a saúde de milhares de pequenas e médias empresas que (ainda) fazem parte da economia deste país. Se a TSU era uma coisa tão boa que até ia incentivar o emprego, por que não foi mantida e agora anunciada apenas para as empresas e sem custos adicionais para o trabalhador?

Não sou economista, não sou perita em finanças. Quero dizer, estudei ambas as áreas mas não exerço na prática nenhuma dessas actividades a não ser na gestão doméstica. Uma coisa eu sei. Uma boa gestão não se consegue vivendo acima das possibilidades reais de cada um e, o que penso, é o que o nosso Estado continua uns furos acima do cinto que devia apertar à sua cintura.

Assim não!

Dar a volta ao desemprego
Sep 14th, 2012 by M.J. Ferreira

Embora haja muita gente que fica escandalizada quando se diz que o desemprego não pode ser entendido como um estigma e pode (deve) ser percebido como uma oportunidade, eu fico antes escandalizada pelo comodismo que tal visão encerra. Acredito que, até pelo nosso amor próprio e auto-estima, devemos saber retirar das situações menos positivas, o que podem trazer de mudança útil e proveitosa.

Infelizmente, todos os dias, impigem-nos notícias e histórias de fracassos (que também os há) ou de casos de extremas dificuldades (que continuam a existir). Esta maneira de “viver” os tempos que correm funciona, a meu ver, como um sistema de contra-informação que gera revolta, perturbação e um enorme descontentamento. Seria mais útil, penso, uma contra-informação vocacionada para fomentar a motivação, a resiliência, a inovação, a criatividade e a vontade de arriscar.

Gostei, por isso, de um artigo de Rita Afonso que li hoje no Portal Sapo e de que fiz “copy&paste”. Chama-se “Dar a volta ao desemprego”. Porque o desemprego não precisa de ser um lobo gigante que abocanha o que somos, castrando-nos da dignidade inerente à pessoa humana.

“Dar a volta ao desemprego

Célia Rodrigues perdeu o emprego e hoje dirige a empresa que a colocou nessa situação. Para José de Almeida, o desemprego transformou-se num impulso e atualmente motiva outros que estão sem trabalho. Em Portugal há mais de 800 mil desempregados. É possível transformar a falta de trabalho em oportunidade?

“Tinha um cargo de diretor-geral, um bom carro, e de um momento para o outro fiquei sem pé. Tive de dar a volta por cima”. A frase podia pertencer a qualquer um dos portugueses que hoje tem de viver com severas medidas de austeridade, mas é José de Almeida quem a diz.

Hoje é o responsável pela empresa Ideias & Desafios e concebeu a ideia de workshops gratuitos para desempregados, juntamente com a sua equipa. Apesar da eliminação de postos de trabalho e do aumento do número de desempregados, ainda existem oportunidades em Portugal, e foi sob este mote que surgiu a “Ação de Formação Comercial e Liderança para Desempregados”.

Em três dias, os participantes são motivados a seguir em frente, independentemente da idade ou do sonho que querem alcançar. “Temos pessoas com 18, 19 anos e outras com 60; pessoas com a 4ª classe e outras com pós-graduações e doutoramentos. Temos todo o tipo de profissões, de perfis, estratos sociais. Neste momento o desemprego afeta toda a gente”, explica José.

A ação, que começou por formar cerca de 15 pessoas por edição, hoje conta com a participação de mais de 150 desempregados que querem vingar no mercado de trabalho.

Ir à luta

Célia Rodrigues, com dois filhos, ficou desempregada aos 37 anos e perdeu confiança em si própria. “Mandei currículos, procurei emprego, mas tive muito poucas respostas”. No entanto, não baixou os braços. “Não podemos esperar que venha alguém que nos traga uma solução e que nos dê o que precisamos. Temos de ser nós a ir à procura”.

Sete meses depois de perder o emprego, participou no workshop e criou um plano que lhe iria permitir reabrir a empresa que a acolheu durante 10 anos e até abrir falência.

Juntamente com dois colegas, algum capital próprio e ajudas do centro de emprego, relançou a “Master CD”. “Já estamos no mercado há quase dois anos, estamos a crescer devagarinho e a tentar montar uma estrutura sólida para o nosso futuro e dos nossos filhos”, explica.

