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Lá estou eu com a má língua
November 8th, 2011 by M.J. Ferreira

Acabei de ver o tempo de antena da Intersindical. Quer dizer, ver não é bem o caso; eu não estava a ligar nenhuma até que ouvi um apelo que não percebi.

Ao que parece, há uma greve geral marcada para 24 de Novembro e a terminar o tempo de antena, a CGTP fazia um apelo aos trabalhadores para que fizessem greve. As razões apontadas foram pelo crescimento económico, pelo emprego com direitos, pela dinamização do sector produtivo e contra o programa de agressão aos trabalhadores e ao país.

A central sindical que me perdoe mas não percebo como pode haver crescimento económico com o país parado em plenários, manifestações e greves? É que dias assim são milhões de prejuízo.

A central sindical que me perdoe mas não percebo como pode haver emprego com direitos se as empresas não tiverem condições para empregar quem quer que seja por falta de dinheiro e um dia de greves corresponde a prejuízos de milhões de euros.

A central sindical que me perdoe mas não percebo como pode haver dinamização do sector produtivo se ao primeiro sintoma de descontentamento os sindicatos respondem com greves que provocam milhões de prejuízos aos prejuízos já acumulados.

A central sindical que me perdoe mas agressão aos trabalhadores e ao país é a continuada falta de produtividade da maioria da classe trabalhadora que leva a que, em determinados círculos, sejamos apelidados de preguiçosos.

Lá estou eu com a má língua. Mas num país como o que temos não seria mais benéfico apelar a um esforço nacional para tornarmos a erguer a cabeça? Não seria mais benéfico estarmos unidos em torno de um ideal em vez de tresmalhados cada um para os seus próprios interesses? Não seria mais benéfico “encherem-nos” com boas práticas e bons exemplos do que optimo se tem feito um pouco por este país fora até em tempos de crise?Não seria mais benéfico motivar em vez de iludir? Não seria mais benéfico mobilizar forças em vez de as resguardar atrás de cartazes, slogans e frases feitas?

Lá estou eu com a má língua. Não pensem que morro de amores pelos sacrifícios que me são pedidos. Não pensem que morro de amores pelos cortes que as finanças cá de casa irão sofrer. Não pensem que morro de amores pelas medidas impostas pelo estrangeiro para tentarmos sair do buraco onde nos metemos. Sim: “nos metemos”; porque, na primeira ocasião que tivemos para alterar o rumo dos acontecimentos, o país preferiu a ostentação a que estava agarrado e acomodado e não quis dar ouvidos a uma velha senhora que dizia que não tínhamos dinheiro.

Pois! Lá estou eu com a má língua mas a verdade é que tenho a certeza que não podemos continuar com o mesmo tipo de mentalidade, hábitos e comportamento da última década. Por isso, se alguém souber como se dinamiza o sector produtivo ou o crescimento económico ou o emprego através de greves, por favor diga-me. Não consegui aprender essa fórmula nas disciplinas que leccionavam esta matéria quando estudava e hoje, mais velha e já com vasta experiência em termos laborais, continuo sem lá chegar.

Nota: Reconheço e respeito o direito à greve. Pessoalmente, não adiro. Até porque os sindicatos só têm algum eco junto dos funcionários públicos ou trabalhadores de empresas público privadas onde existe muito desperdício, má gestão, excesso de recursos humanos, muito compadrio e excesso de regalias relativamente ao sector privado. (não falo de cor; pessoalmente já tive uma experiência de cerca de três anos como funcionária pública e, devo dizer, tudo o que pensava sobre o sector não estava muito longe da verdade)


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