Amanhã é feriado. Um dos que mais me marcava na minha infância ou não fosse o dia em que se homenageavam centenas de homens que tinham perdido a vida ou ficado gravemente feridos na guerra que mantínhamos em África.
Dia 10 de Junho era o Dia da Raça, o Dia de Portugal e tudo nele exultava ao orgulho na Pátria.
Apesar da minha pouca idade, emocionavam-me os desfiles militares, a entrega de medalhas aos familiares – muitos filhos, crianças mais jovens que eu – toda a pompa e circunstância que os heróis que não o escolheram ser mereciam naquele dia.
Recordo sempre também o ultimo sarau de ginástica infantil organizado pela Mocidade Portuguesa e com a presença de muitos estabelecimentos de ensino que ocorreu no Estádio Nacional em 1973 e de que fiz parte.
Amanhã é feriado. Por conotações negativas com o passado, a Raça deixou de existir e fala-se mais em Camões e nas Comunidades Portuguesas. Pessoalmente, quando nos envergonhamos do passado e o tentamos retirar do nosso quotidiano, dificilmente viveremos o presente com a sabedoria necessária para encarar o futuro com esperança e determinação.
Enquanto eu viver, as minhas memórias passarão em família para as gerações mais novas porque essa era a história dos seus avós e dos avós dos seus avós. Não eram perfeitos mas estamos muito longe da perfeição na sociedade livre que hoje habitamos.

O trabalho de decoração total do espaço ainda não está concluído o que implica mais trabalho mas a compensação em termos físicos e, até, emocionais, compensa o esforço.
Falo do nosso espaço no campismo que, semana após semana vai estando mais acolhedor e apetecível.
Este fim de semana continuam pequenos arranjos no espaço exterior para o melhor podermos usufruir com as petiscarias grelhadas que já começaram.
Muito trabalho mas nada que não permita o estiraçar ao sol e umas boas banhocas 🙂

Aquilo que semeares, colherás. Uma verdade a que se pode acrescentar ainda que o cuidado com o semeado tem uma relação directa com o fruto produzido. Tem acontecido isso com as árvores do meu micro jardim que crescem em pequenos canteiros. O limoeiro é o melhor exemplo e está apenas este ano após anos de cuidados que implicaram uma certa disciplina – teve que levar várias tareias – a dar limões e assim espero que continue.
Mas as últimas aquisições do ano passado já recomeçaram a sua produção. Crescem em vasos e não têm a capacidade que teriam se tivessem mais espaço. Contudo, não se negam a seu tempo de florir e dar fruto.
Embora as amoras ainda pareçam atrasadas, os mirtilhos e as groselhas já ostentam um ano de cuidados e amor. É lindo de ver todas as manhãs todo este processo ao regar, ao tirar as daninhas, ao colher.

Podem escrever tratados sobre avós e netos porque só passando pela experiência se pode compreender a profundidade e cumplicidade de tal relação.
Sou abençoada. Fui-lo enquanto neta. Adorava a minha avó que me amava com ternura e mimava de todas as formas que achava adequadas. Sou-o enquanto avó de duas meninas que amo com todas as forças.
Se uma é muito pequenina para perceber a dimensão de tal sentimento que cresce a cada instante (desde o momento em que a conheci ainda na barriga da mãe) através da partilha de sorrisos e conversas intermináveis de sons muito especiais), a mais velha já entende o quanto a Vó é “louca” por ela e tenho o privilégio de podermos passar momentos extraordinários em que, ambas, não nos negamos a dar asas ao mais puro e nobre de todos os sentimentos que nos faz ser parceiras e cúmplices em conversas, brincadeiras, olhares, sorrisos e lágrimas ao longo dos dias.
Ver as minhas netas crescer é uma enorme benção. Um privilégio que me esforço por honrar contribuindo para que possam ser cidadãs com respeito pelos valores íntegros, dignos e incorruptíveis de uma cidadania responsável. Que elas possam estar preparadas para as adversidades vencendo-as com fé e esperança aliadas ao amor incondicional dos paus e avós.
Tudo isto a propósito de hoje estarmos a brincar às ” cableireiras”. Foi dia de pintar-me o cabelo . À medida que a pimpolha ia pintando, lá me dizia para eu tirar fotografias para depois mostrar à minha cabeleireira e ela depois ia dizer-me: está um espanto, wow! No final do “trabalho” realizado, termina com: pronto Vó já estás “cableirada”.
Pronto, agora que já estou cableirada, cá fica a recordação:

Sono por onde andas? Ultimamente com a rotina do ginásio o sono espreguiça-se por volta das 6 da manhã e já não quer mais nada comigo. Resultado: uma enorme “frescura” pela aurora da manhã e o convite para a cama pelas 10 da noite. Lá diz o ditado, deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer. A saúde não se despreza mas crescer agora por favor não. Nem para cima, nem para os lados 🙂 por favor isso não 🙂

