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Lá, eu encontrei Jesus
December 4th, 2009 by M.J. Ferreira

 “Amanhã de manhã” começou por dizer o cirurgião,  “vou abrir o teu coração…”

O senhor doutor vai lá encontrar Jesus”, interrompeu o rapazinho.

O cirurgião olhou para cima com uma expressão irritada e aborrecida e continuou o seu discurso: “quando eu abrir o teu coração, vou ver o quanto ele está danificado.”

Mas, quando abrir o meu coração” – retorquiu o rapazinho – “vai encontrar lá a Jesus”.

O cirurgião olhou para os pais que sentados de mãos entrelaçadas, apesar de assustados, pareciam orar com aquela paz de espírito que excede qualquer entendimento.

Depois de verificar os danos no teu coração, vou fechar o teu peito e decidir sobre os procedimentos que devem ser feitos a seguir.

Mas o senhor doutor vai encontrar Jesus no meu coração. A Bíblia diz que Ele vive lá. Todas as canções que cantamos na igreja dizem que Ele vive lá. Vai encontrá-lo no meu coração.”

Queres saber o que vou encontrar? Eu digo-te. Vou encontrar músculos danificados, pressão sanguínea insuficiente e válvulas demasiado enfraquecidas. Estás a perceber? Isso é o que vou encontrar. Só depois vou saber se consigo melhorar o teu estado.”

“Mas o senhor também lá vai encontrar Jesus. Ele vive lá.” 

Na tarde seguinte, o cirurgião fazia o balanço daquela cirurgia no seu consultório gravando todos os dados: “… aorta danificada, veias pulmonares danificadas, dilatação excessiva, degeneração. Não há qualquer esperança para transplante, não há esperança de cura. Terapia a aconselhar: calmantes, analgésicos e descanso. Prognóstico…” aqui  o cirurgião parou nos seus comentários e fez uma pausa… “morte no espaço de um ano.” O médico parou o gravador e a sua mente era um vulcão em erupção: “Porquê?” – clamou ele em voz alta. “Porquê? Porque permites ó Deus que isto aconteça. Trouxeste esta criança até mim. Porquê? Porque é que deixas que esta criança esteja em tão grande sofrimento e porque é que vais deixar que morra tão novinha”. Nos olhos do cirurgião haviam lágrimas de raiva e muita dor e incompreensão à medida que a mesma palavra, a mesma questão,  martelava intensamente na sua mente: “Porquê?”

Então, no seu interior, o Senhor respondeu-lhe dizendo: “O rapaz, ovelha do meu rebanho, não estava predestinado para continuar neste lugar. Ele é parte do meu rebanho e assim será para sempre. Para onde ele vai não sofrerá mais e o seu conforto é inimaginável para ti. Os seus pais, os seus irmãos, tu próprio, todos se lhe  juntarão um dia e todos saberão o que é paz.”

As lágrimas do cirurgião queimavam-lhe o rosto e a sua ira queimava-lhe o coração: “Tu criaste este miúdo e tu criaste o seu coração. Ele vai morrer dentro de poucos meses. Não é justo. Porquê, diz-me.” Mais uma vez o Senhor respondeu: “O rapaz, uma das minhas ovelhas, voltará ao meu rebanho pois ele já cumpriu o seu dever. Eu não o coloquei junto de seus pais e depois contigo para o perder mas para que fosse salva  uma outra ovelha, que confusa e  perdida,  precisava encontrar pessoalmente a Jesus.” O cirurgião chorava convulsivamente à medida que aquelas palavras ecoavam e modificavam o seu próprio coração.

Quando visitou o rapazinho no seu quarto e se sentou na sua cama, o menino acordou. Sorriu para ele e sussurrou numa vozinha muito fraca: “Doutor, cortou o meu coração?” “Sim”, respondeu o cirurgião. “Que encontrou lá?”. O médico, emocionado e com os olhos marejados, pegou aquela mãozinha débil e franzina e respondeu-lhe: “Lá, eu encontrei a Jesus”.

(adaptado de autor desconhecido)


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