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Chineses
May 24th, 2011 by M.J. Ferreira

Uma notícia publicada no SOL dá conta que os chineses já pedem subsídio de desemprego. Lido apenas o título, dá ideia duma notícia irónica, provocadora e a apelar à revolta contra todos os estrangeiros que tiram os cêntimos preciosos aos nacionais desempregados. Afinal, a notícia dá conta que a crise também toca aos que tradicionalmente relacionamos com os restaurantes chineses e as lojas dos 300, hoje chamadas lojas dos Chineses.

A semana passada quando estive no Alentejo assisti a uma cena curiosa passada com crianças. Numa das muitas lojas de chineses instaladas em Vila Nova de Milfontes, ao fim da tarde, uma jovem chinesa que não deveria ter mais que 9/10 anos, estava sentada na caixa registadora recebendo pagamentos, agradecendo a visita e dando boa conta do recado. No mundo ocidental isso chama-se exploração infantil. Pessoalmente, em grande parte dos casos ditos de exploração, tenho dificuldades em entender porque é que uma criança não pode ajudar os pais no negócio da família. Tenho dois filhos e desde tenra idade sempre ajudaram no negócio que tinha então. Nunca senti que os estava a explorar e, da parte deles, também não ouvi queixumes. Devo confessar que este acto/atitude também não os prejudicou nos estudos e, tenho a certeza, preparou-os para uma série de pequenas coisas que iriam encontrar ao longo do seu desenvolvimento, à medida que cresciam. Hoje são adultos saudáveis, honestos e trabalhadores.

Mas a criança na caixa registadora não foi o único caso curioso dos chineses de V.N.Milfontes. Num outro dia, na habitual visita às lojas, assisti ao chegar da escola de dois irmãos. Uma menina que não devia ter mais que 7/8 anos e o irmãozinho, talvez com 4/5 anos. Chegaram da escola e arrumadas as mochilas, pediam dinheiro à mãe, na caixa registadora,  para poderem comprar um gelado. O português das crianças era perfeito mas a conversa com a mãe deixei de a perceber porque a língua adoptada era a das origens.

Tendo ouvido essa palavra mágica “gelados”, ao sair da loja fui até à geladaria onde como os melhores gelados de Portugal e arredores. Estava sentadinha com o meu copinho de sabor a morango com uma generosa camada de chantilly quando os dois irmãos entraram. A menina pediu uma bola de gelado para si própria e, em seguida, perguntou à senhora que atendia, se não podia fazer uma bola mais pequenina para o irmão que não conseguia comer tudo. A sugestão que apresentou foi pagar um pouco menos por essa bola de gelado. Assisti encantada. Não sei se pela iguaria que tinha na frente se pela iniciativa da criança. Devo confessar que gostei da atitude. Vinda de uma criança,  classifiquei-a como excelente iniciativa, boa criatividade, esperteza (mas nada mesmo saloia), e muito empreendedorismo. Uma excelente lição que não faria mal nenhum a muitos meninos e meninas ocidentais.

Para terminar, uma curiosidade: ‎”Quando escrita em Chinês, a palavra “crise” está composta de dois carácteres, um representa perigo, o outro representa oportunidade.” (John Fitzgerald Kennedy)


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