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Em terceiro lugar, é Uma tristeza!
March 11th, 2010 by M.J. Ferreira

Se o concerto foi esplêndido e o comportamento de alguns espectadores nada de louvável, falta-me falar da tristeza que se apoderou em mim ao fazer horas para a entrada no Coliseu, passeando pelos Restauradores e Rossio.

Há muito tempo que não circulava por ali pelas oito e meia, nove da noite.
Se, por um lado, as luzes dos edifícios mais simbólicos (antigo Eden, Terminal do Rossio, Hotel Universal, Teatro D. Maria, fontes do Rossio, etc.) realçam a sua beleza arquitectónica e chamam a nossa atenção, por outro, são impotentes e insuficientes para esconder o que sorrateiramente começa a invadir o que são locais tão emblemáticos da cidade. As camas de papelão começam a espalhar-se em frente ao D. Maria e, numa delas, ao lado de uma poça de vomitado, já dorme completamente ferrado um ser humano, coberto por umas mantas cinzentas claras.

Para os lados da Rua do Ouro é o deserto. No sentido oposto, o largo de São Domingos, junto à Igreja, está completamente povoado por jovens vestidos da mesma forma, que se movimentam e gesticulam com gestos similares, formando uma sombra que oscila no frio da noite. Até as portas ainda abertas da tradicional “ginginha” são apanhadas por esta pequena assombração. Não é confortável passar pelo meio desta mancha que delimita um território da urbe lisboeta e provoca alguns calafrios em transeuntes mais desprevenidos.

Os vendedores indianos de rosas foram , pelo menos ontem, substituídos por homens de leste que “ofereciam” geribérias. A caminho do Coliseu, com restaurantes porta sim, porta sim, somos “atacados” pelos “embaixadores” de cada um que nos abordam e tentam cativar para as “delícias” que cada ementa apresenta.

Depois, como não podia deixar de ser,  uma “bicha” para a entrada no Coliseu que, a partir de certa altura, serpenteia em caracol. À boa maneira portuguesa, há sempre “xico espertos” que se vão inocentemente metendo pelo meio,  comentando entre si como não quer a coisa e outros que, não tendo mais nada para pensar e dizer,  rematam com o tradicional: “vê-se logo que estamos em Portugal”. É triste porque podemos fazer melhor.


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