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Obama anuncia que a guerra no Iraque está a acabar
January 28th, 2010 by M.J. Ferreira

A guerra no Iraque está a acabar e todas as tropas americanas estão a voltar para casa,  afirmou o presidente Barack Obama durante o seu primeiro discurso do Estado da União, prometendo manter o apoio dos Estados Unidos ao povo iraquiano.

Uma das coisas que me marcou na visita recente aos Estados Unidos foi a homenagem aos soldados americanos que pude observar em vários locais, desde o aeroporto a jardins públicos. Em Santa Mónica, todos os fins de semana, a praia enche-se de cruzes, tantas quantas as baixas longe de casa dos homens que caíram em combate, atentados, armadilhas, …

Os números são actualizados semanalmente e são muitas as pessoas que prestam um tributo. Algumas colocam flores junto a cruzes homenageando, talvez, o pai/mãe que não regressou, o marido/esposa muito amado(a), o/a filho/a que não mais se abraça, o amigo(a) com quem as gargalhadas partilhadas ecoarão para sempre no vazio que deixou.

Involuntariamente, tivemos a oportunidade de participar numa homenagem simbólica, quando ao fim do dia de Domingo eram retirados da praia todos os símbolos de uma luta aguerrida e constante de homens e  mulheres que batalham  por um mundo mais justo, sem guerras, com diversidade de opiniões mas tolerante, com visões  diferenciadas mas sem juízos de valor, com honra, coragem, orgulho e brio, mas generoso e dialogante, onde as crianças não precisam ficar orfãs em nome da liberdade.



Não percebo a guerra e tenho sérias dúvidas se haverão guerras “justas” como estudei , anos atrás, na disciplina de Ética. Entendo a guerra como um confronto sujeito a interesses e, independentemente dos resultados que os lados envolvidos na disputa nos apresentam, nunca, mas nunca, há um que ganha.  De todas as partes envolvidas nos conflitos perdem-se vidas e não há nada que possa substituir isso. Perdem-se sonhos, lares, famílias, destroem-se esperanças, promessas, estruturas e recursos. Não penso que possam haver vencedores e vencidos.

Não penso que possa haver uma humanidade civilizada onde o sentido da palavra paz tenha que ser construído à custa de violência, holocaustos, artefactos bélicos e poderoso, onde interesses, conivências, cumplicidades e fundamentalismos se digladiam pelo poder.

Tenho um respeito enorme pelos soldados que juram defender a sua pátria; mas pessoalmente, custa-me  perceber que  motivações, coerências ou apelos orientados por lógicas financeiras e/ou de Estado possam obrigá-los a dar a sua vida; tenho um apreço especial pelos homens e mulheres alistados nas forças armadas e a qualquer altura prontos a obedecer mas tenho dificuldade em entender que percam as suas vidas ou fiquem estropiados em conflitos sangrentos resultado de motivações étnicas e/ou religiosas e não compreendo que seres humanos possam ser enviados para combate com o fim de destruírem/matarem os inimigos porque os que os comandam se possam considerar superiores aos restantes, por haverem grupos que consideram as suas caracteristicas pessoais como sendo perfeitas, considerando todas as outras obsoletas.

Obama anunciou que a guerra está a acabar e os soldados americanos regressarão a casa até Agosto, continuando os Estados Unidos a apoiar o Iraque na paz e prosperidade do país.

Não quero brincar com coisas sérias mas o Raul Solnado tinha um sketch para “adoçar” a sociedade de então em que batia à porta da guerra. No mundo real, há sempre uma porta para bater; a guerra continua, passa agora um pouco mais para o lado: com o objectivo de combater a Al-Qaeda, o foco militar americano mudou do Iraque para o Afeganistão.

“Os animais lutam, mas não fazem guerra. O homem é o único primata que planeja o extermínio dentro de sua própria espécie e o executa entusiasticamente e em grandes dimensões. A guerra é uma de suas invenções mais importantes; a capacidade de estabelecer acordos de paz é provavelmente uma conquista posterior.” (Hans Magnus Enzensberger)


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