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Reagir e continuar a avançar
Jul 15th, 2010 by M.J. Ferreira

Não é verdade que possamos eliminar da vida as grandes contrariedades, as decisões custosas, a doença, o esforço quase insuportável, a dor física e moral, a morte. Seremos felizes com eles ou não seremos felizes nunca. A vida é de tal maneira que o homem deve erguer-se nela como o castelo. Deve ser construído, pedra a pedra, de forma a permanecer no seu lugar quando sopram ventos inesperadamente fortes; de forma a cumprir aquilo que dele se espera, aquilo a que se comprometeu, aquilo que o torna feliz.” (Paulo Geraldo)

Hoje e amanhã são, outra vez, dias de despedida. De despedida de uma prima do meu pai que faleceu hoje de madrugada. As coisas que a gente se lembra. Recordo que a única mordidela que sofri de um cão foi na casa desta prima, era eu uma gaiata, e o cão, um daqueles caniches com pelo encaracolado. Desde esse dia, não lhes acho graça nenhuma (aos caniches, bem entendido).
Mas estes dias são, igualmente, dias de família. Onde vejo primos e primas de mais ao menos a minha idade e os filhos e filhas destes primos que eu nem conheço, alguns deles já com filhos e filhas também. Gerações que partilham identidade, o mesmo nome, ligeiras parecenças.
Ultimamente, tem sido um tempo de olhar a morte na família. Pensar nela. Mas isso é um exercício pedagógico. Devemos pensar na morte. Não só pensar, mas analisá-la. Não como se analisa um inimigo, para ver se o podemos derrotar, mas como quem olha para dentro de si próprio com o objectivo de melhor se conhecer.
Diante da morte, só há que ser sereno. Porque a morte não é o fim, mas o princípio. Quando morremos, partimos fisicamente e deixamos atrás de nós tudo o que possuímos, levando connosco tudo o que somos.
A morte é apenas uma mudança na vida. Uma chegada e não uma partida. Esse é o fervor de todo o cristão que sabe que a vida muda mas não acaba. Morrer não é mais que viver a eternidade futura.
Por isso, face a qualquer morte é preciso reagir e continuar a avançar. Porque as estrelas continuam a brilhar, as flores a despontar, os pássaros a chilrear, as crianças a nascer.

Não é verdade que possamos eliminar da vida as grandes contrariedades, as decisões custosas, a doença, o esforço quase insuportável, a dor física e moral, a morte. Seremos felizes com eles ou não seremos felizes nunca. A vida é de tal maneira que o homem deve erguer-se nela como o castelo. Deve ser construído, pedra a pedra, de forma a permanecer no seu lugar quando sopram ventos inesperadamente fortes; de forma a cumprir aquilo que dele se espera, aquilo a que se comprometeu, aquilo que o torna feliz.” (Paulo Geraldo)

Seremos felizes com essas coisas.

# 58
Jul 6th, 2010 by M.J. Ferreira

“Tenho irmãos, pai, mas não tenho mãe. Quem não tem mãe, não tem família.”
Platão (427-347 a.C.)

Um bom feriado
Jun 9th, 2010 by M.J. Ferreira

Amanhã é feriado. Repouse. Passe tempo em família.
Desligue o computador. Há mais vida para além do ciberespaço.

A família está maior
Jun 7th, 2010 by M.J. Ferreira

Estes dias com feriados pelo meio das semanas são muito estranhos. Parece sábado quando é quinta feira; mas a sexta não é domingo porque não houve “ponte” e houve trabalho para fazer. Só que a seguir vem o sábado e o domingo a sério e a segunda feira não sabe nada bem. Confuso? Um pouco, se calhar. Mas esta semana temos mais do mesmo. Quinta é feriado, não se trabalha… vai parecer mas não é sábado e depois vem a sexta, outra vez sem “ponte” que, por isso, não se parece com domingo que só vem dois dias depois.

Acho que estou a ficar “xexé” com este corrupio de dias “normais” e feriados pelo meio; mas… Será que podia viver sem tantos feriados? Lá poder podia, mas não era a mesma coisa. 🙂

E tanto que não era a mesma coisa que a família aumentou durante a semana passada. Não! Não se trata de nenhuma barriguinha a crescer. A família aumentou mas foi a meter água e assobios. Confuso? Eu explico.