Tretas! É o que digo de dias para celebrar coisas que se devem valorizar todos os dias. Falo das crianças porque todos os dias no dia 1 de Junho é dia da criança. Confesso que comprei umas prendinhas para as minhas netas mas isso não faz de mim hipócrita ou cínica porque todos os dias são dias delas e de nós, a sua família.
Não faz sentido um dia da criança se a família não for valorizada e não souber valorizar o futuro. Porque é na família que elas, as crianças aprendem (deveriam) a ser pessoas com tudo o que isso implica. É na família que elas crescem e se desenvolvem (deveriam) com a dignidade da sua condição humana.
Uma sociedade com famílias deficientes é uma sociedade que terá sem sombra de dúvida a celebração de muitos dias da criança mas de uma maneira mais comercial que verdadeiramente afectiva.
Prendas são especiais e devem marcar datas mas a prenda maior deve ser oferecida todos os dias e chama-se amor. Sem amor todo o resto são tretas.

Pois lá vamos nós até ao campismo amanhã de manhã para montar uma pérgola. “Nós”, porque o maridinho querido “ofereceu-se” para ir comigo, o que muito agradeço. Não só pela sua companhia que muito aprecio mas, também, porque ele precisa muito de descontrair e descansar do período muito trabalhoso que o escritório agora atravessa e… Porque não confessá-lo, sendo eu de “raça minorca” teria alguma dificuldade em montar a pérgola sozinha 🙂
Como o tempo promete, até pode ser que depois de todo o trabalho feito dê para apanhar um bocadinho de sol. É que em Junho temos um casamento e vai ficar bem um arzinho bronzeado para alindar a toilette 🙂
Até Segunda 🙂

Hoje ouvi esta canção e lembrei-me mais uma vez da única vez que fiz Karaoke num local público. Aconteceu há mais de uma dezena de anos num aniversário do meu filho, então adolescente. Cantei esta canção que no meu íntimo lhe dediquei. No fundo, o que eu pretendia dizer (e ainda hoje o recordei) é que apesar dos conselhos que eu lhe possa dar e que têm a ver com a minha percepção das realidades e experiências vividas, apesar dos sonhos que como mãe posso ter, esta conversa entre pai e filho, cantada por Cat Stevens, alerta-me para o facto de que ele não era/é uma extensão de mim própria e por isso mesmo tem de trilhar o seu próprio caminho, conquistar os seus sonhos, cair, levantar-se e lutar por aquilo em que acredita.

Gosto muito desta canção e na educação que procurei dar aos meus filhos tentei sempre, apesar dos erros que fui cometendo pelo caminho, que a autonomia de cada um fosse uma realidade. Ele e ela vão sempre ser os meus bebés mas a minha função como mãe foi ensinar a andar, incutir valores, direitos e responsabilidades para que, tanto ele como ela, tivessem as capacidades necessárias para, por eles próprios, trilharem o caminho da vida.

Às vezes, como o pai da canção queremos evitar qualquer possível sofrimento ou contrariedade para os nossos filhos e não conseguimos evitar a fuga ao conforto do comodismo e das soluções que parecem funcionar. Isso acaba por ser egoísmo, medo, e falta de confiança na educação que ministramos. Não devemos esquecer que eles são pessoas e, como tal, devem ser independentes, livres e autónomas. Estaremos sempre por cá para ajudar na medida das nossas capacidades mas devemos dar-lhes o espaço suficiente para serem eles próprios; afinal isso era tudo o que o jovem da canção ambicionava.

A maior parte das vezes, os filhos estão prontos para “ir” mas nós, os pais não estamos preparados para dizer “adeus”. De certa forma, temos que estar dispostos a livrar-nos da vida que “planeámos” para os nossos filhos para que eles possam ter a vida que está à espera deles.

Viver e deixar viver é das experiências mais emocionantes que podemos experimentar. Nem tudo será sempre um mar de rosas. A par de alegrias e realizações, haverão contrariedades e frustrações. Mas quando nos atrevemos a viver e deixar viver, com todo o amor que isso acarreta, a dádiva em compensação são retornos maravilhosos.

Fim de semana à porta. Tempo par pôr em ordem a roupa que está para passar a ferro e as séries que ficaram por ver na televisão. 🙂

Hoje fiz uma visita relâmpago ao Alentejo. Temos um comprador interessado na nossa caravana que depois de ver as fotografias gostava de a ver in loco para concluir o negócio. Gostou e na próxima semana vamos assinar a declaração de venda. Foram catorze anos de vivências fantásticas para além de novos relacionamentos, alguns deles que resultaram em amizades sinceras para o resto da vida.

Não vamos sair do local. Mudámos de rua e de instalação. Em vez da caravana estamos agora instalados numa agradável casinha que, esperamos, nos proporcione tanta ou mais felicidade que a nossa barraquinha original 🙂

Para mais tarde recordar, cá ficam as fotos para a posteridade 🙂