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Campanha Eleitoral
May 26th, 2011 by M.J. Ferreira

Felizmente, falta pouco tempo para a Campanha Eleitoral terminar e não termos que assistir às peripécias dos ditos dois maiores partidos do país.  Hoje, com a chamada de Passos para uma reavaliação da Lei do Aborto pode perceber-se que vale tudo para caçar votos.

É doloroso assistir ao que se passa diariamente entre PS e PSD. É mesmo uma lástima incómoda pela ausência da dignidade que deve pautar a apresentação de como devem ser geridos os destinos da Nação.  Penso que esta atitude nos deve fazer pensar duas vezes. E eu digo duas vezes, não porque esse é o dito tradicional mas, porque saltam imediatamente dois pensamentos que não devem andar muito longe da verdade.

O primeiro, é que o líder do partido que foi governo e que se recandidata à mesmíssima ocupação dos últimos seis anos sofre de uma falta de humildade incapaz de reconhecer a sua obra e prefere a atitude tão portuguesa do “eu não tive a culpa” e, por isso, não mereço castigo. O lema parece ser: continuem a confiar porque tenho 78 milhões de razões para ficar. Em contrapartida, o líder do que foi o maior partido da oposição, e que quer ser Primeiro Ministro, certamente deslumbrado com os métodos dos que quer destituir, acaba por cair na armadilha de tentar jogar com as armas daqueles, quando deveria apresentar-se com a humildade de quem quer ser e fazer diferente não se deixando enredar nos labirintos perigosos da maledicência e dos ataques pessoais. O lema parece ser: confiem porque tenho 78 milhões de razões para mudar as caras dos que tiveram nos últimos seis anos.

O segundo pensamento, aponta para o vale tudo. Do partido do PM demissionário e, desde que este continue a liderar os destinos daquele, espera-se o uso pernicioso da criatividade  dos Directores de Campanha, não só onde vale tudo mas, também, onde tudo e mais alguma coisa pode vir a lume, uma vez que os brandos costumes têm aceite com um sorriso brando o branquear actuações, declarações, decisões e outras coisas terminadas em “ões”. O caso recente dos emigrantes – alguns nem legais estavam – para ocupar espaço e agitar bandeirinhas foi degradante… Mas, do partido do que ser PM e que, cujo líder, para o bem e para o mal, não apresenta, nos últimos anos, destaque político ou cargos políticos; ao invés de usar isso como uma mudança do que a sociedade necessita, ainda não surgiu a humilde honestidade de combater apenas com trabalho e integridade. O resultado são tiros nos pés e não há sapatos que aguentem esburacados a caminhada que uma Campanha Eleitoral exige.

Não tenho dúvidas que hoje Passos esburacou um pouco mais o seu calçado. Considerar que pode ser reavaliada a Lei do Aborto nesta altura do campeonato é apenas uma tentativa infeliz de captar o eleitorado do CDS-PP, dado o pavor que pode ser o crescimento daquele partido nos resultados de Junho, o que iria baralhar os interesses dos laranjinhas. Qualquer cabeça pensante sabe que a entrevista a Passos Coelho ocorreu na Rádio Renascença e começa a perceber que Passos tem mais de Sócrates do que Ferreira Leite (Sócrates na sua enorme capacidade e habilidade para prometer sem cumprir e Ferreira Leite na sua enorme determinação em dizer a verdade, ainda que isso faça perder votos; o que, na experiência recente da velha senhora, atirou o PSD para um baixo resultado em Legislativas).

Reavaliar a Lei do Aborto neste momento, invocando até a possibilidade de um novo Referendo, é desfocar dos problemas reais que o país atravessa quando o dinheiro “disponível” nem chega para pagar as necessidades da gestão diária.  Que tentativa feia e baixa de roubar votos a um eleitorado que os de esquerda gostam de chamar de direita, como se isso fosse depreciativo, a liberdade de escolha não existisse e a democracia estivesse morta. Já não bastava o buraco abismal pelo convite  dirigido a Fernando Nobre e por este aceite e… hoje mais esta… Nem sei se ainda vai conseguir colocar meias solas a tempo para o resto da caminhada que falta até ao encerramento da Campanha.

