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O meu.. o teu… o de Deus
September 25th, 2013 by M.J. Ferreira

Todos os dias descubro mensagens de encorajamento e motivação no meu devocional. O de hoje, lembrava-me como Deus, apesar de tantas vezes vermos prosperar os que não olham a quaisquer meios para atingir os seus fins, tem um propósito que visa aperfeiçoar-nos. Ele não nos nega “as coisas boas”; apenas, elas têm um tempo certo para nos serem dadas. Entretanto, a nossa perseverança em nEle confiar desenvolve-se e aprendemos a dependência na Sua vontade, no seu propósito para a nossa vida.

A propósito do propósito, fui hoje assaltada com um pensamento que tem a ver com propósitos meus e de outros irmãos na fé relativamente a assuntos de todos os dias. Hoje, ao ler sobre os professores, confesso que na minha maneira de ver concordo no geral com as políticas do Governo. Já foi o tempo em que ser professor era uma profissão com colocação certa. Isto fez que a profissão tivesse os profissionais verdadeiramente vocacionados e os outros. Com a demografia que é a nossa e as dificuldades económicas, não me “choca” que cada vez sejam necessários menos professores e, por isso mesmo, acho estúpidos a maior parte dos protestos dos sindicatos. Condeno o “lobby” instalado na classe e defendo uma avaliação independente e uma formação pertinente e contínua a cada professor. Como se costuma dizer, sou do tempo em que as classes tinham mais de trinta alunos, incluíam diversos graus de ensino em simultâneo e até ao sábado tínhamos aulas. Não me lembro de não ter aulas por falta de professores e recordo com respeito os “castigos” que me foram impostos que, ao invés de me traumatizarem, me ajudaram, também, a ser a mulher que sou hoje.

Entretanto, e voltando aos diversos propósitos, tenho alguns amigos professores que comungam da mesma fé e eles têm pensamentos diametralmente opostos aos meus. Eles têm o seu propósito e quando falam com Deus apresentam-lhe os seus problemas vistos à sua maneira. Eu, e muitos outros como eu, ao falarmos com Deus sobre o assunto, o nosso propósito, o que temos em mira que gostávamos que acontecesse não se coaduna com os desejos daqueles. O que eu acho bem é o que outros da mesma fé acham mal e os que eles acham mal, eu e outros como eu, defendemos como bem. Em ambos os grupos, apresentamos a Deus desejos que julgamos acertados e que defendemos acreditando que são os propósitos que fazem a “vontade de Deus”.

Quando, hoje, no Livro dos Salmos posso ler a promessa de que mesmo que o inimigo do justo (nome dado na Bíblia ao povo de Deus) possa florescer por um tempo, Deus derramará as suas bençãos sobre os justos; a minha mente questiona quem são os justos no caso dos professores, uma vez que há diversos propósitos no povo de Deus para tal assunto? Ou quem são os justos em tantos outros assuntos onde opiniões divergem? A diversidade mostra a falibilidade humana. Nem sempre certos, meio certos ou errados. A este respeito, só me ocorre que, apesar do “meu” e/ou do “teu” propósito, há o propósito de Deus e qual é este?

O propósito de Deus para as nossas vidas não é um mistério. Ele, de certa forma, foi revelado por Jesus quando resumiu todos os mandamentos em apenas dois: Amar a Deus sobre todas as coisas e amar as pessoas como a nós mesmo. Ao amar a Deus sobre todas as coisas, eu vou perceber que preciso continuamente dEle, da Sua Palavra, onde bebo o exemplo de Jesus e percebo a Sua orientação mediante o trabalho do Espírito Santo em mim.

Ao amar as pessoas como a mim mesmo, eu vou perceber a dificuldade do acto de amar porque vou ter que amar o que é igual e diferente de mim, que pensa parecido ou diferente de mim, o que age de forma semelhante ou de maneira diferente. Ao amar os outros como a mim mesmo, eu vou perceber que errar recomenda o perdão, que perdoar aconselha a esquecer e que esquecer não significa guardar na memória para atirar na primeira oportunidade mas deitar para trás das costas e continuar amando.

Nesta encruzilhada de amar os meus irmãos encontro-me hoje quando os nossos propósitos divergem tanto em assuntos comuns e reais de todos os dias. Mas, se na sua realidade de tantos séculos, o povo de Deus tem experimentado da compreensão de Deus, é, também, e ainda, na nossa realidade que temos a compreensão de Deus, do Seu propósito, da Sua graça. Dia após dia, à medida que nos “enchemos com a Sua Palavra, podemos experimentar uma relação poderosa com Ele, seja quais forem as situações que nos são colocadas, sejam elas provas difíceis que temos de superar ou alegrias e sentimentos de contentamento. Os nossos propósitos de vida encontram, então, e abraçam, o propósito de Deus em cada desafio da vida.

Viver cada experiência sabendo que Deus participa delas, ensina-me e comunica-me mais um pouco do Seu carácter, ao mesmo tempo que me incentiva a caminhar sempre um pouco mais na Sua direcção. Porquê tanta opinião diferente, tanta interpretação, tamanha democracia no seio da comunidade cristã? Não é assim com todos?

Recordo Paulo aos Coríntios quando ele os adverte que tudo lhes é permitido mas nem tudo serve para edificação perante o Senhor. Podemos pensar de diversas maneiras, tecer milhares de diferentes interpretações, opinar de variadas maneiras. Tudo nos é permitido. No entanto, nem tudo nos edifica perante Deus. Esta percepção, ao invés de castrar a nossa razão, eleva-a a um patamar mais alto de compreensão que, na maioria, dos casos, não sabemos explicar ou colocar em palavras face às realidades que vivemos. Mais uma vez. Foi em sua realidade que Israel provou da compreensão de Deus e do Seu propósito. É na nossa realidade que temos a compreensão de Deus, do Seu propósito, da Sua graça.

Isto acontece dia após dia, à medida que experimentamos uma relação poderosa com Deus. O nosso propósito, não importando as situações adversas, não importando as provas difíceis, não importando os desafios da vida, será moldado ao propósito divino. À medida que somos moldados podemos experimentar a unidade que temos na fé em Jesus. Poderemos falar a uma só voz e, então o mundo em que estamos inseridos, perceberá finalmente que, apesar de todas as nossas diferenças, a diversidade não é sinónimo de caos mas unidade e comunhão.

Infelizmente, estamos ainda longe da unidade por que Jesus orou antes de morrer. Se não tivermos cuidado, podemos facilmente ficar preocupados ou até mesmo obcecados em encontrar o propósito de Deus para as nossas vidas. Nesta busca, deixamos muitas vezes que a nossa razão se sobreponha à fé quando fé e razão ao invés de se antagonizarem se completam humildemente sem preconceitos e antagonismos.

Não vou perceber imediatamente o porquê de continuarmos divididos. Percebo as desvantagens disso. Por mim, e apesar de errar diariamente, continuarei a buscar a Deus diariamente e a seguir os conselhos da Palavra. Abomino as muitas denominações religiosas e anseio pela unidade por que Jesus orou. Depois, num mundo onde se experimentam tantas razões e opiniões, Paulo, no Livro aos Romanos, dá um conselho útil para qualquer tempo, para qualquer geração: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da vossa mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Um dia seremos um como o Pai, o Filho e o Espírito são um.


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