June 1st, 2011 by M.J. Ferreira
Hoje, na altura em que escrevo, já nasceram em Portugal (dados da Base de Dados Pordata – pode ser consultada neste Blog na coluna da esquerda, categoria Utilidades) 238 novas crianças.
Em contrapartida, não sei quantas crianças perderam hoje o direito de nascer.
Depois, tendo em consideração a conclusão de um estudo encomendado pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, em Portugal, duas em cada cinco crianças vivem em situação de pobreza, havendo casos em que faltam alimentos à mesa.
Não estarei muito longe da verdade se escrever que em Portugal devem haver mais de 10.000 crianças institucionalizadas sem projecto de vida.
Mas há também um número a crescer de meninos da rua cujos projectos de vida se emaranham nas malhas confusas de famílias disfuncionais, famílias desempregadas, famílias que não sabem ser famílias ou que omitem as suas responsabilidades.
E, diariamente, os números da APAV, continuam a receber pedidos de ajuda e são assustadoras as estatísticas sobre crianças vítimas de crime.
E crianças que crescem com violência acabam tantas vezes por imitar essa violência…
Uma coisa eu sei. Cada criança é única. Cada uma precisa de ser amada, ouvida, entendida, ensinada e cuidada tendo isso em consideração.
Tive a benção de estar ligada durante largos anos à educação de crianças e, modéstia à parte, foi um trabalho tão gratificante quanto gratificante é cruzar-me ainda hoje com elas e os seus pais e poder observar como os alicerces que ajudei a cimentar estão sólidos e sãos. A falar a sério e a brincar muita coisa aprendi e pude ensinar. Depois, os seus sorrisos, comentários e a maneira como ainda pronunciam o meu nome enchem-me de uma vaidade saudável que me desafia a continuar a dar o que sou e a ter esperança.
Fazer parte da vida de uma criança, de duas, de três, de muitas crianças é uma benção fantástica. Elas merecem o nosso melhor. Elas são futuro.
Tive dois filhos únicos e irrepetíveis. Tenho uma neta de poucos meses e as nossas conversas cheias de sons, sorrisos e muita cumplicidade eu não troco por nada.