Também José de Almeida recorda a história de outro participante que, com cerca de 60 anos, pegou na indemnização que recebeu da empresa, comprou duas carrinhas de transportes de passageiros e passou a organizar excursões turísticas para Fátima e outros pontos do país. “Há vários casos engraçados que nos espantam”, confessa.

Cerca de 27% dos desempregados portugueses já procuram emprego há mais de 24 meses. 45% está nesta situação há mais de um ano.

Os resultados desta formação refletem-se na taxa de empregabilidade dos participantes. “Verificámos que entre 30 a 40% das pessoas que assistiram ao workshop, no passado, conseguiram encontrar emprego nos meses seguintes ou criaram o seu próprio emprego”, diz José.

Célia Rodrigues acredita que o caminho a seguir pelos desempregados é o do empreendedorismo. Mas reconhece que não é fácil ser patrão. “Temos muitas dificuldades e obstáculos mas é algo que eu e os meus colegas construímos e estamos a construir. A vida é feita de sonhos e este foi um dos meus sonhos que já está em marcha. Agora venham outros!”.

Para Célia Rodrigues, as formações direcionadas para quem está no desemprego oferecem muitas ferramentas práticas mas também “despertam o potencial que há em nós e está adormecido. Há muitos desempregados que desistem de participar e estão a perder uma oportunidade de dar a volta por cima”.

Durante os três dias de workshop, que é gratuito, 20 voluntários treinam a motivação e resiliência dos participantes. No final, constroem um plano a 90 dias para encontrarem emprego. “A parte da experiência treina-se, a atitude não. É como se aqui fizéssemos reset à pessoa e voltássemos a colocá-la no momento zero, quando ficou desempregada”, conclui José. (Rita Afonso)”

PP
Sep 13th, 2012 by M.J. Ferreira

Quem me conhece sabe que, em termos políticos, rondo a área da democracia cristã. Identifico-me com a maior parte da agenda política, com os valores e, igualmente, o “esforço” despendido na luta contra o que chamam conquistas e avanços da sociedade, nomeadamente, o caso da interrupção voluntária da gravidez e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Admiro o político Paulo Portas e, confesso, não queria estar na sua pele neste momento. Penso que, mais tarde ou mais cedo, ele vai ter que tomar decisões importantes que vão influenciar o futuro de todos nós. Não acredito que ele, e o partido que dirige, abandonem as convicções com que chegaram à coligação que, neste momento, colidem perigosamente com as últimas resoluções anunciadas por Passos Coelho. Por outro lado, PP é um homem que, em coligação, é leal; pelo que, creio, fará o que estiver ao seu alcance para não apunhalar a aliança que fez há mais de um ano.

A situação é extremamente delicada e, se PP perceber que a associação que mantém em coligação com o PSD, elaborada com um fim preciso, está incoerente, desagregada e dissonante em relação ao fim que se propôs, não sei se teremos uma coligação saudável por muito mais tempo.

Os próximos dias vão ser terríveis e temíveis. A liberdade de escolha real é muito limitada. Confio no estadista.

Pobres não têm vícios
Sep 12th, 2012 by M.J. Ferreira

Se não havia dúvidas sobre o mau bocado que Portugal está a passar com os consequentes efeitos na sociedade em geral, dúvidas não ficaram agora que mais uma avaliação da “troika” teve efeito e novas medidas foram apresentadas ao país, tendo em vista o próximo Orçamento do Estado. A palavra consenso passou a ser uma miragem, uma utopia e a decepção que destapa o malogro da esperança avança a passos largos.

Espero sinceramente que o eco de todas as medidas anunciadas pelo Executivo, bem como as respectivas consequências das mesmas, ressoe bem alto junto dos nossos governantes de forma a que não cometam um erro tão grande quão grande é o buraco onde estamos enfiados. Voltaire disse “Os homens erram, os grandes homens confessam que erraram.” Assim espero!

Já foram tantos os “sacrifícios” que nos foram pedidos que já não chega para nos “animar” e “motivar” uma avaliação positiva por parte dos nossos credores ao esforço que o país está a fazer. Aliás, esta última, que examinou derrapagens e formas de colmatar o buraco que resultou da análise que o Tribunal Constitucional fez sobre a perda de subsídios na função pública, apesar de positiva, está a fazer o país gritar aos quatro ventos que já não aguenta mais. Se me permitem a ironia, o país clama, alto e bom som, que está triste!

