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Abutres pairam no ar
January 17th, 2013 by M.J. Ferreira

Texto Sic Notícias: “António José Seguro diz que ambiciona uma maioria absoluta e avisa que, se o Governo aplicar as medidas que constam do relatório do FMI, o PS não vai hesitar em apresentar uma moção de censura. O secretário-geral do PS esteve esta manhã no programa Opinião Pública, da SIC Notícias para responder às perguntas e às preocupações dos espectadores.”

Só consigo pensar: abutres pairam no ar. Nada mais que abutres. O actual líder já parece ter esquecido o quanto o seu partido contribuiu para o actual estado das finanças públicas e já pensa em como se instalar no poleiro. Não tem qualquer pejo em desejar uma maioria em eleições quando esse não é o cenário actual. Não o deve incomodar gastar, ou fazer gastar, uns milhões de euros no caso de eleições antecipadas se isso o levar ao poder. Consensos? Sim, com e pelos seus “boys”. Haja vergonha.

Não sou grande admiradora de Passos Coelho. Quem me conhece sabe que a minha linha política se identifica com a do partido da coligação. No entanto, sei que infelizmente não somos donos de nós mesmos neste momento. Infelizmente, se a torneira fechar, não há Seguro, nem seguro que nos valha. Quanto mis depressa nos livrarmos dos nossos credores melhor. Isso não implica autismo em relação a possíveis situações, tratados ou convénios que nos possam ser favoráveis. Seria bem útil que Passos ouvisse mais Portas e menos Gaspar e Relvas.

Não gosto particularmente de descida no salário ou aumento de contribuições e impostos. Mas posso dizer com algum orgulho que, assim que me apercebi há cerca de dois anos que a situação mundial não era famosa, mudei comportamentos de consumo que permitem à família viver e respirar. Também sei que já, então, não vivíamos acima das nossas reais possibilidades, o que foi um ponto enorme a nosso favor.

Bem sei que há situações dramáticas de desemprego que devem e estão a contar com apoio e muita solidariedade; mas também sei que há muita desorientação e uma enorme resistência por boa parte da sociedade civil em apelar e sensibilizar para a mudança de comportamentos que esteja de acordo com um tempo de vacas magras.

Não é fácil viver em Portugal neste momento. Não me choca a emigração porque acredito que a médio prazo iremos conseguir criar as condições para regresso de muitos e, ou, recebermos povos de outras nações. Depois, ao fazermos parte de uma comunidade europeia sem fronteiras, devemos deixar-nos de lamúrias, hipocrisias e cinismo, porque é algo natural e normal a mobilidade entre os diversos países que a compõem.

Um socialista tão elogiado pelo nosso Seguro, o presidente francês, ainda hoje, numa conferência de imprensa criticou Portugal, e, consequentemente, o governo socialista que tínhamos antes para afirmar que nada foi feito atempadamente contra o défice e a dívida. Portugal reagiu demasiado tarde à situação. Podíamos estar bem mais seguros neste momento se o outro “S” (Sócrates) não estivesse tão seguro ao poder. Mas isso é passado e, com ele, devemos aprender as lições para não repetir os mesmos erros.

Não estou iludida e não tenho dúvidas que o país está a atravessar um momento perigoso, difícil e decisivo. Infelizmente, o nosso Governo tem sido, desde sempre, inábil na comunicação, a “arma” que nos dias de hoje ganha e perde batalhas. Não explica, não convence, não motiva. Vamos ter um ano muito difícil, quer a nível de governação, quer a nível de população.

Portugal, mais do que nunca, precisa de nós todos para ser um país seguro para cada um que nele nasce, cresce, recebe educação, trabalha, envelhece e se reforma com dignidade. Mas não é com este Seguro que parece mais do que tudo querer segurar-se a um tacho que, apesar de parecer estar muito vazio, ainda tem gordura apetecível para todos os “Seguros” desta pobre pátria.

Abutres pairam no ar.


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