Jan 6th, 2012 by M.J. Ferreira
Hoje é Dia de Reis. Celebra-se o dia em que os homens sábios terão chegado a Belém para visitar Jesus. A Bíblia não menciona quantos eram, nem quais eram os seus nomes. Pelo relato bíblico percebe-se, igualmente que terão demorado cerca de um mês a chegar e terão visitado o Menino não no estábulo onde nasceu mas já numa habitação.
Em Espanha é dia de trocar os presentes que nós já trocámos no Natal. Contudo, para este dia, por cá, a tradição manda comer o bolo rei e as bagas de romã. Cantam-se as Janeiras e respira-se tradição. Nas escolas, as crianças fazem a sua coroa de rei/rainha que depois ostentam vaidosos na ida para casa.
Também fiz a coroa da minha pitorra pequena porque – claro – ela ainda não domina os materiais, né? Ficou muito gira e para todo o lado que foi, carregou-a com a majestade de uma verdadeira rainha.
Entretanto, na cozinha, o bolo rei espera que chegue a hora de jantar para ser provado. O aspecto é optimo e ainda está morninho. A romã também já está descascada e daqui a pouco vamos “atacar” a tradição à dentada.
Tenho pena que os bolo rei já não tenham o brinde e a fava. Era tão giro quando nos saía o brinde, habitualmente embrulhado num bocadinho de papel vegetal. Lembro-me de ter vários guardados num frasquinho pequenino. A fava é que era pior. A quem saísse, já sabia que tinha que pagar um bolo rei. Conheço pessoas que a engoliram só para não pagarem. Coisas giras que não matavam ninguém.
Entretanto, foi convencionado que aqueles itens eram demasiado perigosos e, tanto o brinde como a fava, foram retirados da confecção do bolo rei. Mandaram à fava a tradição, foi o que foi!
Felizmente, em relação à romã, ninguém se lembrou de mandar tirar o caroço a todas as bagas… 🙂 pelo que, podemos consumir à vontade, com açúcar ou sem ele, depende do gosto de cada um. Comer, neste dia, os bagos – diz a tradição – traz-nos saúde, dinheiro, paz e amor.
Não sou supersticiosa. Essa palavra não faz parte do currículo de um cristão mas gosto de manter as tradições que já atravessaram gerações. Por isso, para além de comer os bagos, na brincadeira, faço o que costumo fazer todos os anos. Na carteira coloco três caroços para não faltar o dinheiro (deixem que vos diga que nunca me faltaram as moedas… aquelas vermelhas para os carros do supermercado 🙂 )
Depois e porque estamos em crise, coloco mais três no congelador para não faltar a comida (deixem que vos diga que nunca me faltaram… cubos de gelo prontos a usar para qualquer entorse ou maleita – que isto de saúde teve aumento de taxas 🙂 )
Pelo sim, pelo não, ponho mais três junto da roupa… pelo menos para ver se ela não se rompe e me serve todo o ano que os ciganos também parece que pagam IVA… e aumentam os stocks 🙂
Se a tradição para o dinheiro e para a saúde resolvo assim, para a paz, coloco três caroços junto à TV para influenciar os noticiários sobre o mundo e, se calhar, ainda mando alguns envelopes com três bagas cada um a alguns parceiros da concertação social para ver se remamos todos para o mesmo lado e ultrapassamos a maré alta.
Por último, mas não menos importante, vou mentalmente guardar mais três no meu coração para que o amor que dedico à família, amigos e pessoas em geral amadureça cada vez mais para que, em qualquer situação, tenha uma palavra sábia, um abraço preparado, um ouvido atento, um sorriso terno, uma gargalhada feliz, uma lágrima empática; a humildade necessária para respeitar diferenças e poder olhar para cada um da forma que Deus o criou e o ama.