»
S
I
D
E
B
A
R
«
Eu acredito na mudança
Jun 24th, 2011 by M.J. Ferreira

Para que as mudanças aconteçam, dizem, são precisos dois passos: a consciência e a aceitação.

Pensar no que foi esta semana que hoje finda, faz-me acreditar que podemos ter esperança num Portugal diferente daquele que tivemos nos últimos anos. E diferente para melhor.

Embora a minha opinião valha o que vale, eu acredito na mudança. E penso que não estou só.

O primeiro passo para que a mudança fosse possível tem a ver com a consciência de que era necessário mudar. As eleições do passado dia 5 de Junho não deixaram dúvidas. Os portugueses que já não aguentavam o país da falsidade, das ilusões, da falta de oportunidades, da corrupção e compadrios, da insegurança e falta de justiça, da deseducação e da falta de cuidados de saúde votaram e disseram que queriam mudar.

Uma coisa é certa. Não chega dizer que queremos mudar. Se queremos mudar, temos que nos transformar na mudança para que esta possa acontecer. Fica mais fácil quando temos exemplos para seguir e exemplos que venham de cima.

Para o país, o exemplo tem que partir dos seus representantes ao mais alto nível. O Governo é um deles. Mas não podem ficar esquecidos os sindicatos, as associações, organismos, tribunais, procuradoria, autarquias, entidades religiosas, …

Relativamente ao Governo que foi o nosso, muitos foram os erros cometidos que nos devem merecer reflexão e o facto de agora termos um novo governo com caras novas e independentes, com pessoas que não dependem do aparelho para sobreviver é um bom sinal.

Por outro lado, consegue observar-se a cidadania responsável de alguns dos novos ministros que aceitaram as dificuldades que estão inerentes ao governo de Portugal neste momento.

Não espero perfeição absoluta mas trabalho, honestidade e palavra.
Palavra foi também o exemplo que deu Passos Coelho ao honrar a promessa de apresentar Fernando Nobre para Presidente da Assembleia da República. Ele sabia que precisava arcar com as responsabilidades da sua escolha infeliz. E Fernando Nobre provou que o era. Em momento algum ele foi a mudança desejada, tendo, infelizmente, apenas mostrado que a sua vaidade não conhece meios para atingir os fins. O seu horizonte não vai para alem do seu umbigo. O povo percebeu e deu-lhe uma lição : doravante não há arranjinhos pessoais que humilhem a democracia e a liberdade. O Presidente da Assembleia foi eleito sim, mas depois de escolhido no Parlamento. Com elogios vindos de todos os quadrantes políticos, foi eleita, pela primeira vez, uma mulher para segunda figura do Estado.

O segundo passo é a aceitação da mudança. Quanto mais depressa nos convencermos que não podemos ficar agarrados à velha maneira de fazer as coisas melhor.

Vai ser preciso produzir e produzir bem. Vai ser preciso sacrifício, mas desta vez tem que ser um sacrifício que nos vai conduzir a vitórias.

Três palavras chave: união, unidade e comunhão. Vai ser preciso a união de todos. A unidade resultado da soma de todas as partes. A comunhão com os alvos determinados que nos levem por diante para ultrapassar as exigências impostas por um triunvirato estrangeiro por causa da penúria a que chegámos.

A aceitação passa, igualmente, pela adaptação. Vai ser preciso esvaziarmos-nos de preconceitos e ideias pré-concebidas. Vai ser preciso mudarmos para melhor e descobrir rapidamente tudo o que nos pode impedir de o conseguir.

Vamos certamente ser confrontados com muito descontentamento mas vamos ter que aprender a contorná-lo e a superá-lo.

A mudança que precisamos só vai acontecer através da acção. Não vai ser fácil. Vamos encontrar obstáculos, vamos ter medo, vamos desesperar mas a mudança é o futuro à nossa espera.

Não podemos deixar que influencias negativas nos privem da mudança. Andam para aí movimentos de pessoas que se intitulam de geração à rasca que ainda não perceberam que o enrascanço se deve a inércia e temos que nos sedentas ar virando-nos para sectores esquecidos como a agricultura, por exemplo. Outros querem a “democracia verdadeira” e esquecem-se que a democracia não é a vontade de alguns mas da maioria e, neste momento, temos uma maioria estável que o povo elegeu há menos de um mês.

É com esta maioria que temos de descobrir o nosso próprio caminho, deixando algumas vezes para trás os nossos confortos e ultrapassando medos e obstáculos. Temos que nos converter nas mudanças que queremos ver acontecer.