A “meter água” porque nos ofereceram um aquário de água salgada com três peixinhos, três camarões, quatro anémonas, não sei quantos búzios e mais uns seres vivos parecidos com borracha… Tive a primeira experiência a alimentar anémonas com peixe cru. Elas são tão pequenas e conseguem “engolir” um pedaço de filete quase do tamanho delas!

“Assobios”, porque no feriado veio um casal de roselas que não se cala um segundo!!! Vamos lá ver se lhes consigo ensinar uns assobios mais afinados. Eu bem tento. Até porque a fêmea quando faz “piu piu” parece o som de um camião a fazer marcha atrás…

E pronto. A família está maior e cá estamos todos juntos e felizes na nossa casinha (pelo menos até ser um novo amanhecer e as roselas se armarem em despertador…). Lá dizia o Léon Tolstoi, que “a verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.”

Ainda tomaremos um café
Apr 29th, 2010 by M.J. Ferreira

As redes sociais mudaram um pouco o conceito de estar com os amigos. Eu digo “mudaram” porque não quero pensar que possam ter substituído. Eu explico melhor.

Com as redes sociais, temos uma facilidade quase imediata de contactarmos os amigos, sejam eles novos, ou velhos amigos. Na verdade, muita gente encontra neste meio de comunicação amigos de que não sabia há anos. Nesse sentido mudaram alguma coisa.

Com apenas um clic adicionamos à nossa lista pessoas que passaram pela nossa vida em determinado tempo e local mas, da mesma forma, podemos adicionar outras que nunca vimos, mas que, de alguma maneira, se identificaram connosco, quando por acaso se cruzaram nalgum comentário deste emaranhado digital de amigos e amigos dos nossos amigos.

No entanto, o conceito de estar com amigos não pode reduzir-se às comunicações online. Embora satisfaçam alguma comunicação, não preenchem a necessidade do abraço quente que nos limpa as lágrimas ou do som das gargalhadas quando algo nos diverte. Não ocupam o prazer do beijo que acaricia ou da palmadinha nas costas que dá o incentivo que às vezes nos falta. Não demonstram o olhar cúmplice, o sorriso condescendente, a linguagem bela dos gestos que denunciam cumplicidades. E isso, não só não pode ser substituído, como é parte integrante e inigualável do nosso crescimento e amadurecimento enquanto pessoas.

Para alem dos amigos que encontramos diariamente nos muitos clics que damos, precisamos de amigos que se sentam connosco, que nos olham nos olhos e com quem partilhamos aquilo que nos vem à cabeça.

Eu temo que se eliminarmos esta parte das nossas vidas, possamos rapidamente tornar-nos pessoas mecanizadas, sem qualquer expressão física que saiba exteriorizar o que vai no coração. Eu temo, que isso se alargue à família e não há família que resista sem diálogo, sem uma comunicação eficaz. Não é futurista a imagem de uma família nos nossos dias que, mesmo estando a habitar a mesma casa, vive “separada” por refeições cheias de TV, tempos livres de cada um para seu lado, sem tempo de uns para os outros e o amor compensado em bens materiais.

É por isso que hoje vos quero contar a velhinha história, que já passou por mim em várias versões, do professor que, diante da sua classe de filosofia, sem dizer uma só palavra, pegou num pote de vidro, grande e vazio, e começou a enchê-lo com bolas de golfe.

Em seguida, perguntou aos seus alunos se o frasco estava cheio e, imediatamente, todos disseram que sim. O professor pegou então, numa caixa de berlindes e esvaziou-a dentro do pote. Os berlindes encheram todos os espaços vazios entre as bolas de golfe.

O professor voltou a perguntar se o frasco estava cheio e voltou a ouvir dos seus alunos que sim. Em seguida, pegou numa caixa de areia e despejou-a dentro do pote. A areia preencheu os espaços vazios que ainda restavam e, como tinha feito anteriormente, ele perguntou novamente aos alunos, que responderam que o pote agora, sim, estava cheio.