É verdade. Tal como Cristiano Ronaldo disse, há pouco mais de uma semana, não tenho dúvidas que, igualmente, cada um de nós, está triste. No entanto, enquanto que para aquele, e para pôr fim a tamanha dor, o clube a que pertence pensa aumentar-lhe o ordenado de 10 para 16 milhões de euros; o “clube” a que pertencemos – face à nossa tristeza -, não vê como podemos não continuar a apertar o cinto e, por isso, anuncia que os nossos rendimentos irão contínua e repetidamente continuar a ser brutalmente “emagrecidos”. Desta forma, esperam-nos novos acertos de IRS, uma taxa sobre o nosso rendimento do trabalho e outras coisas que a seu tempo serão melhor explicadas.

Chegámos a um ponto que para quem ganha mal, sai mais barato não fazer nada. Penso, por isso, que já que estar no desemprego conta para a formação da carreira contributiva, todas as pessoas que recebem subsídios deviam contribuir, também, com uma taxa igualmente para a segurança social, bem como, estivessem sujeitas a IRS, para além do serviço comunitário. Ninguém quer perder o emprego; mas, da forma como as coisas estão feitas, quem trabalha e, comparando um salário com um subsídio de igual valor, está fortemente penalizado.

Penalizados somos também pela enorme corcunda na estrutura do Estado com todas as PPP e despesas das administrações públicas. Parece impossível que, em democracia, se alimentem esse tipo de monstruosidades. Para além das colossais verbas que devoram, têm ainda a característica de darem existência a meia dúzia de “vampiros” que, com a sua gula, chupam o sangue do povo, nada fazendo pelo interesse público. Tal como os gerentes e administradores privados são responsáveis pelos prejuízos que as suas administrações causam, assim devia ser no sector público, sem excepção.

Penalizados estamos, também, porque as reformas e as privatizações que são necessárias fazer, embatem na falta de coragem e na determinação para as fazer com eficácia, frente aos interesses instalados.

Outra “engenhoca” interessante são as fundações. Nada tenho contra “a”, “b” ou “c” querer ter uma fundação com o seu nome para preservar a memória de si. Só que penso que tais organismos deviam ser autónomos e auto-sustentados. Transparência total, sem o meu dinheiro, sem o nosso dinheiro.

Não pode haver fundos para uns tantos, seja qual for a forma como se nos apresentam, e deixar de fora pequenas e médias empresas estranguladas, sem incentivos fiscais e com possibilidades nulas de investimento.

Cresci ouvindo o meu pai dizer que “quem não tem dinheiro não tem vícios”. Só que os anos de um passado recente subverteram completamente esta máxima. As famílias, mesmo sem dinheiro próprio, “aproveitaram” a boleia que os bancos ofereciam e passaram a ter dinheiro e a viciarem-se num consumo desenfreado de bens que, longe de serem completamente necessários, contribuíram para o que realmente é a verdadeira crise. Barriga cheia mas à custa de gastar mais do que se ganha. Barriga cheia… mas um vazio enorme no que toca a valores morais e éticos que se estende aos diversos contextos da sociedade.

Sabemos hoje que, não só as famílias viviam muito para além das suas possibilidades como, o próprio Estado, se alinhavou com despesas sem pensar nas consequências de elas não serem cobertas pela riqueza que o país produzia. É claro que tudo isto, aliado ao descalabro da economia internacional, se traduziu na enorme hecatombe que ainda não sabemos como vai terminar.

Estou descontente, é claro! Mas também penso que não é a oposição política que temos que pode fazer a diferença. Nem a oposição nem parceiros sociais ou outros. Todos criticam mas alternativas que sejam viáveis e responsáveis ao mesmo tempo nada, niente, nicles. Não há ideias; antes, e apenas, o discordar, o apontar o dedo, a crítica pelo poder e para o poder. Devia haver uma lei que instituísse que só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar. Políticos e parceiros, o mal de uns e de outros é que, quem sabe trabalhar, quem tem visão, quem sabe liderar, quem tem estratégia, quem motiva à produtividade, não está na política, nem tem tempo a perder em jogos de poder, manipulação e interesses.

Infelizmente, os nossos políticos são, na sua maior parte, políticos de conveniência. Aquilo que deveria ser uma disposição natural oriunda de uma cidadania responsável, tem sido um amontoar de tachos, altos cargos sempre com distribuição assegurada, pensões de luxo e outras mordomias que me fazem corar de vergonha face aos tempos que vivemos.

