Hoje ouvi esta canção e lembrei-me mais uma vez da única vez que fiz Karaoke num local público. Aconteceu há mais de uma dezena de anos num aniversário do meu filho, então adolescente. Cantei esta canção que no meu íntimo lhe dediquei. No fundo, o que eu pretendia dizer (e ainda hoje o recordei) é que apesar dos conselhos que eu lhe possa dar e que têm a ver com a minha percepção das realidades e experiências vividas, apesar dos sonhos que como mãe posso ter, esta conversa entre pai e filho, cantada por Cat Stevens, alerta-me para o facto de que ele não era/é uma extensão de mim própria e por isso mesmo tem de trilhar o seu próprio caminho, conquistar os seus sonhos, cair, levantar-se e lutar por aquilo em que acredita.

Gosto muito desta canção e na educação que procurei dar aos meus filhos tentei sempre, apesar dos erros que fui cometendo pelo caminho, que a autonomia de cada um fosse uma realidade. Ele e ela vão sempre ser os meus bebés mas a minha função como mãe foi ensinar a andar, incutir valores, direitos e responsabilidades para que, tanto ele como ela, tivessem as capacidades necessárias para, por eles próprios, trilharem o caminho da vida.

Às vezes, como o pai da canção queremos evitar qualquer possível sofrimento ou contrariedade para os nossos filhos e não conseguimos evitar a fuga ao conforto do comodismo e das soluções que parecem funcionar. Isso acaba por ser egoísmo, medo, e falta de confiança na educação que ministramos. Não devemos esquecer que eles são pessoas e, como tal, devem ser independentes, livres e autónomas. Estaremos sempre por cá para ajudar na medida das nossas capacidades mas devemos dar-lhes o espaço suficiente para serem eles próprios; afinal isso era tudo o que o jovem da canção ambicionava.

A maior parte das vezes, os filhos estão prontos para “ir” mas nós, os pais não estamos preparados para dizer “adeus”. De certa forma, temos que estar dispostos a livrar-nos da vida que “planeámos” para os nossos filhos para que eles possam ter a vida que está à espera deles.

Viver e deixar viver é das experiências mais emocionantes que podemos experimentar. Nem tudo será sempre um mar de rosas. A par de alegrias e realizações, haverão contrariedades e frustrações. Mas quando nos atrevemos a viver e deixar viver, com todo o amor que isso acarreta, a dádiva em compensação são retornos maravilhosos.