Eu acredito na mudança e acredito que apesar de ser preciso um grande esforço nacional, ele é necessário. Não podemos persistir em erros e com a força da memória e o valor de todos, a esperança de um Portugal melhor não é vã. A mudança não pode deixar de acontecer e a vantagem é que ela pode trazer algo melhor.

Vamos endireitar Portugal! Eu, pessoalmente, acredito na mudança.

20110622-085033.jpg

Não é o que o Estado pode fazer por nós, mas o que nós podemos fazer pelo Estado
Dec 14th, 2009 by M.J. Ferreira

Tenho estado a pensar que hoje não há nada para dizer no blog. Que raio de frase mais errada. Hoje está muito frio e só isso já era suficiente para escrever dezenas de linhas. Porquê? O que me ocorre é simplesmente porque enquanto estou aqui sentada no quentinho, confortável com o fogão de sala aceso, a verdade é que este frio é péssimo para todos aqueles que conhecemos por sem abrigo. Este frio também não é de todo o tempo mais aprazível para as famílias desempregadas, com despesas fixas e filhos a tremer. Podia continuar a divagar nesta mesma linha. Até porque Portugal se presta a este tipo de comentário.

Os números da pobreza em Portugal são preocupantes. Cerca de 20% dos portugueses vivem ou estão em risco de viver em situação de pobreza (com menos de 360 euros mensais). Estas taxas de risco de pobreza registam-se já depois das transferências sociais, como pensões ou subsídios, porque sem estes, a taxa de pobreza em Portugal cobriria 40% da população. Entre os grupos de risco – mais propícios a caírem em situação de pobreza – estão os idosos e as famílias numerosas. O desemprego, salários de miséria e pensões ainda mais miseráveis, colocam estes grupos em situações francamente difíceis.

Na edição deste Sábado, Pacheco Pereira na sua coluna de opinião semanal, escreve a determinado momento: “os portugueses sabem que estão metidos num grande sarilho e que as coisas vão piorar, mas preferem as dificuldades que se manifestam de mansinho, o caminho lento para a mediocridade ou para manter a mediocridade, preferem a velha manha camponesa da sobrevivência com os seus mil e um pequenos truques, aprendidos de geração em geração.
Não acreditam em nenhuma luz ao fundo do túnel, mas habituaram-se ao túnel e preferem estar como estão a arriscar. (…) O problema fundamental do impasse português dos dias de hoje é que, estando a esgotar-se o modelo de viver acima da sua própria riqueza, que aguentou os últimos 30 anos, não há forças para a mudança que se exige contra o seu esgotamento.”

Lendo com atenção esta opinião, há nela um fundo de verdade. Muitos têm vivido de créditos sucessivos, cartões de crédito cujo saldo se esgota rapidamente e se acumula num frenesim de juros que não terminam nunca e ajudam a provocar um descontrole imenso sobre todas as receitas e despesas. Há que mudar. Há que aprender a mudar. Pessoalmente, creio que podemos fazer a diferença se nas dificuldades pudermos ver oportunidades. Em vez de nos darmos por derrotados nas situações difíceis, creio que podemos fazer a diferença se ousarmos despir-nos do comodismo tão português e arriscarmos soluções alternativas. Penso que é de JFK a frase de que não é o que o Estado pode fazer por nós, mas o que nós podemos fazer pelo Estado. Só isso é uma mudança de paradigma radical habituado que está o português a querer que o Estado continue a dar-lhe o que tem e o que não tem.

A mudança tem que começar por nós, nos exemplos que damos e na forma como gerimos o nosso património, seja ele reduzido ou alargado. A mudança exige amiúde investimento e sacrifícios. Exige humildade, perseverança, discernimento e vontade. Exige trabalho e suor.
Depois, devemos aprender a viver com o que temos e não acima das nossas possibilidades. Mas, olhando ao nosso redor, há que ser solidário com aqueles que neste momento se encontram desfavorecidos. Aprendendo a partilhar, sem arrogância, humildemente; não só o prato de sopa que pode aquecer um estômago vazio, como a camisola que não se veste e pode fazer sorrir o rosto mais vincado. Também pode ser útil conhecer o local ou locais onde ajuda pode ser proporcionada.
Hoje está mesmo muito frio. Vou, assim que terminar de escrever pesquisar que organizações ou paróquias estão aqui, perto de mim, a providenciar cuidados e a proporcionar, por ex. “educação/formação” em termos de gerência de orçamentos familiares. Vou, assim que terminar de escrever, descobrir o que posso fazer para contribuir para a mudança.
Hoje está muito frio mas pensar em agir obriga a sair do quentinho e fazer o que me compete.

»  Substance: WordPress   »  Style: Ahren Ahimsa