O professor pegou num copo cheio de café e, com cuidado, derramou o líquido no pote humedecendo a areia. Os estudantes riram da situação. Foi quando o professor falou:

“Quero que entendam que o pote de vidro representa as nossas vidas. As bolas de golfe são as coisas mais importantes, como Deus, a família e os amigos. São as coisas com as quais as nossas vidas estariam cheias e repletas de felicidade. Os berlindes são as outras coisas que importam: o trabalho, a casa bonita, o carro novo, etc. A areia representa todas as pequeninas coisas que vamos acrescentando à nossa vida . Agora, reparem: se tivéssemos colocado a areia em primeiro lugar no frasco, não haveria espaço para as bolas de golfe e para os berlindes”.

O professor continuou: “O mesmo acontece nas nossas vidas. Se gastamos todo o nosso tempo e energia com as pequenas coisas nunca teremos lugar para as coisas realmente importantes. Prestem atenção nas coisas que são primordiais para a vossa felicidade. Brinquem com os vossos filhos, saiam para se divertirem com a família e com os amigos, dediquem um pouco de tempo a vocês mesmos, busquem a Deus, busquem o conhecimento, estudem, pratiquem o vosso desporto favorito… Sempre haverá tempo para as outras coisas, mas ocupem-se das bolas de golfe em primeiro lugar. O resto é apenas areia.”

Um aluno levantou-se e perguntou o que representava o café. O professor respondeu:

“Que bom que me fizeste essa pergunta, pois o café serve apenas para demonstrar que não importa quão ocupada esteja a nossa vida, haverá sempre lugar para tomar um café com um grande amigo”

Já tomou café hoje? Então um dia destes ainda tomaremos um café. Está combinado!

Os amigos verdadeiros são aqueles que vêm compartilhar a nossa felicidade quando os chamamos, e a nossa desgraça sem serem chamados.
(Demetrio de Falera)

Prioridade de Ano Novo
Jan 7th, 2010 by M.J. Ferreira

O Ano Novo é habitualmente um tempo de propósitos e prioridades. Conheço quem tenha uma lista para, durante as badaladas e a ingerência das passas, a passar no “écran” da visão e, dessa forma, assim como que “assinar” um contrato consigo próprio no sentido de a concretizar ao longo do ano. Também há quem faça uma listinha a que vai acrescentando notas e rabiscos ao longo do ano de forma a ter uma ideia do que está a ser conseguido e o que é preciso para o resto. Também há quem simplesmente diga um ou dois desejos para o Ano Novo. Até há quem, não pronunciando os desejos em voz alta, suba numa cadeira com as passas e uma nota(dinheiro) na mão, de forma a que o Ano Novo seja próspero.

Habitualmente na euforia da contagem decrescente eu penso apenas num versículo bíblico do segundo livro de Samuel 7:12c: “até aqui nos ajudou o Senhor”. O que ficou para trás e aquilo que há-de vir abraçam-se ao presente com a gratidão e a confiança que significa estar nas mãos de Deus.

Claro que também tenho propósitos e prioridades. Uma delas continua a ser a família.  Já não tenho crianças de colo, os netos ainda não estão encomendados mas, mesmo assim, o bem precioso que é a família é uma prioridade que mantenho e me esforço por cuidar. Acredito que a família deve ser tratada com o amor dispensado de forma desinteressada, com a ternura e a doçura que pululam nos gestos do quotidiano, com o perfume dos sorrisos, a fascinação das promessas e a canção das lágrimas que tantas vezes transbordam cálidas, misteriosas, de sabor a sal.

Ao começarmos o Novo Ano, e agora de uma forma generalizada, penso que é tempo de Portugal enfrentar o facto de que a moderna estrutura familiar está em crise. Com as pressões de ambos os cônjuges trabalharem e terem carreiras que precisam desenvolver acontece frequentemente que a chama um dia desperta perde o seu fôlego e não está ninguém disponível para a reatar. O problema agrava-se quando há crianças e o tempo que até aí se deparava insuficiente, agrava-se substancialmente.

As crianças, e porque nem todas têm a possibilidade de, nesta altura, serem acarinhadas e tratadas pelos avós que, para além de fazerem parte da família compartilham com esta o sobrenome, já herdado dos ascendentes directos,  sendo parte dos laços que unem todos os membros, são capazes de os manter moralmente, materialmente e reciprocamente, não só durante uma vida, como durante as gerações. Os avós, penso,  são peças fundamentais para a ajuda do casal, uma vez que têm em si próprios as histórias da família, os costumes que se repetem vez após vez e que, com a disponibilidade e a paciência digna de Jó, passam a uma nova geração.

