Mar 1st, 2010 by M.J. Ferreira
Queres ser meu amigo? Queres ser minha amiga? Isto até parece uma frase tirada dum diálogo infantil quando duas crianças se encontram. Pessoalmente, nunca achei graça nenhuma quando me faziam uma pergunta destas ou, ao invés, me perguntavam se podiam ser meus amigos.
Contudo, parece que pus de parte esse preconceito! Então não é que por via do Facebook, onde criei um perfil pessoal ando a fazer essa pergunta a meio mundo no ciberespaço!!!! Pois é; eu ainda sou do tempo em que a amizade acontecia naturalmente, não através de cabos e redes informáticas, mas através de se travar conhecimento com alguém com quem se descobriam afinidades, gostos e, independentemente de poder haver divergência de opiniões, nos sentíamos bem e sabíamos que podíamos confiar e ter um ombro amigo pronto a ajudar em momentos mais dramáticos. A amizade desenvolvia-se naturalmente, por entre palavras e silêncios, construída e fundamentada na confiança e compreensão mútuas. Até se dizia que mais valia ter poucos amigos, mas bons!
Hoje a realidade parece ser diferente. Arranjam-se amigos na internet e já não vale a velha máxima dos “poucos mas bons”. Infelizmente, as pessoas são mais valorizadas se o número de “amigos” é elevado e, mesmo em questões de emprego, as redes sociais com muitos contactos, contam como factor importante de escolha. Perde-se a empatia dos sorrisos, dos gestos, das lágrimas, das palavras e passa-se a uma identificação com informações, verdadeiras ou não, que nos chegam via écran, através das redes sociais, dos “chats”, dos “grupos”, e sei lá mais quê.
Nem tudo pode ser negativo. As redes sociais são uma forma de pessoas conhecidas, de familiares que se encontram longe continuarem a poder fazer parte do nosso pequeno mundo em tempo real. Também proporcionam trocas de informações entre escolas, universidades, empresas, hospitais, etc., rentabilizando resultados e recursos que de outra forma não se obteriam tão rapidamente e, em alguns casos, seriam impossíveis. Elas reconhecem e incentivam a actuação de redes de solidariedade local, por exemplo, no combate à pobreza e à exclusão social e, até, na promoção do desenvolvimento local. Igualmente, são canais privilegiados capazes de expressar ideias políticas e económicas, com o surgir de novos valores, pensamentos e atitudes. Ainda sobra o factor globalização e o que isso implica em termos de comunicação.
Enfim, “metida” que estou neste labirinto de comunicações e de amigos com amigos de amigos que são amigos dos amigos e por isso podem ser nossos amigos, resta-me uma coisa: usar esta ferramenta com prudência e sabedoria.