Enquanto houver universidades dos principais partidos para os boys que se perfilam já para as próximas gerações de políticos e homens-chave do sistema, não creio que possamos ter a criatividade e a ousadia de pensar, inovar, produzir, mudar o que precisa ser mudado.

O meu pai tinha razão: quem não tem dinheiro não tem vícios e, enquanto se continuarem a alimentar vícios antigos, sem dinheiro novo, não iremos muito longe e dificilmente sairemos da lama onde estamos atolados. Somos pobres, estamos cada vez mais pobres e os imperativos de tal condição perseguem-nos porque, simplesmente, quem é pobre, não tem vícios. Ou, como dizem os franceses “pas d’argent, pas de Suisse”. Isto não é sinónimo de estagnação, conformismo ou falta de visão. Muito pelo contrário. Só os que perceberem muito bem esta lógica tão simples quanto eficaz, e estiverem dispostos a colocar o interesse nacional acima dos seus próprios interesses, serão capaz de levar este barco a bom porto novamente.

Gostaria que a nossa tristeza fosse tão bem cuidada quanto a de Ronaldo. Infelizmente, os “mimos” que nos estão destinados não nos devem dar para esboçar qualquer sorriso. Por enquanto.

Que nojo
Jul 25th, 2012 by M.J. Ferreira

Mete mesmo nojo ouvir nas notícias as diversas interpretações que sindicalistas e partidos da oposição fazem das palavras que o Primeiro Ministro proferiu sobre se algum dia tiver de perder umas eleições em Portugal para salvar o país, que se lixem as eleições porque o que interessa é Portugal.
Ouvir, uma após uma, tamanhas distorções em sentido das palavras ditas em português, causa-me uma enorme repugnância pelo analfabetismo demonstrado. Já é mau não terem qualquer alternativa útil para ajudar o país, não só, a sair do pantanal económico e financeiro em que o ajudaram a mergulhar, como, a contribuir para pôr fim ao bananal em que se transformou a sociedade em termos de valores morais e éticos; agora, acrescente-se a isso, não perceberem português e vemos a desgraça nauseabunda que representam.
Que tristeza. Critiquem sim, mas apresentem alternativas. Alternativa , bem entendido, são propostas honestas, realisticamente contextualizadas e adequadas aos nossos problemas e interesses. Propostas de soluções viáveis que possam apresentar os resultados necessários para honrarmos os nossos compromissos. De outra forma, não tenho dúvidas que se algum dia tiverem de perder algumas eleições para salvarem o país, aquilo que são hoje como oposição e a forma como o são, não terão dúvidas em dizer que se lixe o país porque o que a gente quer é dar continuidade ao esbanjamento e aos excessos que se estão a tentar interromper embora ainda haja muitas torneiras a pingar por todos os lados.

Há coisas que nunca mudam
Jul 24th, 2012 by M.J. Ferreira

Há coisas que nunca mudam. Exemplo forte disso mesmo é o apego ao poder. Não é de ontem, nem de hoje e, certamente, acontecerá no futuro, que políticos serão corrompidos por esta inebriante sensação que os leva a esquecerem-se do exercício da cidadania responsável em prole duma paixão cega pelo controle e domínio absolutos das situações em que se encontram envolvidos. Então, estão persuadidos sobre as suas reais capacidades, levando os outros a pensar que são insubstituíveis. Habitualmente, sobem na vida a pulso de uma enorme teia de contactos tecidas entre esferas de influências que vão amealhando e usando nos contextos em que se encontram.

A vaidade que habitualmente acompanha este tipo de cidadãos não lhes permite conhecer a fundo ou dar valor ao simples homem que realmente são. Querem sempre mais e, os títulos académicos, num país de tantos doutores, são tão apetecíveis quanto inúteis quando se trata de conhecer o real valor de uma pessoa, o seu caracter, a sua dignidade, os seus valores, a moral e a ética com que pauta as suas actuações e palavras.

Com tantos doutores, há muito que Portugal deixou de ser um país de analfabetos. Mas, tenho sérias dúvidas se tanto título académico será sinónimo de sabedoria que contribua para o enriquecimento da nação nas mais diversas áreas que compõem a nossa sociedade e o mundo em que nos inserimos.

