Feb 2nd, 2010 by M.J. Ferreira
Na Grande entrevista a Judite de Sousa (28/01/2010), o Senhor Ministro das Finanças, respondeu à jornalista quando confrontado se ficou surpreendido com o défice de 9,3% que não esperava que o défice atingisse o valor que acabou por atingir e que, em boa verdade, ficou surpreendido no fim do ano e a razão para isso ter acontecido ficou a dever-se à quebra das receitas que eram esperadas.
Na Comissão de Orçamento e Finanças (1/02/2010), Teixeira dos Santos admite que se “enganou” nas previsões, tendo refutado qualquer engenharia para esconder os números do défice e da dívida pública ao longo do ano, explicando que o saldo se agravou nos últimos dois meses do ano. “Eu engano-me, mas não engano, e não engano deliberadamente”, afirmou o ministro.
Ontem, o Senhor Primeiro Ministro, na Conferência “Orçamento de Estado 2010” garantiu que o aumento do défice foi uma decisão consciente e nas suas próprias palavras “o nosso défice não aumentou por descontrole . O nosso défice aumentou porque decidimos aumentá-lo para ajudar as famílias, para ajudar as empresas e para ajudar a economia” Um aumento deliberado, portanto.
Um diz que errou nas previsões do défice, assume o erro e diz que não engana e não engana deliberadamente, o outro diz que aumentou o défice deliberadamente para ajudar as famílias e as empresas e a própria economia. Estou pasmada, espantada, confusa ou, utilizando uma pérola de palavra utilizada muito recentemente por uma fonte do Ministério dos Assuntos Parlamentares: que raça de “calhandrice” é esta?
Nota: Tanto na Infopédia, como no Dicionário Priberam e no Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora (8ª edição), não encontrei definição para a palavra “calhandrice”. O mais próximo foi “calhandreiro” que é o homem que faz limpeza aos “calhandros” que é uma espécie de bacio grande onde se despejam os mais pequenos.