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Reflexão como comunicar a mensagem bíblica (Parte II)
Nov 13th, 2009 by M.J. Ferreira

Parte II

Considerei a renovação da vida comunitária um dos meios, por excelência, para uma Comunicação o mais isenta de ruídos possível de forma a que qualquer comunidade e as actividades que possa desenvolver adquiram credibilidade dentro e fora do contexto local onde primeiramente se inserem.  É necessário que a comunidade como um todo e cada membro que a compõe, em particular, viva a mensagem de forma bíblica e contextualizada . Mas, igualmente, são necessários objectivos e ideias que nos levem àquele alvo. Enumero alguns, a título de exemplo, que considero relevantes:

 1.        Objectivos de renovação comunitária  

1.1. Estruturar a vida da comunidade como “comunidade comunicante”, tendo em conta que a Igreja é essencialmente comunicação, que a própria vida comunitária é comunicação e que a comunicação é parte integrante da vida da Igreja enquanto testemunho de comunhão. Deve ser entendida a Trindade e o que representa em termos de unidade, comunhão e diversidade. 

1.2. Criar na comunidade um espírito de oportunidade em termos de discernimento teológico, pessoal e comunitário em que, por vezes, também possam participar outros cristãos de diferentes denominações. Criar sinergias com pessoas e instituições na área do ensino bíblico e teológico. Promover uma vivência fundamentada no princípio integrador do serviço da fé e promoção da justiça divina no contexto local e contribuir para a renovação de todos os seus membros (formação contínua). 

1.3. Consciencializar que a qualidade da vida comunitária (amor agape, entreajuda, oração, descanso, hospitalidade… ) depende de todos e de cada um, sem excluir ninguém, particularmente os avançados em idade ou os limitados em termos de saúde . 

1.4. Procurar viver em atitude de servo uma relação pessoal e comunitária com o Deus Trino Pai, Filho e Espírito Santo.

1.5. Fomentar uma eficaz colaboração entre a comunidade Igreja e o testemunho para a comunidade, sem esquecer a inserção na comunidade local e na realidade social existente, para que a comunicação seja uma realidade. . Contribuir para a conversão de mentalidade em todas as dimensões da vida humana.  Para isso, fomentar uma nova cultura e uma nova linguagem para o anúncio da fé e a promoção da justiça divina. 

1.6. Avaliação de cada objectivo periodicamente de forma a poderem ser reajustados sempre que necessário. Uma coisa que devemos ter sempre em conta são os meios humanos e financeiros que temos disponíveis. 

Defendo o desenvolvimento de  três linhas de actuação, a saber:

Reflexão e Intervenção Cultural: 
Criar uma “política” de comunicação e intervenção cultural capaz de “evangelizar” as pessoas na sua cultura, em colaboração com todos os que estão comprometidos na transformação criativa do mundo, da sociedade e da Igreja.
A Igreja aprende o sentido de palavras como co-beligerância e parcerias e pelo menos ao fim de 5 anos deve ser reconhecida em termos de poder local (Junta de Freguesia e Câmara Municipal de Lisboa) como uma das referências da freguesia em que se encontra inserida, pelas intervenções comunitárias que desenvolve.

Valorização da Juventude e Espaço de Missões:
Estar com os jovens, valorizar o positivo, partilhar as suas situações, e levá-los a adquirir uma consciência crítica da realidade, inspirada no conhecimento experimentado de Cristo. Os jovens são a Igreja do futuro e por isso a Igreja deve contar com jovens.
No conceito de Missões está contemplado o “ir”  mesmo que haja uma precaridade de membros da comunidade e fundos; desenvolvendo a consciência de que Jerusalém, Judeia, Samaria e confins do mundo acontecem simultaneamente e não um de cada vez. Não é inviável e até é recomendável que possam surgir parcerias com outras comunidades, o que alarga a comunicação.

Promoção da Justiça Social: 
Viver solidariamente com os mais idosos, pobres e desfavorecidos, aprendendo com eles o modo de inculturar a mensagem bíblica em situações onde a dignidade humana está desfigurada, promovendo uma cultura da justiça divina que os tome capazes de participar nos processos que modelam a sociedade onde vivemos. 

 Para uma comunicação eficaz deve tentar-se que todos os que fazem parte de uma comunidade ou de uma igraja local tenham uma boa relação e, ao mesmo tempo crítica, com a nova cultura da comunicação global. Deve ser cultivada a consciência de que a comunicação não é uma arte reservada a uns tantos profissionais, mas uma dimensão fundamental da vida comunitária. Por fim de velar-se para que a comunicação da fé ande aliada à promoção da justiça divina e à dimensão profética da própria Igreja, usando uma linguagem inculturada, convincente e perceptível aos habitantes da actual aldeia global em que vivemos.

Teologizar
Nov 2nd, 2009 by M.J. Ferreira

O art. 13º da nossa Constituição da República (Princípio de Igualdade) diz-nos que todos os cidadãos, independentemente da sua ascendência, raça, cor, sexo, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideologias, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual, têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei, não podendo ser privilegiados, beneficiados, prejudicados ou privados  de qualquer direito ou isentos de qualquer dever e responsabilidade.

Pelo que compreendo deste 13º artigo, considero humildemente que “Teologizar”, isto é, pensar ou divagar sobre questões teológicas relacionando-as com o contexto em que me insiro,  tem um espaço de direito próprio no meu blogue.

Cristã protestante por devoção e por opção, a formação académica na área da Teologia Bíblica  surgiu naturalmente e faz parte da minha jornada diária a caminho do que chamo a Terra Prometida – uma eternidade com Deus.

Contudo, aquilo que sou, aquilo que acredito e aquilo que são as minhas convicções,  tendo em conta o Princípio de Igualdade, não me dá o direito de impor as minhas crenças a ninguém mas, antes,  de as partilhar. Não me dá o direito de atacar, seja quais forem os métodos a utilizar, quem quer que seja que pense ou aja diferente de mim própria mas, antes, de viver o meu dia a dia sendo uma testemunha fiel do que tenho como certo, face àquilo que cada dia me apresenta e me revela.

Vivemos num país de grande diversidade: cultural, religiosa, social, política… Um pluralismo que não deve significar para os diversos intervenientes perda de identidade, de convicções ou valores, mas antes a oportunidade para nas diversas semelhanças encontrar as formas de ultrapassar as diferenças e, no meio das dificuldades, encontrar oportunidades. É assim que, acredito, somos estimulados a com coragem e determinação servir o país à luz dos desafios que se nos deparam. Para além disso, em especial para os cristãos, servir o país implica igualmente servir à luz dos desafios que encontramos em Deus e na Sua Palavra, sem o comprometimento destes.

Em tempos de mundial de futebol onde a equipa das quinas disputa o direito de participar,  eu acredito sinceramente que em Portugal os cristãos, a equipa do povo de Deus, têm o direito de disputar o seu lugar e contribuir de forma pró-activa para a sociedade em que se inserem.  Como cristãos já temos selecção! E  como selecção fazemos parte de uma equipa imbatível, a equipa de Deus Pai. Temos o melhor treinador do mundo capaz de dar a sua vida pelo jogador mais rebelde e que em tudo nos deu o exemplo e o ensino para as jogadas mais fantásticas: o próprio Senhor Jesus. Para além disso, temos o melhor preparador físico, o Espírito Santo que nos transforma e renova a cada instante.

Na Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo)  eu vejo a resposta que tantas vezes esquecemos para os desafios do nosso século: no meio da diversidade, a unidade e a comunhão.

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