Pessoalmente, sou o tipo de pessoa que pensa que o valor e o saber de uma pessoa não está somente nos anos que passou numa escola a conseguir o seu “canudo”. Há muita gente que não é licenciada, mestre ou doutor e dão enormes “bigodes” a quem ostenta um diploma com meia dúzia de linhas com o nome de um curso e o aproveitamento conseguido.

Tudo isto vem a propósito, porque muito se tem falado, de Miguel Relvas, um membro destacado do actual Governo, e da forma como conseguiu a sua licenciatura. Realmente, não me interessa a sua licenciatura. A lei permite que aconteçam graus académicos de formas menos convencionais e há inquéritos credíveis que permitem averiguar a transparência com que foram conseguidos.

O que me interessa realmente é a pessoa em si. Vejo Relvas como um dos homens que descrevi nos primeiros parágrafos. Alguém tão agarrado ao poder que nem mesmo os sucessivos incómodos que tem gerado no meio dos seus pares o afasta do incómodo e da vergonha que tem causado.

Primeiro foram as “secretas”. Depois, uma notícia vinda a público sobre uma possível manipulação de jornalista que nunca ficou bem resolvida. Em seguida, e logo de rajada, a notícia de uma licenciatura conseguida à custa de avaliações do seu currículo pessoal que, hoje, faz parte do “anedotário” nacional.

A forma como a comunicação social tem tratado tudo isto talvez deixe perceber alguma espécie de antipatia pelo personagem a par de muita contra-informação, muito murmúrio, muito sururu; enfim, muito escândalo. E de escândalos estamos nós fartos.

Ninguém é insubstituível e o facto de este cidadão ainda não ter colocado o seu lugar à disposição para terminar de vez com todo este espectáculo deplorável, faz-me pensar duas coisas. A primeira, é que este senhor doutor – como diria o meu pai, da “mula ruça” – tem um enorme apego ao poder com, certamente, uma enorme “teia” que o suporta na posição que ocupa. De tal forma, que se sente confortável apesar do enorme desconforto à sua volta. A outra tem a ver com a forma displicente como tem tratado pessoalmente toda a informação que tem sido vinculada como se fosse superior a todos os mexericos à sua volta. Realmente para mexericos devemos estar um nível acima. Só que neste caso, onde havia fumo, havia fogo e, este, está neste momento incontrolável. Não há frente que não reacenda com mais escândalo e não há “amigos” suficientes e convincentes para tapar “o sol com a peneira”.

Por tudo isto, e porque já se percebeu que Passos Coelho só pode ser um dos muitos “amigos” de Miguel Relvas ao “permitir” a sua continuação no Governo, resta, do meu ponto de vista, apenas uma opção de Homem a ser tomada. É Miguel Relvas, como cidadão responsável e consciente, ter em consideração todo o ruído pernicioso que se mantém na ordem do dia e afastar-se, de sua livre e espontânea vontade, dando a oportunidade ao Governo de governar sem outra preocupação que não seja colocar de novo Portugal entre os países credíveis e com esperança de futuro.

Não interessa se o senhor com tanto ruído à sua volta se considera uma vítima no meio de tudo isto. O que ele não pode é pôr em cheque a imagem de um governo que se quer a governar. Já se percebeu que há constrangimento; não só porque alguns dos membros da actual governação, num passado recente, criticaram outros apegos ao poder de antigos ministros e a forma como estavam seguros nos seus governos, como também pelo incómodo e embaraço que esta situação já está a causar interna e externamente.

Bem sabem os jardineiros que tudo que meta “relvas” tem que estar muito bem aparado. Quando se descura este tratamento, não há relvado que aguente e, mais cedo ou mais tarde, as doenças, as pragas, as ervas daninhas tomam conta de todo o espaço.

Sr. Dr. Licenciado Miguel Fernando Cassola de Miranda Relvas, por favor seja Homem. Pelo interesse público. A bem da Nação.

D. Januário e a sua consciência
Jul 19th, 2012 by M.J. Ferreira

D. Januário Torgal Ferreira, na passada Segunda-feira, fez uma “acusação” ao Governo de Passos Coelho de corrupção, que por ser feita a um todo, sem discriminação de nomes, é extensível a todos os membros do actual Governo. D. Januário vai ainda mais longe na sua apreciação, considerando os actuais ministros, secretários e outros membros, de diabinhos negros se comparados com os anjinhos que eram os membros do anterior governo de Sócrates.

