December 29th, 2009 by M.J. Ferreira
Mais uma vez estamos preocupados. A chuva não pára de cair e tememos que o rio transborde e inunde o local onde vivemos e trabalhamos.
Sempre que acontecem períodos de grande pluviosidade que fazem aumentar substancialmente o caudal do rio que corre a poucos metros, começamos a olhar uns para os outros – moradores e comerciantes – e interrogamo-nos sobre os últimos conselhos da Protecção Civil, as horas das marés e esperamos. Entretanto, colocam-se mais altas as coisas que estão rente ao chão, protegem-se as entradas, preparam-se as botas de borracha para o que der e vier, acautelamo-nos e aguardamos. Olham-se os noticiários, assiste-se aos estragos noutras terras, presenciam-se imagens de pessoas derrotadas pelas águas impiedosas que tudo levam, reza-se, prevenimo-nos e vigia-se. Espera-se com paciência a que impaciente, frenética e sôfrega se pode aproximar no tempo de que não conhecemos a hora. Só nos resta velar com serenidade e ter esperança.
Hoje de manhã fui a Loures. A rotunda a seguir à ponte há já dois dias que não resiste. A água, a lama, a confusão, sempre as mesmas conversas, as mesmas culpas, as lágrimas e a mesma disposição de entreajuda entre os afectados. Há que limpar, há que eliminar com determinação e forças que vêm lá bem do fundo a imagem das perdas, dos estragos, dos transtornos. Há coragem, há determinação, há solidariedade. Quanto mais depressa for limpo e contabilizado, mais depressa os olhos se enxugam e os sonhos continuam. Mas hoje não pára de chover.
Imagens da rotunda pelas 11 horas da manhã, quando já tinha passado o pior: