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Ontem foi feriado
April 26th, 2013 by M.J. Ferreira

Ontem foi feriado e, por isso, não houve publicação no blogue, algo que mantenho desde o primeiro dia, tal como acontece durante os fins de semana.

Contudo, digo com toda a sinceridade que o feriado de ontem cada vez tem menos sentido para mim. Celebrar o 25 de Abril como o Dia da Liberdade que deu origem ao regime democrático que hoje vivemos provoca-me dois diferentes estados de alma.

Por um lado, acredito em liberdade. Porque a liberdade inclui fé, esperança, caridade, respeito, disciplina, solidariedade, tolerância, justiça, educação, dedicação, segurança, vontade de trabalhar, rigor, cidadania, responsabilidade, moral e ética.

Mas, por outro, não acredito na liberdade que a revolução conquistou. Não acredito na democracia que tem sido desenvolvida já lá vão quase quatro décadas. Considero que vivemos num regime putrefacto onde o significado da palavra democracia não encontra eco em grande parte da população e dos políticos deste país.

Efectivamente, perceber os tempos que vivemos e continuar a assistir e presenciar tantos interesses que se colocam à frente do interesse nacional é algo que me entristece enquanto portuguesa que se nega a baixar os braços perante as dificuldades e tormentas que têm atingido todas as classes.

Ontem o Presidente da República discursou. Foi um discurso tão corajoso quanto inesperado. Prefiro destacar o seu forte apelo ao consenso e à concertação que, de imediato, beliscou os que se perfilam clamando por eleições, esquecendo que, para o bem e para o mal, temos um governo legítimo e com maioria parlamentar. Irresponsavelmente, muitas vozes se ouviram renegando esse mesmo consenso, criticando ferozmente, até insultando. Muito ruído; porém, sem soluções, pois não sabem apresentar, imaginar ou construir alternativas que não nos conduzam ao descrédito e à falência.

Os tempos são difíceis e assim se irão manter. Enquanto o país não falar a uma só voz, concertando-se e concentrando-se numa estratégia de médio/longo prazo podemos continuar a brincar às democracias e celebrar a liberdade mas, a verdade é que o regime está doente e não há doença que se cure no meio do caos. Num clima de constante crispação e desconfiança institucional jamais iremos conseguir superar a tão famigerada e badalada crise.

Felizmente ontem foi feriado e eu pude escalonar as horas do dia para trabalhar. A verdade é que tinha muita coisa para fazer que o tempo durante a semana normal de trabalho não permite e sabe bem não perder o ritmo com um dia de descanso “entalado” no meio da semana.

Ontem foi 25 de Abril, Dia da Liberdade. Prezo a liberdade. Livre, eu sou. Porém, tenho muitas dificuldades em entender e compreender a liberdade (fraca e enferma) que se respira no meu país. Mas democracia é assim mesmo. Fazer birras é só para aqueles que não vêem para além do seu umbigo. Não passam de parte do problema. Os outros, trabalham pelo bem comum e esforçam-se por respeitar as escolhas das maiorias. São parte da solução, honrando com o melhor de si próprios o esforço necessário para ultrapassar as dificuldades.


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