Corrupto é um substantivo tão negativo, como comum, nos tempos que correm. A depravação, o suborno, a alteração de resultados a troco de benesses tem atravessado a nossa sociedade e encontra-se enraizada em diversos sectores e actividades, quantas vezes, impune e não reprimido.

Do meu ponto de vista, D. Januário pode pensar o que bem quiser e comentar o que bem quiser MAS… ao acusar alguém de algo tão grave não pode partir apenas de algo que se “sente” ou que se “pressente”. São necessários factos e factos concretos que, de preferência, e deixem-me ser irónica, não incluam escutas como as de Sócrates com os seus vassalos, porque um Procurador ou um Juiz qualquer as pode considerar inválidas e ilegais.

Sinceramente, fiquei indignada com o que D. Januário pronunciou. Precisamente porque manifestou uma opinião sem que as devidas providências fossem efectuadas, isto é, disse o que pensava sem que se preocupasse com mais nada que o som da sua opinião e sem ter em conta a apresentação na PGR de uma queixa apoiada num qualquer tipo de provas.

Em resposta à indignação e críticas que recebeu, o Bispo das Forças Armadas, veio a público dizer que: “Ninguém tem que me pedir explicações sobre as coisas que eu digo de acordo com a minha consciência”. É uma pena que D. Januário, neste caso concreto, não alie à sua consciência as provas factuais do que diz. Basta haver duas consciências que pensem e sintam de forma diferente para que o “valor” da consciência seja insuficiente para acusar publicamente alguém e pretender que responsavelmente sejam punidos ou responsabilizados os intervenientes a quem é imputada alguma culpa. A medida das nossas consciências é uma arma poderosa mas ao acusarmos alguem, ela pode guiar-nos mas não nos deve cegar.

Na minha opinião, se a acusação já era grave sem o procedimento e o fundamento adequado e condizente, a explicação piora a situação. D. Januário ocupa uma posição de destaque e, para além disso, e mais importante, é um homem da Igreja Católica Romana. Deve, ou devia saber, que não se anda por aí a acusar ninguém sem que essa acusação possa ser sustentada. De outra forma, parece murmuração ou  crítica de café onde todos falam, falam e, quantas vezes, não dizem nada. Só fica o ruído.

O oitavo mandamento da Lei de Deus que, acredito, será do conhecimento de D. Januário, especifica claramente e proíbe levantar falsos testemunhos. Estes equivalem a maledicência, a perjúrio, a difamação e calúnia. A verdade deve ser preservada e defendida; mas há que assegurar, porque a caridade não pode ser desassociada dos homens de fé, a dignidade da pessoa humana e ter em conta o perigo do escândalo. Por isso mesmo, e de acordo com um compêndio do catecismo da Igreja Católica, quando se usam meios de comunicação privilegiados, deve ter-se em conta que “a informação mediática deve estar ao serviço do bem comum, ser sempre verdadeira no conteúdo e, salva a justiça e a caridade, deve ser também íntegra. Além disso deve expressar-se em modo honesto e conveniente, respeitando escrupulosamente as leis morais, os direitos legítimos e a dignidade da pessoa.

Penso igualmente que, independentemente das cores políticas ou da religião professada por cada um, vivemos em democracia e, em democracia, não chega o que a nossa consciência nos dita para se andar por aí a gritar aos quatros ventos que “a”, “b” ou “c” são corruptos. É preciso termos provas do que dizemos e é obrigatório especificarmos quem é quem. Por isso, D. Januário Torgal Ferreira faça um favor a este País: apresente as provas na PGR para que se apurem os factos e, quem sabe, seja desta que se punem os culpados. O facto de nem sempre termos ou conseguirmos os resultados que achamos justos não nos deve incapacitar de prosseguir no caminho da verdade com a utilização de todos os meios legais que estão ao nosso alcance.

