»
S
I
D
E
B
A
R
«
Deficiências
Oct 26th, 2011 by M.J. Ferreira

No Sábado passado os dois bebés periquitos que nasceram no viveiro recentemente construído saíram do ninho.

Eu já sabia que eram dois por causa das cabecinhas que espreitavam pela abertura do ninho; muito provavelmente, analisando o “mundo” que os esperava enquanto reviam as lições que sobretudo o pai periquito, nesta última fase, cuidava que soubessem.

Os bebés são muito parecidos. Um já tenho a certeza que é macho. O outro ainda não está tão bem definida a cor da cera por cima do bico. Contudo, fiquei surpresa quando vi que um dos bebés apresenta uma deficiência acentuada nas patinhas. Em vez de os dedinhos das patas estarem separados, numa das patas estão colados e na outra sobrepõem-se.

A dificuldade para pousar equilibrado nos poleiros foi notória nas primeiras horas mas, hoje, passados que são já meia dezena de dias sobre a “grande aventura” já se adaptou à sua condição e faz tudo o que as restantes aves fazem, embora escolha os locais do viveiro onde pode pousar com mais conforto.

Realmente estou encantada com o que “aprendo” com o viveiro de aves. Já me tinham mostrado que é possível co-habitar juntos, apesar da diversidade de raças e bicos que muitos teimam em não querer misturar.

Agora ensinam-me uma nova lição sobre diferenças e dificuldades. Realmente, face à deficiência, este bebé periquito mostrou bem que é nas adversidades que se revela a capacidade de luta que há em cada ser vivo.

Depois, o ser diferente não significa que se seja desigual. Ele não se sente assim. Apenas invocou para si próprio diferentes recursos sem abdicar do direito de ser diferente. Até porque quando se perde o direito de ser diferente perde-se o privilégio de ser livre.

Livre como os passarinhos…

Terapia Ocupacional
Jul 22nd, 2010 by M.J. Ferreira

Depois de ter levado 4 vasos com flores para a minha mãe cuidar pensei que, muito provavelmente, as flores não seriam suficientemente exigentes no cuidado que necessitam e, hoje, resolvi comprar um periquito para dar à minha progenitora. Ela não faz anos, nem hoje é uma data que mereça ser festejada por alguma razão especial. No entanto, estando atenta ao que é o seu quotidiano e rotinas pensei que o facto de ela ter algo que dependa dela para sobreviver podia ser um bom estímulo no seu dia-a-dia, ajudando-a a lidar com a fase da vida que atravessa.
Ultimamente, a minha mãe tem deixado de parte muitas actividades que faziam parte dos seus dias. As dores nas pernas não a têm abandonado e ela tem optado por praticamente nenhuma actividade. Como presentemente está devidamente medicada, há que retirá-la da apatia e indiferença e dar-lhe alguma energia. Do meu ponto de vista não tenho dúvidas em assumir que estar activo é uma das necessidades humanas mais básica e que se a actividade é executada com fins específicos pode ter um resultado melhor que doses e doses de comprimidos, xaropes, tónicos, etc.
Para além da falta de estímulos e forças, a minha mãe é, também, uma pessoa que adora estar sempre a falar e o facto de não estar de momento a ir ao Centro de Dia não lhe permite “esvaziar” o enorme conteúdo verbal de que sempre dispôs. Ora o periquito vai ser optimo; pois, se ela conversar com ele, o passarito aprenderá a reagir ao som da sua voz e não tardará muito a responder-lhe no seu chilrear tagarela que é próprio desta raça de aves.
O meu objectivo é simples: pretendo que a minha mãe, através do seu envolvimento no cuidado ao periquito, aumente a sua auto-estima, dê um pouco de colorido às suas rotinas e possa dar vazão à sua enorme necessidade de ter “alguém” para conversar. Só espero que o periquito não seja da qualidade de um que pertence a uma amiga minha que quando ouve pessoas a conversar não se incomoda nada de “dizer” chiu… chiu… chiu… porque, eu acho que a minha mãe não vai respeitar.
Mais logo, vou levar-lhe o passarinho numa linda gaiola e dar início à terapia. Sim, porque isto parece mesmo é terapia ocupacional.
Vamos lá ver se ela gosta da ocupação que lhe quero proporcionar.
É que o periquito é pequenino mas muito activo e deve começar logo pela manhã a reclamar atenção, comida, bebida e um grande banhoca.

»  Substance: WordPress   »  Style: Ahren Ahimsa