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Reflexão sobre Comunicar a Mensagem Bíblica (Parte I)
November 10th, 2009 by M.J. Ferreira

 O povo português é especialista  em criticar.  Tal “estado de alma”  aliado ao espírito fatalista tem contribuído, penso,  para inviabilizar o desprendimento ao “triste fado do destino” , o que, por si só, é suficiente para comodamente não vermos outras alternativas que não seja continuar a fazer as coisas da mesma maneira. Sempre foi assim…
Quando transportamos tais conceitos para o meio protestante/evangélico, muitas vezes a situação agrava-se porque se acrescenta a ideia de que Deus está a controlar e a seu tempo as coisas mudam.  Ele vai fazer as coisas mudarem. Realmente, Deus está no controle de todas as coisas mas ao escolher e comissionar o homem para ser seu embaixador, criando-o à Sua imagem e semelhança, isso significa que a comodidade não é inerente a esta tão grande responsabilidade. Claro que confiamos em Deus para subir cada montanha, mas a realidade é que não podemos deixar de continuar a trepá-la.
Urge reconhecermos, como povo, quem somos, o que fazemos aqui e para onde vamos. Urge reconhecermos quem é Deus e que papel lhe atribuímos nas nossas vidas diárias. Interessa avaliar que tipo de comunicação temos com o Senhor do Universo e como seus embaixadores que tipo de comunicação utilizamos para o mundo em que vivemos.
Desta forma, esta reflexão apresenta-se como uma tentativa de sair do conformismo escondido na crítica fácil, apresentando alternativas. Criticar é fácil, o complicado surge quando aliado à crítica podem e devem ser apresentadas alternativas.
Estou consciente que esta reflexão pode não merecer a atenção que gostaria que tivesse. Estou consciente que esta reflexão não encerra a perfeição de uma solução em termos de comunicação mas estou, igualmente consciente que para além de ajustes sempre necessários, dificilmente alguma coisa poderá ser feita se humildemente não tivermos dependentes de Deus e centrados no Senhor da Igreja, o próprio Jesus Cristo, renovando a nossa maneira de pensar, de estar, de viver, de sentir e de agir  pelo poder do Espírito Santo, discernindo na Palavra as formas de sermos e vivermos  a Mensagem que Esta revela.
Elaborei esta reflexão com todos estes pressupostos. Nestes tempos onde tantos se queixam sobre a pobreza de recursos humanos, não podemos permanecer paralisados e administrando essa pobreza. É preciso tratar de discernir a que novas necessidades e urgências se deve procurar dar uma resposta e, por conseguinte, tomar decisões e canalizar esforços para novos projectos. Isto implica ultrapassar as barreiras de  mentes burocráticas e espíritos fatalistas de forma a que não se deixem conformar com os padrões humanos  estabelecidos., mas, antes, se renovem pelo poder do Espírito Santo à mentalidade daquele que dizem ser o Senhor e Salvador de suas vidas.
A clarificação dos objectivos é de especial interesse e em tempo algum podemos esquecer que temos de entender o carácter missiológico de Deus e ser/viver de acordo com esse propósito. Por isso, o objectivo  maior e principal  visa dar glória a Deus e edificar o Seu Reino entre nós, enquanto esperamos a chegada de Jesus.
Tal como aconteceu com Jesus sabemos que nem todos perceberão a mensagem mas isso não nos tira a responsabilidade de a proclamar e viver.  Assim, antes de definir quais obras ou actividades poderão melhor responder aos desafios de uma comunicação que se pretende  o mais isenta de ruídos possível, deverão buscar-se e propor-se as orientações que enquadrem, caso a caso, utilizando sinergias, o modo de proceder nesse  mesmo processo comunicacional.
Propõem-se, portanto, algumas linhas de força que poderão inovar ou renovar não só a  vida comunitária de uma qualquer igreja local,  como  a formação contínua de membros e não membros e actividades. Assim,

  1. Como servidores do propósito missiológico de Deus para a Humanidade,  somos chamados a “criar” uma cultura onde surjam a graça e a justiça divinas e que revele a fé e a viver uma fé promotora dessa mesma graça e  justiça. Olhando para o próprio exemplo de Jesus, não podemos esquecer a opção pelos pobres e mais desfavorecidos, o seu serviço  e a solidariedade com eles, o que constitui  exigências que ainda não entraram totalmente na nossa cultura .  Ou seja, urge transformar o que é “tradição” e a que já nos habituámos, numa  espécie de trilogia Fé – Justiça/Graça – Cultura.
  2. Formar cristãos (e entendemos por cristãos pessoas que confessaram Jesus como salvador e senhor das suas vidas) para o diálogo nessa tríplice dimensão , de tal modo que adquiram a linguagem da nova cultura e sejam capazes de comunicar, num mundo agnóstico e pós moderno,  a mensagem evangélica falada ou escrita, pelos meios comuns e habituais ou através dos grandes meios da comunicação social, não esquecendo a vivência diária nos contextos em que se vive e se trabalha .
  3. Na linha da contemplação que Deus nos ensinou desde a Criação, formar em todos e cada um profundo e discernido sentido “ecológico” que se manifeste por uma renovação do nosso modo de proceder, e seja criticamente eficaz na mudança de atitudes e comportamentos. Isso deve incluir uma cultura de denuncia, o que,  aliás,  faz parte da missão profética do povo de Deus.
  4. Renovar a vida comunitária para que a comunidade se tome visível e credível como um sinal de vida ética e moralmente  “à maneira” de Jesus Cristo, capaz de despertar novas vocações  e ser uma alternativa estimulante numa sociedade tão profundamente carente de valores. Esta renovação apresenta-se como um dos motores fundamentais para a execução de qualquer objectivo que tenha em conta uma comunicação eficaz e pró activa.
  5. Revitalizar o nosso amor pela Igreja, dispondo-nos a falar, a relacionar-nos e a participar na sua vida concreta  com espírito construtivo, eficaz e fraterno. Aprender a ser Igreja e sentir como Igreja.
  6. Despertar o sentido universal da Igreja de modo que possa ser desperta a dimensão missionária e a “internacionalização” do carácter missiológico de Deus.

Considerei a renovação da vida comunitária um dos meios, por excelência, para uma Comunicação o mais isenta de ruídos possível de forma a que qualquer comunidade e as actividades que possa desenvolver adquiram credibilidade dentro e fora do contexto local onde primeiramente se inserem.  Isso implica objectivos e ideias para os atingir. Darei destaque a algumas em próximo “post”.

 (continua)


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