11 por todos e todos por 11
Jun 27th, 2012 by M.J. Ferreira

Hoje ao fim da tarde o país vai ficar vidrado à frente do televisor quando a Selecção Nacional de futebol se defrontar com a sua congénere espanhola na discussão de um lugar na final europeia. Não quero escrever sobre isso. Seja qual for o resultado, nada vai mudar em relação aos problemas que enfrentamos. No entanto, merece-me uma palavra de reconhecimento o trabalho de Paulo Bento, o responsável por Portugal estar onde está e apresentar-se da forma como se tem apresentado. Desculpem-me os jogadores – talentosos, sem dúvida; mas, não fosse o trabalho daquele técnico que sabe que o TODO é muito mais que a soma das partes, ainda estariam presumidos, amuados, vaidosos e/ou birrentos com guerrinhas de bastidores – quem se lembra do que aconteceu com a equipa técnica anterior? (e não estou a comparar os técnicos principais, que não têm comparação).

Dito isto, este comentário tem a ver com um anúncio publicitário. Sinceramente e traduzindo o que me vai no coração, estou farta do anúncio da Galp e da carta do Guilherme à Selecção Nacional de futebol. Aliás, acho que é de extremo mau gosto o conteúdo da dita.

Não sei de onde é que o Guilherme saiu. Mas a escrever como escreve (se é ele o real autor da missiva) estou inclinada a uma educação numa “jota” qualquer nacionalista que lhe deturpou para já a percepção da realidade.

Fala o rapazinho em sonhos. Primeiro no sonho dos seus amigos de serem como os jogadores da selecção, de correrem como eles correm , de marcarem os golos que eles marcam e/ou de serem idolatrados como eles são.

Mas o Guilherme não sonha assim. Ele quer ser médico ou biólogo. Realmente, o Guilherme não tem o sonho de um aspirante a jogador de futebol da Selecção Nacional… Ao contrário destes, o Guilherme gostava de trabalhar em Portugal. Mas, esta ambição do menino tem uma “pequeníssima” limitação. Ele só vai ficar a trabalhar em Portugal se isso valer a pena. Para o Guilherme, não sei o significado do “valer a pena”. Com certeza, o rapazola ambiciona um lugar, ou uma carreira, em Hospitais de luxo com clínica privada ou uma bolsa de investigação que lhe permita pôr em prática todo o seu potencial. Certamente, o rapazito não quererá ser médico da periferia ou do interior provinciano, longe das urbanidades e “cosmopilices” das grandes cidades. Com o discurso da carta, talvez ele sonhe mesmo é com um lugar num partido político que lhe garanta notariedade q.b. porque paleio demagógico já ele tem e muito.

Pois então o Guilherme tem o sonho de se formar e crescer para Portugal mas só vai ficar se valer a pena. E diz na sua carta convicto: “E é aí que vocês entram”.

“E é aí que vocês entram”; vale a pena registar toda a sua oratória para memória futura:

“Para milhões de pessoas, Portugal são vocês. Vocês têm nos pés uma oportunidade que os nossos médicos, advogados e políticos nunca terão nas mãos. Têm a possibilidade de mudar em campo a opinião que o mundo tem de nós, de mostrar que não somos fracos e preguiçosos, sempre fomos e continuamos a ser um povo honesto, lutador e corajoso. Quando queremos, somos os melhores do mundo. Nove séculos de história não se deitam assim para o lixo. Não temos nada a provar, mas há um futuro para defender. Desta vez, estamos todos em jogo. Somos onze por todos e todos por onze.”

A ouvir a carta do Guilherme estão embevecidos e babados os jogadores num abraço cordial e colectivo apela à união e à comunhão dos diversos talentos. Não sei se percebiam o discurso, se posavam para uma cena previamente ensaiada mas uma coisa é certa. Não se conseguem alhear do discurso completamente demagógico, nacionalista e manipulativo das paixões e dos sentimentos de cada um. Por trás um coro efusivo de homens que vibram e aplaudem aqueles que, na opinião do Guilherme, podem fazer a diferença para o futuro, em prole da salvação nacional.

Esta carta e a mensagem que encerra é simplesmente insuportável. Identificar-se a Pátria com a Selecção e a Selecção com uma junta de salvação nacional é deplorável e funesto. Portugal não é apenas uma selecção de futebol. Tal como Portugal não é o Benfica, o Sporting ou o Porto. Tal como Portugal não é Rosa Mota, Eusébio, Afonso Henriques, Nelson Évora, Luís de Camões ou qualquer outro que se tenha destacado por qualquer motivo. Todos eles são Portugal e, de uma forma ou outra, todos eles fazem ou fizeram brilhar a auto-estima nacional. Trabalham ou trabalharam por isso.

