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“A amizade não se procura, não se imagina, não se deseja; exercita-se (é uma virtude)”. (Simone Weil)
November 9th, 2009 by M.J. Ferreira

“A amizade não se procura, não se imagina, não se deseja; exercita-se (é uma virtude)”. (Simone Weil)

Às vezes as “amizades” não passam de uma prostituição de interesses.
Outras vezes, oferecemos tanta coisa em nome da amizade.
Às vezes as “amizades” são confusas, obscuras de mau gosto.
Outras vezes, as amizades fazem-nos crescer e gostar mais de nós próprios.
Às vezes as “amizades” são doentias, possessivas, comodistas e corrosivas.
Outras vezes, as amizades libertam o nosso “eu”, dando-lhe asas para os sonhos adormecidos.
Às vezes, as “amizades” são amargas, fazendo-nos chorar e sentir pequeninos.
Outras vezes, as amizades são um sorriso constante e o nosso peito está cheio de ar quente que nos permite voar.
A Internet está cheia de portais e clubes que facultam encontros, relacionamentos ,… com o fim de estabelecer amizades . Talvez eu seja antiquada e um pouco desconfiada sobre este tipo de facilitismo para algo que considero tão particular, tão especial, que  exige que sejamos nós próprios, com virtudes, com defeitos… Algo cativante e inexplicável onde não é permitida a mentira e a dúvida.
A amizade dá-nos a possibilidade de conversar, desabafar, ouvir, escutar, discutir, concordar, discordar, confidenciar e onde, até, muitas vezes, basta o silêncio para se estar bem e haver entendimento.
A amizade dá-nos a capacidade para diariamente se aprender algo de novo. Costuma-se dizer que para um tango são precisos dois. Também para uma amizade tem que haver a entrega total e incondicional de pelo menos duas almas que partilham e comungam do respeito pelos seus “eus”, apoiando-se no amor e confiança que inunda de alegria os seus corações.
Mas vivemos num mundo de ostentação e, porque não dizê-lo, hipocrisia. Pertencemos a uma civilização imediatista, egoísta e secular. Uma era  desumanizante, corrupta e interesseira  onde os homens tendem a tornar-se juízes de homens, com dedos apontados quais armas mortíferas. Homens que incapazes de entender e conjugar o verbo amar assistem impotentes ao desenrolar das suas inquietações,  ansiedades  e inseguranças sem que consigam ter paz.
Uma vela nada perde por dar a sua chama a outra que se encontra apagada. A amizade é assim. Fascinante e misteriosa.
Há certas amizades que ultrapassam tempos, distâncias, circunstâncias e deixa-se de considerar importante a separação, se esta  existir. Depois, recorda-se que em amizade não se ganha nem se perde. Não há objectivos de recompensas ou de lucros. Dá-se simplesmente e não se espera nada em troca.
Quando aprendemos a conjugar devidamente o verbo amar não há nada que perturbe  o nosso conhecimento de todas estas verdades acerca da amizade. E sentimo-nos seguros. É por isso que os amigos são como um bom vinho: raros e excelentes.
Há que estimar os amigos que temos.


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