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Não percebo
January 31st, 2011 by M.J. Ferreira

Hoje, numa conversa, ouvi o relato de uma situação que me deixou “espantada”. Falava-se de filhos e filhas e uma pessoa estava a dizer que tem uma filha de 11 anos e já está assustada com o que se poderá passar dentro de algum tempo.
Ao que parece, uma amiga desta senhora tinha-lhe contado sobre a ida da filha, de 14 anos, à discoteca com algumas amigas.
Ao ouvir esta primeira parte da história, a minha boca queria abrir-se de espanto mas consegui controlá-la; e, ainda bem, que o melhor (o pior) ainda estava para vir. Parece que a amiga da senhora tinha ficado, junto com o marido, de ir buscar a filha ao espaço nocturno e, não sendo de Lisboa, tinham lá chegado relativamente cedo. O tempo suficiente para presenciarem cenas de jovens completamente embriagados, alguns deles em estado deplorável semelhante a um coma alcoólico. A descrição não é minha. O “coma” foi a palavra utilizada na conversa que assisti.
A reacção destes pais foi telefonar para a filha no espaço nocturno e, que sorte a deles, a garota já estava “pronta” e desejosa de ir para casa.
Chamem-me “careta”, “velha”, “conservadora”, “esquisita”, chamem-me o que quiserem, mas dificilmente entra na minha cabeça como algo saudável o facto de adolescentes – no caso com apenas 14 anos – poderem frequentar discotecas. Faz-me confusão que não haja fiscalização assídua a este tipo de recintos que verifique situações como a descrita.
Chamem-me “retrógrada”, “obsoleta”, “naif”, chamem-me o que quiserem, mas a minha caixa dos pirolitos não consegue compreender que este grupo etário tenha tanta facilidade em conseguir bebidas alcoólicas e façam do consumo selvagem deste tipo de bebidas algo prazenteiro que os inibe de serem eles próprios e os desinibe para o ridículo e o desprezo de si próprios.
Chamem-me “saloia”, “antiquada”, “queixinhas”, chamem-me o que quiserem, mas perante situações que testemunhem o que o relato descrevia, a minha “cuca” não encaixa que adultos não chamem as autoridades para pôr cobro a situações que envolvam adolescentes e bebidas alcoólicas. Todos sabemos que a venda das mesmas lhes está vedada. Alguém tem que ser responsabilizado perante tanta irresponsabilidade.
Chamem-me o que quiserem, mas sou mãe e não percebo tantas vezes outras mães, ditas modernas e actuais, quanto à permissividade e fechar de olhos a situações que não têm nada de modernidade; antes, arriscam desnecessariamente, na actualidade que vivemos, vidas em crescimento que aspiram a uma maioridade precoce, onde tudo é descartável e se consegue com uma facilidade enorme.
Bem sei que não sou perfeita, que erro todos os dias, mas há situações que ultrapassam a barreira do bom senso e, não tenho dúvida nenhuma, que é de senso comum que adolescentes não têm a maturidade, o discernimento e o conhecimento para ambientes que sorrateiramente os confundem, manipulam e engolem.
Toda a vida temos de efectuar escolhas que determinam quem somos e para onde vamos. É um processo que nos acompanha ano após ano. Cada idade tem o seu tempo limite e cada época da nossa existência um encanto muito próprio que merece ser descoberto, experimentado e partilhado sem pressas e sem pressões.
Chamem-me o que quiserem, mas… sinceramente não percebo histórias como a que ouvi hoje.


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