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8 de Março
March 8th, 2013 by M.J. Ferreira

Penso que posso dizer com alguma segurança, que uma grande maioria não sabe que no Dia 8 de Março de 1857 as operárias de uma fábrica de tecidos, em Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ao ocuparam a fábrica, elas reivindicavam melhores condições de trabalho, tais como, a redução da carga horária de trabalho, a equiparação de salários com os dos homens e um tratamento digno dentro do local de trabalho. Esta manifestação foi reprimida com uma tal violência que as mulheres foram trancadas dentro da fábrica que, depois, foi incendiada, sendo que mais de uma centena morreram carbonizadas.

No entanto, só mais tarde, em 1910, ficou decidido que o dia 8 de Março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem a todas aquelas mulheres que morreram na fábrica em 1857. Só mais tarde, em 1975, a data foi oficializada pela ONU e, desde aí, um pouco por todo o planeta, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade actual.

Oiço sempre um grande alarido com o dia 8 de Março à minha volta. Mulheres que conheço organizam jantares e farras. O comércio ostenta letreiros apelando ao consumo de algum presentinho especial. Pessoalmente, não me identifico com este dia em particular. Aliás, até me sinto discriminada. Bem sei que, em relação ao papel da mulher na sociedade dos nossos dias, muito foi conquistado. Hoje, as coisas são diferentes para mim do que foram para a minha mãe.

No entanto, não gosto de uma sociedade que apela à diferença para terminar com o preconceito. Preferia uma sociedade tolerante que não desvalorizasse a diferença que é normal entre os sexos. Uma sociedade assim não incentivaria salários diferentes para sexos diferentes e para o mesmo trabalho, nem consideraria humilhante numa família que a mulher tivesse uma remuneração superior. Homem e Mulher completar-se-iam em família e em termos laborais cada um ocuparia as funções mais de acordo com as suas capacidades intelectuais e/ou talento.

Depois, acredito que uma sociedade melhor depende muito da educação e do cultivo do respeito, da justiça, da honestidade, da generosidade, da integridade; enfim, dos valores que têm em conta a dignidade humana, o que engloba homens e mulheres. Isso não se consegue por comemorações especiais num determinado dia mas por um exercício constante de uma postura de cidadania responsável, tanto por homens como mulheres que passam às gerações que vêm a seguir os mesmos valores de responsabilidade, tolerância e dignidade.

Também não esqueço que o contexto em que me insiro é muito diferente e, quantas vezes oposto, a outras partes do mundo e o que defendo e julgo ser o mais acertado não é de modo algum aceite por outros povos e por outras culturas. Não julgo por isso que a cosmovisão do mundo ocidental deve prevalecer sobre o restante planeta e todas estas “lutas” não fazem qualquer sentido, por exemplo, numa tribo perdida onde homens e mulheres nem sabem o que é um telefone, um shopping ou a pílula do dia seguinte; antes, estarão mais preocupados com a sobrevivência que implica caçar, cultivar, procriar, cada um com o seu papel determinante no equilíbrio do espaço que é o seu.

Dito isto, o dia 8 de Março, para mim, é um dia exactamente igual a qualquer outro em que “luto” por ser quem sou no espaço em que vivo e trabalho. E vou jantar fora (com a família) mas apenas e só porque é sexta feira 🙂


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