Querer politizar da forma como o Guilherme faz nas suas comparações é endeusar alguns e esquecer o país real. Aliás, Portugal é um país cuja expressão demográfica – por muito que gostasse – não se consegue identificar com a “população” seleccionada por Paulo Bento. Nem em termos financeiros, nem em ostentação de meios de riqueza ou artigos de luxo, nem – tão pouco – em estadias e/ou deslocações pagas em representação da entidade empregadora. Depois, em termos de prémios por objectivos, por cá, os que eventualmente os podem merecer, estão em “maus lençóis” atacados por uma esquerda que acha que os ricos têm a culpa de tudo e pela austeridade que se vive e faz com que hajam cortes ou simplesmente suspensões de algumas remunerações.

O Guilherme, com paleio galanteador, precisa que lhe ensinem que não são os jogadores da selecção que têm a possibilidade de mudar a opinião que o mundo tem de nós. Isso – tendo em conta os anos de desvarios das contas públicas e da vivência acima das reais possibilidades de quase todo um povo, meu caro Guilherme, está a acontecer. Saiba o menino que está a conseguir-se com muito sacrifício, suor e lágrimas de milhares e milhares de famílias a atravessarem enormes dificuldades. Está a ser alcançado com um enorme esforço para endireitar as contas públicas e privadas à custa de uma enorme abnegação e coragem. Está a ser alcançado com reformas e mudanças de paradigmas que são “dolorosos” mas necessários e têm demonstrado uma enorme capacidade de resiliência para recuperar das adversidades.

O Guilherme precisa de saber que, seja quais forem os resultados que a nossa Selecção de Futebol alcance, a nossa História de nove séculos nunca será deitada para o lixo; e, apesar de muitos quererem reciclar alguns dos seus períodos, a nossa História não será nunca uma história da carochinha.

Realmente, Guilherme, não temos nada a provar e, sim, concordo, temos um futuro para defender. Esse futuro não acaba nem se esfuma nos pés dos jogadores da Selecção. Ele é defendido todos os dias, por medicos, advogados e politicos (mencionados no início da carta) mas, também, por trolhas, polícias, pedreiros, carpinteiros, sem-abrigo, desempregados, militares, escriturários, contabilistas, reformados, donas de casa, artistas, estudantes, emigrantes, pescadores, telefonistas, operários, enfermeiros, arquitectos, engenheiros, empregados de balcão, cozinheiros, ….. , …

Estamos todos em jogo! Diz o Guilherme: “Somos onze por todos e todos por onze.” Discordo. Não há cá onze, nem doze, nem cem, nem mil. Somos 10.581.533 e todos somos chamados a SER Portugal onde quer que nos encontramos a espalhar os nossos dons e talentos, com responsabilidade, e sem esquecer a moral e a ética. Essa é a marca que deixamos. Essa é a nossa “obrigação” enquanto cidadãos. Claro que vibramos com os feitos da Selecção mas o Guilherme perdeu uma oportunidade soberana de terminar em beleza a carta mais demagógica escrita por uma criança grande. Que bem que a carta ficaria terminada se a seguir ao lema: “Somos onze por todos e todos por onze”, o Guilherme se tivesse lembrado de sugerir que os “onze por todos” doassem parte dos seus prémios para ajudar tantos e tantos do povo que é o deles e está a passar por circunstâncias tão críticas.

Será que a Galp não quererá dar a hipótese a uma Guilhermina qualquer de fazer uma carta enaltecendo o povo português que, a despeito de algumas manipulações e tentativas de perturbações e desordens, se tem sabido manter ao leme dos seus destinos e sendo um exemplo para os seus pares na Europa e no Mundo? Vá lá, ó Galp, até que o povo merece assim uma onda publicitária que lhe mantenha a auto-estima em níveis resilientes para o combate e vitória sobre as adversidades!

Um exemplo a não seguir
Jun 4th, 2012 by M.J. Ferreira

“…e convidamos para você ir ver um jogo.” Nem com todo o dinheiro que ganha e os luxos que ostenta, Cristiano Ronaldo tem instrução, polidez e a cortesia q.b. para falar educadamente com o Presidente da República. Que triste exemplo do Capitão da Selecção. Que este seja um exemplo sem exemplo.

13641473 (para ver o vídeo carregue nos números atrás)

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