No outro dia foi a Grândola Vila Morena no Parlamento. Hoje foi a manifestação de estudantes no ISCTE que impediu o Ministro Miguel Relvas de proferir qualquer palavra para o evento para que tinha sido convidado. Já começa a cheirar mal a podridão desta gente que desconhece o que significa viver em democracia.

Devo esclarecer que não tenho nada contra a canção do Zeca Afonso e não sou simpatizante de Relvas. Contudo, fico indignada quando oiço notícias sobre este tipo de manifestações sempre com o mesmo pessoal dito de esquerda, de pensamento autoritário, tão ao jeito salazarista.

Para este tipo de gente a democracia só é boa se são os próprios a ganhar. Quero dizer, não se aceita, não se ouve, nem se deixa falar os que pensam e falam diferente. Exactamente o que acontecia no tempo de Salazar, um nome que lhes causa convulsões mas a que não conseguem fugir em actos e atitudes.

Viver em democracia passa por entender o que significa uma cidadania responsável. Muitos irão pensar e actuar diferente de nós. Isso não pode significar que os impeçamos de discursar e apresentar a defesa das suas ideias. Aconteceu nos dois casos que mencionei. Antes, deve-se ouvir, pensar e, em vez do insulto e do ruído, produzir ideias, projectos, crítica construtiva que é a que não critica pelo simples prazer de criticar mas apresenta alternativas capazes de serem implementadas e conseguirem os mesmos ou ainda melhores resultados.

Ao abusarem tanto da democracia, violentando os seus valores, este pessoal propaga a ditadura e afronta a democracia. Eu até diria, por favor emigrem. Mas isso seria dar-lhes a importância que não têm e proceder exactamente da forma como eles se costumam comportar. Infelizmente, esta gentinha que não enxerga pelos seus próprios meios, e se deixa tão facilmente influenciar e manipular, nem para um exílio onde se encontrassem no meio dos seus pares são adequados.

Estou de gatas!!! De gatas e completamente desconjuntada!!! Desconjuntada e totalmente torcida!!!

Mas valeu a pena!!!

Na sexta feira passada comecei a construir um viveiro onde todos os pássaros que tenho pudessem estar juntos. Pois; até aí tudo bem… Só que não consegui terminar durante o fim de semana e só hoje dei a obra de construção por concluída.

Agora falta a pintura exterior mas devo dizer que os destinatários da “gaiola de luxo” estão felicíssimos. E, ao contrário do que dizem alguns criadores de pássaros, as diferentes raças não se exasperaram umas com as outras, não se provocaram, não têm em conta os tamanhos e os bicos. Uma verdadeira sociedade democrática.

Não há dúvida nenhuma que a democracia exige esforço para ser construída! (eu que o diga que ando toda torta e desconjuntada… eu e não a gaiola; essa está com bons alicerces)

Lendo jornais, assistindo aos noticiários, falando com amigos, fazendo conversa…. é muito raro não haver nos diálogos alusão ou alusões ao estado da nossa democracia.

Apenas alguns exemplos: processo Casa Pia, Saco Azul, suspeições, escutas, crime organizado, violência, processos da justiça mal conduzidos, fugas de informação e do segredo de justiça, listas de espera sem fim no Serviço Saúde, offshores para desvio de fundos, BPN, fraudes financeiras, corrupção, subornos, atentados contra o Estado de Direito Democrático na forma de  manipulação da Comunicação Social, crise aguda no ensino, crise de valores, falta de transparência nos mais diversos concursos e até em diversos tipos de  financiamentos, falta de ética nos mais diversos sectores da sociedade, processo  Freeport, desemprego, emprego precário, empresas sem objectivos nem produtividade, crédito mal parado, processo Face Oculta, …

Recentemente estive em Évora e fotografei um painel enorme colocado num dos jardins da cidade comemorando a revolução do 25 de Abril. Olhando para toda a pintura,  esbatida e quase irreconhecível,  não tive qualquer dúvida em chamar-lhe, 35 anos depois de Abril,  o estado da nossa democracia.

 Haverá restauro?