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Faz-me confusão
Mar 1st, 2011 by M.J. Ferreira

Há pouco no Noticiário de um canal generalista ouvi uma notícia que dava conta de um jovem que foi detido porque não pagou a multa a que foi condenado por ter feito um “grafiti” dedicado à namorada na parede da escola. Parece que, na altura, o rapaz que para a execução da “obra de arte” tinha sido ajudado por amigos, limpou o que tinha sujo. Ao que parece, o rapaz não terá pago a multa por ter considerado injusto ser o único a ser penalizado.

Há situações deveras interessantes no que se trata de Justiça portuguesa. Todos os dias lemos sobre diversos crimes mais ou menos graves em que os suspeitos são levados a Tribunal e postos em liberdade. Acontece, e não erro muito se disser frequentemente, que estes meliantes libertados pelo Juiz voltam à sua vidinha e continuam a sua azáfama criminosa, sendo detidos novamente e… novamente presentes a Tribunal. Entretanto, neste tipo de acontecimentos quem fica prejudicado são as vítimas que se sentem duplamente lesadas, é a PSP ou a GNR que são achincalhadas com o sistema penal, somos todos em geral que suportamos com os nossos impostos o regabofe instalado no nosso país.

Sinceramente, faz-me confusão que o jovem pintor de declarações amorosas seja encarcerado e verdadeiros criminosos sejam deixados ao deus dará para continuarem a exercer a sua “arte”. Faz-me mesmo muita confusão!

Não que eu ache que a Lei não seja de aplicar no caso do jovem enamorado. Claro que deve. Mas este é um caso, entre muitos, que alerta para o quanto o nosso sistema penal está mal elaborado para a realidade que vivemos diariamente. Começam a ser frequente, não só casos flagrantes de fintas ao sistema como, por outro lado, de atropelamentos trágicos pelo sistema vigente. Faz-me confusão.

Enfim, a realidade é nua e crua. Um grafiti de amor resultou em prisão para um jovem de Peniche, Como isto já se passou há algum tempo, a parede está limpa, desculpas foram apresentadas, o jovem está mais velho, não se sabe qual foi a reacção da moçoila a tudo que indirectamente inspirou e nem se sabe se o amor foi correspondido, ou se, com tão graves consequências, a relação não passou de amor a ódio…

Ódio tenho eu à enorme borrada com que as pessoas importantes estão a grafitar este país. Não limpam, não admitem erros, não se desculpam nem se explicam e quem paga… quem paga somos nós; eu, tu, você, todos os que pagam impostos atrás de impostos e mais impostos. Faz-me confusão, pronto.

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