Sem a possibilidade dos avós, as crianças acabam por serem distribuídas por berçários, creches, amas, etc. Não estou a dizer que não haja competência nestes locais; apenas tenho pena que uma criança de meses tenha que ser submetida a horários de pessoas crescidas, onde acaba educada por professores, educadores ou, simplesmente, pessoas bem intencionadas que querem ganhar um dinheirinho extra. Tenho pena que se perca nos primeiros anos da infância a cumplicidade natural que existe no tronco familiar.

Pessoalmente tive a sorte de as minhas crianças passarem os primeiros anos com os avós. Quando foram para o jardim infantil ou para a escola já levavam consigo uma “bagagem” de valores, usos e costumes que apesar de necessitarem amadurecimento estavam plantados e cuidados. Acredito que é à família que compete em primeiro lugar a educação e, para além disso, é o meio privilegiado da evolução social e da socialização das crianças, sendo a escola um seguimento natural de tudo isso que aumenta e desenvolve, eu defendo em conjunto com os pais,  conhecimentos, agilidades, habilidades, etc., tudo isso necessário a um crescimento harmonioso dentro da enorme diversidade que nos caracteriza como sociedade.

Tudo piora se a família acaba por cair nas malhas pesadas do desemprego, se a família é problemática, se a família não tem condições nem estrutura para ser família.

Face à conjuntura que vivemos penso que a família tem que ser consagrada como a instituição social básica, que serve de modelo e base para todas as outras. Não duvido que, se a primeira de todas as instituições que é a família está em crise, então todas as outras instituições, seja em que esfera forem da nossa sociedade estarão em crise. Não é preciso pensar muito para apontar dezenas e dezenas de instituições arruinadas, debaixo da suspeita de corrupção, em crise.

São necessárias políticas não “de família” mas “para” a família. Mas, apesar de isso ser praticamente uma obrigação de um Estado responsável e amigo das famílias, não podemos esquecer os deveres e responsabilidades que isso acarreta para nós. Se temos uma família não a podemos descurar. Precisamos entender que tal como temos tempo para o cafezinho, que temos tempo para o telemóvel, para as redes sociais da internet, para as novelas ou séries televisivas, então temos que ter igualmente tempo para a família.

Nos dias de hoje, um dos tempos e locais privilegiados para começar esta “transformação” necessária para dar à família o seu lugar é a reunião à volta da mesa das refeições. Isso implica não só maneiras no estar à mesa como, igualmente, “saber” conversar, partilhar as vivências do dia, enfim viver intensamente a intimidade, a unidade e a cumplicidade da comunidade família. AH! Já me esquecia: implica desligar o televisor à hora das refeições!

E agora vou cuidar da família que é tempo de preparar o jantar. Até amanhã.

Ser a diferença
Dec 28th, 2009 by M.J. Ferreira

Hoje de manhã nas habituais voltas de todos os dias, uma pessoa que conheço há muito tempo desejou-me, antes que não me visse mais durante esta semana, um bom ano. Palavra puxa palavra e o significado do seu desejo comportava apenas 363 dias porque ela não incluía a véspera e o dia de Natal. Esses dois dias eram, para ela, “sempre bons”.

No entanto, estes “sempre bons” não tinha um significado muito positivo. Estavam ligados a sentimentos que a levavam a considerar as pessoas hipócritas. Naqueles dois dias era tudo “bonzinho”, tudo cheio de “delicodoces” para depois, nos restantes dias do ano, se detestarem, não comunicarem entre si e se ignorarem.

Dei-lhe a minha perspectiva pessoal e desafiei-a a fazer a diferença. Não houve nada que a demovesse em relação à sua experiência pessoal frustrada em relação à família e ao seu significado. Nem o facto de ser mãe e poder ser um exemplo que alterasse a distância entre os valores que julga salutares e os que goram as suas expectativas e que vive diariamente a demoveram a agir proactivamente.

