Amor não é se envolver com a pessoa perfeita, aquela dos nossos sonhos. Não existem príncipes nem princesas. Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos. O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser. (autor desconhecido)
Pé ante pé… devagarinho… baloiçando… equilibrando-se… sorrindo… pé ante pé… um… dois… três passinhos… e a criança arrisca andar. Os braços do pai para segurar, a emoção da mãe que aplaude contente. Um abraço a três. Uma família serena… feliz… firme no amor que os une.
”A amizade é um amor que nunca morre.” Mário Quintana
“Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo.” (Pitágoras)
Diz o povo, quando alguma coisa está muito “enrascada” e com difícil resolução, “mas que grande 31”. O povo costuma ter razão mas, o “grande 31” a que me refiro, não tem nada de “enrascado” e a sua “resolução” acontece dia a dia; e, não é mais difícil, nem mais fácil que outras situações.
Sendo assim, perguntam-me vocês: “mas que 31 é esse?”. Claro que eu podia continuar com rodeios e dar-vos pistas até adivinharem. Mas não vou fazer nada disso. Digo-vos, antes, que hoje celebro o 31º aniversário de casamento e, não tenho qualquer dúvida, em afirmar “mas que grande 31”!!!
A cada dia que passa vamos lentamente envelhecendo e um sorriso acompanha os nossos dias debaixo da benção tão graciosa e divina que acarinha e acalenta cada um de nós.
Olhando para trás, não podemos deixar de reparar na família bonita que fomos construindo e vendo crescer. Primeiro, com um casal de crianças que cresceram e hoje são adultos responsáveis, trabalhadores e honestos. Depois, com um genro de que nos orgulhamos como se de um filho se tratasse. E, mais recentemente, com uma neta que nos deixa babados e nos enche de uma vaidade sadia e esperança.
Olhando para a frente, não podemos deixar de defender a família como a base de uma sociedade por quem vale a pena lutar. Olhando para a frente, não podemos deixar de “investir” na família, continuando a dar exemplos e conselhos, ajudando com a experiência e a presença, sendo cidadãos que dizem NÃO a todas as vilanezas, compadrios, imoralidades, subornos, seduções e… que, infelizmente, fazem parte do país em que vivemos.
Mas que grande 31! Em nome do passado que já temos e do presente que nos acolhe, temos à nossa frente um futuro que faremos a dois, de mão dada, lado a lado, pela mesma “estrada”, seguros do nosso amor e da ternura que os olhos não escondem quando as vozes se calam e apenas os olhares se cruzam.
Há pouco no Noticiário de um canal generalista ouvi uma notícia que dava conta de um jovem que foi detido porque não pagou a multa a que foi condenado por ter feito um “grafiti” dedicado à namorada na parede da escola. Parece que, na altura, o rapaz que para a execução da “obra de arte” tinha sido ajudado por amigos, limpou o que tinha sujo. Ao que parece, o rapaz não terá pago a multa por ter considerado injusto ser o único a ser penalizado.
Há situações deveras interessantes no que se trata de Justiça portuguesa. Todos os dias lemos sobre diversos crimes mais ou menos graves em que os suspeitos são levados a Tribunal e postos em liberdade. Acontece, e não erro muito se disser frequentemente, que estes meliantes libertados pelo Juiz voltam à sua vidinha e continuam a sua azáfama criminosa, sendo detidos novamente e… novamente presentes a Tribunal. Entretanto, neste tipo de acontecimentos quem fica prejudicado são as vítimas que se sentem duplamente lesadas, é a PSP ou a GNR que são achincalhadas com o sistema penal, somos todos em geral que suportamos com os nossos impostos o regabofe instalado no nosso país.
Sinceramente, faz-me confusão que o jovem pintor de declarações amorosas seja encarcerado e verdadeiros criminosos sejam deixados ao deus dará para continuarem a exercer a sua “arte”. Faz-me mesmo muita confusão!
Não que eu ache que a Lei não seja de aplicar no caso do jovem enamorado. Claro que deve. Mas este é um caso, entre muitos, que alerta para o quanto o nosso sistema penal está mal elaborado para a realidade que vivemos diariamente. Começam a ser frequente, não só casos flagrantes de fintas ao sistema como, por outro lado, de atropelamentos trágicos pelo sistema vigente. Faz-me confusão.
Enfim, a realidade é nua e crua. Um grafiti de amor resultou em prisão para um jovem de Peniche, Como isto já se passou há algum tempo, a parede está limpa, desculpas foram apresentadas, o jovem está mais velho, não se sabe qual foi a reacção da moçoila a tudo que indirectamente inspirou e nem se sabe se o amor foi correspondido, ou se, com tão graves consequências, a relação não passou de amor a ódio…
Ódio tenho eu à enorme borrada com que as pessoas importantes estão a grafitar este país. Não limpam, não admitem erros, não se desculpam nem se explicam e quem paga… quem paga somos nós; eu, tu, você, todos os que pagam impostos atrás de impostos e mais impostos. Faz-me confusão, pronto.
