»
S
I
D
E
B
A
R
«
Que grande treta
Apr 4th, 2011 by M.J. Ferreira

O questionário dos Censos que foram distribuídos e que serão recolhidos um dia destes são uma treta de todo o tamanho.

Todas as semanas se fica a conhecer um pouco mais sobre o quanto está mal elaborado. Hoje veio a lume que a Comissão Nacional de Protecção de Dados decidiu que certas perguntas no questionário entram na esfera privada dos cidadãos e que não devem constar da base de dados do Censos. Ora quem respondeu pela Internet e quem já entregou as folhas das respostas, que garantias tem que os dados respondidos são devidamente anulados e não serão usados posteriormente?

Ao que parece a Associação Portuguesa de Deficientes (APD) também se queixou de que devido à forma como as perguntas estão formuladas, o recenseamento não vai permitir distinguir as pessoas deficientes daquelas que perderam capacidades devido à idade. De fora ficam também os deficientes orgânicos como, por exemplo, os doentes oncológicos, renais ou os hemofílicos.
O Presidente da APD frisou ainda que as lacunas deste Censos não vão igualmente permitir saber quantos são os deficientes em Portugal, quantos trabalham, que rendimentos ou apoios sociais têm ou quantos vivem em instituições. Ora que tipo de políticas se podem fazer sem dados sobre o assunto?

O Provedor de Justiça também pediu esclarecimentos à presidente do Instituto Nacional de Estatística sobre a polémica pergunta relativa aos recibos verdes no inquérito dos Censos 2011, que motivou centenas de reclamações para a Provedoria.

Também há aquela questão sobre as horas. Como alguém notou…12h após as 21h de qualquer dia, já não será nunca o mesmo dia! Quando um dia chega às 21h, só faltam mais 3h para acabar! Ou não?

De certeza que isto não fica por aqui…

Mas se há uma cereja em cima do bolo, como se costuma dizer, para mim, vai inteiramente para os sem abrigo. Ao que parece, os Censos 2011 obrigam que todas as pessoa sejam recenseadas num alojamento familiar – ainda que possam ter a designação de sem-tecto. Ora, tal norma, exclui escritórios, hóteis e, claro está, a rua. Como as estações de comboio não são alojamentos e muito menos familiares, os cerca de 30 e muitos sem-abrigo que dormem na Estação do Oriente, em Lisboa, serão incluídos nos dois edifícios com famílias mais próximos: as Torres São Rafael e São Gabriel. Se os da Expo já têm habitações de luxo para “morar” que será de todos os outros sem abrigo espalhados por este Portugal fora? E como foi que eles receberam os questionários? Será mesmo que conseguiram chegar a todos e arranjado uma casinha familiar para cada um? Patético.
Porque é que as coisas não se chamam pelos nomes?

Que tipo de estatísticas estes Censos vão produzir não sei mas… definitivamente só podem ser uma grande treta!

»  Substance: WordPress   »  Style: Ahren Ahimsa