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Uma questão de cidadania
Nov 3rd, 2009 by M.J. Ferreira

O Estado português para além de defender a liberdade de consciência é um estado laico, isto é, mantém neutralidade em matéria confessional, não adoptando qualquer religião como oficial. Assim sendo, devemos ter em atenção que a nossa liberdade de consciência e de religião são liberdades que possuímos como certas, seja qual for a nossa ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções politicas ou ideológicas, instrução, situação económica ou social.

Contudo, o laicismo do Estado não implica, nem deve implicar, o laicismo da sociedade. Assim, importa perceber qual o posicionamento correcto do cidadão, seja ele cristão, muçulmano, judeu, ateu, agnóstico, sócio do “glorioso”, ou qualquer outra coisa, perante o Estado e as suas instituições e a Sociedade Civil em geral.

Pessoalmente, sou cristã, protestante e, tendo sido bombardeada com a agressiva campanha de marketing relativa ao lançamento do último livro do único Nobel português em Literatura, traduzida nos seus comentários; comentários esses, que ainda hoje desencadeiam uma enorme onda de análises e interpretações, é com tristeza que reconheço que, para além de um feroz ataque a determinado grupo religioso e a princípios bíblicos, aqueles pecam, igualmente, no meu entender, por uma insuficiência de cidadania. Porque cidadania é a consciência dos deveres e dos direitos, é uma responsabilidade perante nós e perante os outros.

Assim, penso que o autor de Caim terá esquecido que a liberdade de consciência, de religião e de culto é a liberdade de pensarmos de forma diferente uns dos outros, é a liberdade de ter religião e a liberdade de a não ter. É a liberdade de escolha e a liberdade de mudança perante erros de opção.

Ser cidadão exige  uma educação constante e sólida sobre Cidadania. Depois, porque vivemos no meio de pluralidade de crenças religiosas e filosóficas é necessário estarmos atentos aos nossos direitos sim, mas igualmente às nossas responsabilidades e deveres. Isto não impede que transmitamos as nossas mensagens mas, estas, devem ter em conta os direitos dos outros. Nada devemos fazer através do escândalo, da ofensa, da imposição ou da manipulação.

Depois, diante do crescimento dos diversos grupos étnicos entre nós, trazendo consigo novas culturas e novas religiões, é do interesse geral que tenhamos plena e urgente consciência de tudo isto e que em vez do ódio ou da incapacidade de perceber outros pontos de vista, partindo para a agressão verbal, estabeleçamos uma comunicação isenta de juízo. Isto, também, porque cidadania não só implica um sentimento de pertença a uma comunidade como, cada cidadão que a constitui, deve colaborar de forma activa para o seu desenvolvimento.

Este tipo de comunicação só pode ser estabelecido quando partimos duma plataforma de igualdade. De outra forma só podemos ver à nossa volta com as lentes da nossa própria miopia e acabaremos enredados nas teias da nossa própria cosmovisão.

Ainda o Nobel da Paz
Nov 2nd, 2009 by M.J. Ferreira

Pessoalmente, penso que este galardão não deveria ser entregue a políticos ou líderes religiosos/ideológicos mas, antes, a pessoas (ou instituições) que pela sua humanidade e isenção reúnem o consenso universal de contribuírem, ou terem contribuído, para um mundo mais justo, mais fraterno, menos egoísta e dogmático. Pessoas ou instituições neutras e livres de qualquer grilhão e para quem a paz e o entendimento entre as nações é muito mais que promessas de esperança, discursos, concertos, ou flores no cano das espingardas.

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