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Tempo comigo
Sep 22nd, 2010 by M.J. Ferreira

Acabei há momentos mais umas horas comigo própria, divertindo-me a reconstruir a “minha aldeia”. Tem sido um trabalho árduo, de precisão como diz a minha mãe, que há muito não conseguia materializar.
Às vezes não lidamos com as coisas à nossa volta da melhor forma e o resultado acaba sempre por nos apanhar numa encruzilhada que nos deixa sem direcção certa, abananados com o lixo que as nossas cabeças pode comportar.
A minha cabeça não se dá com lixo. Já se deu no século passado com aqueles floquitos branquinhos a que damos o nome de caspa. Também, no tempo que os filhos andavam na escola, no outro milénio, já se deu com piolhinhos; mas, agora, para além das têmporas onde aparecem uns grisalhos que os champôs do supermercado vão escondendo só mesmo a queda de alguns cabelinhos faz parte do normal quotidiano.
Mas é claro que perceberam que o lixo que as nossas cabeças comporta não tem muito a ver com o aspecto exterior das nossas cabeleiras mas, antes, com o interior onde se encontram sonhos, projectos, ideias, controles cá do “je”, emoções, sentidos e… tanta coisa mais que, por vezes, basta uma “corrente de ar” e fica tudo amontoado, de pernas para o ar.
Enfim, voltemos ao início. Dizia eu, porque tenho a cabeça bem varrida e sem qualquer tipo de lixo ( 🙂 ) que encontrei novamente o espaço para passar tempo comigo. E eu tenho aproveitado para me mimar que é como quem diz, tenho dado asas à criatividade. Quando termino as horas passadas comigo, os dedos estão de todas as cores, o avental de trabalho cheio de pó dos mais diversos materiais e muitas vezes nem escapam as bochechas como aconteceu hoje que ostentavam um enorme pingo de tinta branca.
Faz falta na vida de todos nós arranjarmos um tempinho só para nós. A nossa mente pode brincar ou relaxar em liberdade, e as preocupações podem ser vistas e trabalhadas com mais prudência, saber, justiça, e razão.
Um tempo para nós não significa qualquer ponta de egoísmo ou egocentrismo. Antes pelo contrário, prepara-nos para os desafios de cada dia com entusiasmo, positivismo, alegria, confiança. É, muitas vezes, nestes momentos, que cada um pode utilizar da forma que lhe é mais conveniente, que levamos “injecções” de sabedoria, tolerância, perdão, esperança, bom senso, … … Vale a pena arranjarmos tempo no tempo para dedicarmos a perceber o que somos, porque somos, onde vamos, onde queremos ir.
O nosso tempo para estarmos connosco é uma verdadeira aventura no tempo e podemos chegar ao fim do dia com um sorriso de contentamento que pode e deve contagiar os que estão connosco.
A regra de ouro diz: faz aos outros o que queres que te façam a ti. Se eu quero tempo para mim (e sei que preciso desse tempo), também devo dar tempo aos outros para si próprios (de certeza precisam tanto como eu) e aproveitar muito melhor o tempo em que estamos juntos. No fim, tudo se resume numa palavra e num acto: ama o próximo como a ti mesmo.
E pronto, perdi-me no tempo da escrita mas ainda vou a tempo de fazer o jantar e arranjar mais uma migalha de tempo neste tempo que resta antes de desligar para vos dizer: Até amanhã.

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