Uma família é um corpo composto por vários membros. Quando alguma coisa está mal num dos membros, o corpo vai ressentir-se e acaba por “adoecer”. Algo, em si, deteriora-se e necessita ser combatido rapidamente. Numa sociedade secular semelhante àquela em que vivemos, inseridos num contexto citadino, onde a pressão é enorme e a “luta” por um “lugar ao sol” – no emprego, nos transportes, nas contas por pagar, etc. – levam a um egoísmo desenfreado e a um exacerbado egocentrismo. Nessa peleja, o esforço dispensado acaba por fazer oposição às reais capacidades de cada um e permite valorizar aspectos perniciosos nos campos relacionais, emocionais e, até espirituais.

Muitas vezes é aplicada a técnica do “penso rápido” e ultrapassa-se sem grandes delongas as “coisinhas” que acontecem. A verdade é que não se supera coisa nenhuma e ficam por identificar e transpor os obstáculos. Antes, começa-se a amontoar uma série de outras “coisinhas” que se transforma num enorme “monte de lixo” e “ruídos” que toldam uma visão apropriada do que precisamos ter em conta e diminui drasticamente a auto-estima levando, muitas vezes, a situações de enorme tristeza e depressão. Uma fossa enorme é o resultado e, se não convenientemente preenchida, aborta o anseio por sermos a diferença num mundo que não compreendemos e, em muitas coisas, abominamos. Se a família é um corpo, para resolver as maleitas deste é preciso que todos os membros comuniquem honestamente entre si. É preciso que todos os membros sejam cúmplices no sentido do corpo crescer, amadurecer e ser um exemplo saudável que, mesmo face às dificuldades que sempre acontecem, não se deixa vencer pela apatia do silêncio, da culpa e da falta de tempo.

Deixou-me incomodada este encontro hoje de manhã. Como esta pessoa, quantas já não terão perdido a vontade de fazer a diferença, de semear no seio da sua própria família “sementes” que se possam desenvolver com os valores que da boca para fora ainda sussurram (esta pessoa diz-se cristã). Como esta pessoa, quantas não haverá vencidas pelo peso da própria impotência, o que as torna débeis demais para gritarem “não” àquilo que as rodeia. Como esta pessoa, quantas não haverá que já perderam a esperança e se encontram incapazes de perceber que os sonhos não são apenas castelos no ar; antes, estão ao alcance do nosso investimento, do nosso querer, das nossas capacidades enquanto pessoas inseridas numa família, numa comunidade.

Sendo esta pessoa uma pessoa que se diz cristã apelei igualmente ao seu sentido religioso mas até este se encontra bastante danificado face ao caos a que a sua existência chegou. São estas pessoas que diariamente se cruzam connosco que nos fazem exercitar o verbo “amar”. E tão mal tratado é este verbo entre nós. Muitas vezes. até com aqueles que nos são mais queridos, o trocamos pelo simples “gosto de ti”.

Muitas vezes, nas voltas e voltinhas que damos em cada dia, temos ao nosso alcance a possibilidade de sermos diferentes. Temos a possibilidade de amar, de estendermos a mão, de darmos um abraço. Essencialmente, temos a oportunidade de plantarmos sementes de ternura, de carinho, de solidariedade , afecto e bem-querer. Nem sempre estas sementes parecem ficar em terra firme. Não nos cabe a nós perceber que tipo de terra vão encontrar. Simplesmente, não podemos deixar de fazer a diferença, nem podemos deixar que a inactividade e o marasmo com que deparamos nos impeça de SER, de PERTENCER, de VIVER, de PARTILHAR e de AMAR.

Quando eu era criança…
Dec 8th, 2009 by M.J. Ferreira

Quando eu era criança, o dia 8 de Dezembro era o Dia da Mãe. Num país de grande tradição católica, o feriado religioso que se celebrava neste dia honrando a mãe de Jesus era, igualmente, aproveitado para se honrarem todas as mães.

Então, a Família, a Pátria e Deus eram, a par dos “3 éfes” – fado, futebol e Fátima, valores intocáveis no Estado de então.

Quando nasci, celebrei este primeiro Dia da Mãe com apenas dois dias. A minha gestação tinha sido difícil e exigiu grandes sacrifícios à minha mãe e, igualmente, ao meu pai. Contudo, o desejo de terem um filho era mais forte que todas as dificuldades que  tinham enfrentado, a morte da primogénita com 6 anos. Foi com uma vontade de ferro, e uma confiança absoluta nos dias da alegria que viriam, que se submeteram a todos os sacrifícios.

