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Às vezes ainda quero acreditar…
May 23rd, 2011 by M.J. Ferreira

A campanha eleitoral aí está em força e eu… tão ingénua… pensava que era desta que ouvia, alto e bom som, as propostas para executar o programa da troika (que é quem diz, do triunvirato) que nos está atribuído; uma vez que, na pré-campanha foi Sócrates para aqui e Passos para acolá. Até parecia ping-pong profissional, tal a rapidez em que a “bola” (isto é, bonitos adjectivos com que os políticos se brindavam) passava de um lado para o outro da “mesa” (palco eleitoral, que é como quem diz, o nosso Portugal, com especial predilecção e/ou apetência para a produção de vídeos televisivos para passarem nos Telejornais).

Pois a campanha é mais do mesmo e fico completamente de boca aberta ao ver como, em vez de esclarecimentos sobre a resolução dos verdadeiros problemas, se discutem as possíveis coligações pós eleitorais. Ó senhores, primeiro deixem que aconteçam as eleições! Para quê pôr a carroça à frente dos bois? Será que foi só eu que ouvi a disponibilidade partidária de cada uma das forças políticas para entendimentos futuros logo no início da pré-campanha e alguns ainda mais cedo?

Às vezes ainda quero acreditar… mas da forma como as “máquinas” partidárias estão a labutar, são só jogos de poder, armadilhas, laços e muito, mas muito bla, bla, bla.

Com tantas maneiras ajuizadas de gastar dinheiro, a minha única consolação é que estas eleições devem ser das mais concorridas dos últimos anos. Pelo menos, esta é a reacção que espero da dita “geração à rasca” e do movimento que andaram aí a fazer de cidadania. Nem outra coisa eu acredito que possa acontecer. Tenho como certo que devem ser “bichas” e “bichas” para chegar às mesas de voto (votar é um dos maiores gestos de cidadania). Ai…ai… a não ser que a dita “geração à rasca” queira é passeios nas avenidas, piqueniques no meio da rua, gritarias e cantilenas e se estejam nas tintas para o resto. Assim como assim os facilitismos e os exemplos que têm sido dados aos grupos etários que vão até aos trinta mais ao menos, conseguem uma filosofia de vida onde o esforço e o reconhecimento do trabalho necessário para produzir/progredir não é devidamente valorizado.

Apenas um exemplo: com o facilitismo que se instalou no sistema de ensino, não se pode esperar que os que dele usufruem saibam devidamente valorizar o que são as verdadeiras dificuldades e desafios que uma formação bem feita sempre apresenta. Como diz a sábia expressão do povo, a “papinha feita” nunca foi boa conselheira para a autonomia dos destinatários e… quando um ser de hábitos, como o ser humano é, está habituado ao mínimo esforço, espera sempre que as coisas caiam do céu.

A vida real não é assim. Para encontrar a direcção certa nos labirintos da vida não nos podemos dar ao luxo de enaltecermos a mediocridade. Todos devemos estar preparados para ser parte da solução e não para contribuir para exacerbar os problemas.

Às vezes (ainda) quero acreditar que vamos dar a volta por cima. Às vezes! E considero-me uma optimista. Resiliente, pelo menos, sou!

Nota: A geração à rasca deste comentário não tem nada a ver com a geração de pessoas que estão mesmo à rasca, pessoas que pagam os seus impostos e por motivos que hoje em dia se assemelham, perderam empregos, não conseguem pagar as suas necessidades e estão completamente enrascados, quantas vezes apenas com a fé que alenta e a esperança teimosa que o amanhã vai ser diferente, para melhor. Ou jovens que trabalharam  para pagar propinas quando os pais não têm para ajudar ao mesmo tempo que queimavam  as pestanas para conseguir marcas que os deviam ajudar a obter, no mercado de trabalho, ocupações compatíveis com o esforço dispendido e estão à rasca, enrascados com as perspectivas de futuro em terras lusitanas.

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