Felizmente, e porque o meu voto há muito que está decidido, não sou um eleitor indeciso. Há muito que decidi que o meu voto vai ser CDS-PP. E estou satisfeita e identificada com o que este pequeno partido tem trabalhado e defendido. Como Nuno Rogeiro, em crónica recente na Revista Sábado (nº368, pag. 56) escreveu, “os bons resultados do partido de Portas (ainda é o partido de Portas, sendo isso uma força e uma fraqueza) explicam-se facilmente. O PP é coerente, mas racional. O PP é teimoso, mas com ideias. O PP é articulado, mas sintético. O PP faz os trabalhos de casa (sem copiar). O PP tem uma linha, onde outros pescam à linha. E possui uma estratégia, onde outros só têm lanternas, e mapas desactualizados”. Setenta e oito milhões de razões para serem a mudança que estamos a precisar.

 

 

 

Às vezes ainda quero acreditar…
May 23rd, 2011 by M.J. Ferreira

A campanha eleitoral aí está em força e eu… tão ingénua… pensava que era desta que ouvia, alto e bom som, as propostas para executar o programa da troika (que é quem diz, do triunvirato) que nos está atribuído; uma vez que, na pré-campanha foi Sócrates para aqui e Passos para acolá. Até parecia ping-pong profissional, tal a rapidez em que a “bola” (isto é, bonitos adjectivos com que os políticos se brindavam) passava de um lado para o outro da “mesa” (palco eleitoral, que é como quem diz, o nosso Portugal, com especial predilecção e/ou apetência para a produção de vídeos televisivos para passarem nos Telejornais).

Pois a campanha é mais do mesmo e fico completamente de boca aberta ao ver como, em vez de esclarecimentos sobre a resolução dos verdadeiros problemas, se discutem as possíveis coligações pós eleitorais. Ó senhores, primeiro deixem que aconteçam as eleições! Para quê pôr a carroça à frente dos bois? Será que foi só eu que ouvi a disponibilidade partidária de cada uma das forças políticas para entendimentos futuros logo no início da pré-campanha e alguns ainda mais cedo?

Às vezes ainda quero acreditar… mas da forma como as “máquinas” partidárias estão a labutar, são só jogos de poder, armadilhas, laços e muito, mas muito bla, bla, bla.

Com tantas maneiras ajuizadas de gastar dinheiro, a minha única consolação é que estas eleições devem ser das mais concorridas dos últimos anos. Pelo menos, esta é a reacção que espero da dita “geração à rasca” e do movimento que andaram aí a fazer de cidadania. Nem outra coisa eu acredito que possa acontecer. Tenho como certo que devem ser “bichas” e “bichas” para chegar às mesas de voto (votar é um dos maiores gestos de cidadania). Ai…ai… a não ser que a dita “geração à rasca” queira é passeios nas avenidas, piqueniques no meio da rua, gritarias e cantilenas e se estejam nas tintas para o resto. Assim como assim os facilitismos e os exemplos que têm sido dados aos grupos etários que vão até aos trinta mais ao menos, conseguem uma filosofia de vida onde o esforço e o reconhecimento do trabalho necessário para produzir/progredir não é devidamente valorizado.

Apenas um exemplo: com o facilitismo que se instalou no sistema de ensino, não se pode esperar que os que dele usufruem saibam devidamente valorizar o que são as verdadeiras dificuldades e desafios que uma formação bem feita sempre apresenta. Como diz a sábia expressão do povo, a “papinha feita” nunca foi boa conselheira para a autonomia dos destinatários e… quando um ser de hábitos, como o ser humano é, está habituado ao mínimo esforço, espera sempre que as coisas caiam do céu.

A vida real não é assim. Para encontrar a direcção certa nos labirintos da vida não nos podemos dar ao luxo de enaltecermos a mediocridade. Todos devemos estar preparados para ser parte da solução e não para contribuir para exacerbar os problemas.

Às vezes (ainda) quero acreditar que vamos dar a volta por cima. Às vezes! E considero-me uma optimista. Resiliente, pelo menos, sou!

Nota: A geração à rasca deste comentário não tem nada a ver com a geração de pessoas que estão mesmo à rasca, pessoas que pagam os seus impostos e por motivos que hoje em dia se assemelham, perderam empregos, não conseguem pagar as suas necessidades e estão completamente enrascados, quantas vezes apenas com a fé que alenta e a esperança teimosa que o amanhã vai ser diferente, para melhor. Ou jovens que trabalharam  para pagar propinas quando os pais não têm para ajudar ao mesmo tempo que queimavam  as pestanas para conseguir marcas que os deviam ajudar a obter, no mercado de trabalho, ocupações compatíveis com o esforço dispendido e estão à rasca, enrascados com as perspectivas de futuro em terras lusitanas.

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