Não sei se o relato é verdadeiro ou não. Pouco importa. Sei que tenho de o partilhar. É reconfortante, restaura forças e confiança, devolve-nos esperança, enche-nos de amor, Chegou-me em mail, identificado como um artigo de um médico oncologista, de nome Rogério Brandão. Escreve assim:
Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de actuação profissional (…) posso afirmar que cresci e me modifiquei com os dramas vividos pelos meus pacientes. Não conhecemos a nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além.
Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei os meus primeiros passos como profissional… Comecei a frequentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a acobardar-me ao ver o sofrimento das crianças.
Até ao dia em que um anjo passou por mim! O meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de químicos e radioterapias. Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-o chorar muitas vezes; também vi o medo em seus olhos; porém, isso é humano!
Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem sentir uma profunda emoção.
— Tio, — disse-me ela — às vezes a minha mãe sai do quarto para chorar escondida nos corredores… Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!
Indaguei:— E o que é que a morte representa para você, minha querida?— Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama dos nossos pais e, no outro dia, acordamos na nossa própria cama, não é? (Lembrei-me das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos; com elas, eu procedia exatamente assim.)— É isso mesmo, respondi. — Um dia eu vou dormir e o meu Pai do Céu vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, e vou estar feliz também!
Fiquei “entupigaitado”, não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade que o sofrimento acelerou e a visão e a espiritualidade daquela criança.— E, quando isso, acontecer, a minha mãe vai ficar com saudades — rematou ela.
Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei:— E o que é que a saudade significa para você, minha querida?— Saudade é o amor que fica! Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais directa e simples para a palavra saudade: saudade é o amor que fica!
Acabei há momentos mais umas horas comigo própria, divertindo-me a reconstruir a “minha aldeia”. Tem sido um trabalho árduo, de precisão como diz a minha mãe, que há muito não conseguia materializar. Às vezes não lidamos com as coisas à nossa volta da melhor forma e o resultado acaba sempre por nos apanhar numa encruzilhada que nos deixa sem direcção certa, abananados com o lixo que as nossas cabeças pode comportar. A minha cabeça não se dá com lixo. Já se deu no século passado com aqueles floquitos branquinhos a que damos o nome de caspa. Também, no tempo que os filhos andavam na escola, no outro milénio, já se deu com piolhinhos; mas, agora, para além das têmporas onde aparecem uns grisalhos que os champôs do supermercado vão escondendo só mesmo a queda de alguns cabelinhos faz parte do normal quotidiano. Mas é claro que perceberam que o lixo que as nossas cabeças comporta não tem muito a ver com o aspecto exterior das nossas cabeleiras mas, antes, com o interior onde se encontram sonhos, projectos, ideias, controles cá do “je”, emoções, sentidos e… tanta coisa mais que, por vezes, basta uma “corrente de ar” e fica tudo amontoado, de pernas para o ar. Enfim, voltemos ao início. Dizia eu, porque tenho a cabeça bem varrida e sem qualquer tipo de lixo ( 🙂 ) que encontrei novamente o espaço para passar tempo comigo. E eu tenho aproveitado para me mimar que é como quem diz, tenho dado asas à criatividade. Quando termino as horas passadas comigo, os dedos estão de todas as cores, o avental de trabalho cheio de pó dos mais diversos materiais e muitas vezes nem escapam as bochechas como aconteceu hoje que ostentavam um enorme pingo de tinta branca. Faz falta na vida de todos nós arranjarmos um tempinho só para nós. A nossa mente pode brincar ou relaxar em liberdade, e as preocupações podem ser vistas e trabalhadas com mais prudência, saber, justiça, e razão. Um tempo para nós não significa qualquer ponta de egoísmo ou egocentrismo. Antes pelo contrário, prepara-nos para os desafios de cada dia com entusiasmo, positivismo, alegria, confiança. É, muitas vezes, nestes momentos, que cada um pode utilizar da forma que lhe é mais conveniente, que levamos “injecções” de sabedoria, tolerância, perdão, esperança, bom senso, … … Vale a pena arranjarmos tempo no tempo para dedicarmos a perceber o que somos, porque somos, onde vamos, onde queremos ir. O nosso tempo para estarmos connosco é uma verdadeira aventura no tempo e podemos chegar ao fim do dia com um sorriso de contentamento que pode e deve contagiar os que estão connosco. A regra de ouro diz: faz aos outros o que queres que te façam a ti. Se eu quero tempo para mim (e sei que preciso desse tempo), também devo dar tempo aos outros para si próprios (de certeza precisam tanto como eu) e aproveitar muito melhor o tempo em que estamos juntos. No fim, tudo se resume numa palavra e num acto: ama o próximo como a ti mesmo. E pronto, perdi-me no tempo da escrita mas ainda vou a tempo de fazer o jantar e arranjar mais uma migalha de tempo neste tempo que resta antes de desligar para vos dizer: Até amanhã.