Ao pequeno almoço recordei o passado e lembrei-me do primeiro presentinho que então colocaram na minha mãozinha pequenina para ofertar a minha mãe, Era uma bolsinha com chocolates dentro que imitavam libras de ouro.  Hoje reconheço que não podia ser um presente mais a propósito. As libras simbolizavam o pequeno tesouro  que eu representava e lhes tinha sido dado, o chocolate a alegria e as doçuras da maternidade e, a malinha, o lar onde tudo se conjuga para que tudo isto não fique esquecido e perdure para todo o sempre, agora com os meus filhos… depois, com os meus netos…

Os filhos são um tesouro, A família é a melhor coisa,  o pilar de toda a sociedade.

malinha de moedas chocolate

malinha com as moedas de chocolate que a minha
mãe me deu há alguns anos atrás e que guardo com
muito cuidado.

Que maravilha…
Dec 7th, 2009 by M.J. Ferreira

Que maravilha é ter 50 anos. Completei-os ontem.

Foi excelente a data coincidir com um Domingo e, desta forma, poder reunir, sem os constrangimentos habituais dos dias de semana, a família mais chegada e os amigos de todas, e para todas as ocasiões. Faltaram alguns, é certo; outros, já não estão entre nós. Contudo, a festa da alegria e da celebração da vida faz-se com os presentes e os ausentes que temos no coração.

A harmonia, a serenidade, o amor fraterno, a sensação de pertencer a um todo que se ama, ultrapassa os nossos mais ínfimos desejos,  deixando-nos cheios de uma satisfação indescrítivel, fazendo extravasar o vaso da nossa felicidade que partilhamos e recebemos em cada olhar, em cada sorriso, em cada lágrima no canto do olho, na saudade,  no abraço e no beijo.

Recebi imensos presentes que não quero distinguir. Todos me tocaram de forma especial. Sem excepção, mostraram-me que a família e os amigos se preocuparam em escolher, não um simples embrulho, mas ofertas com que me relaciono, que me são úteis e que sabiam que eu ia gostar.

Que grande dádiva nos tempos que correm poder testemunhar, 50 anos depois de ter nascido, o prazer de ser membro de uma família extraordinária e ter à minha volta amigos excepcionais.

No final, um primo fez o brinde. Um brinde ao amor. O amor é o que me faz dizer e escrever o que sente o coração: 

Dou graças a Deus por tantas e tão boas recordações. Obrigado do fundo do coração.
Maridão, meu amor, és o meu porto de abrigo, o companheiro fiel de uma vida.
Filho, Filha  e Genro, vocês são os melhores filhos do mundo inteiro e arredores. Mamã e sogrinha vos ama.
Mãe, bem sabes que te amo.
Irmã, sister, eu não seria tão feliz se tu não existisses.
Madrinha,  que bondade divina é a sua presença.
Sogra, é muito  importante o seu afecto e amizade.
Cunhados, sobrinhos e sobrinhas, compadre e comadres, restante família e amigos,obrigada por terem ajudado a tornar o dia do meu 50º aniversário ainda mais especial.

Famílias unidas e felizes
Nov 9th, 2009 by M.J. Ferreira

Famílias unidas e felizes

Este sábado fomos convidados para uma festa de anos. Um amigo que celebrava o seu 70º aniversário. Tudo seria igual a tantas outras festas onde não conhecemos muita gente e rimos e sorrimos e no fim voltamos para casa. Nesta festa, em particular, o contexto para mim era exactamente esse. Mas a verdade é que desde a entrada até à saída senti-me como se pertencesse à família. Fui recebida  de forma enternecedora onde os abraços eram sentidos e os sorrisos cúmplices da felicidade que se vivia.
Experimentei a satisfação de uma família numerosa, unida e feliz que apesar de recentes perdas no seu meio se congratulava pela vida, pela harmonia melodiosa do afecto e do bem-querer. Uma família que respirava e emanava a todos os presentes muita humildade,  verdadeiro amor e enorme gratidão. Que bálsamo e que exemplo nos dias que correm.

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