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Eu não sou Tu
January 10th, 2011 by M.J. Ferreira

Em cima do monte que ficou perto do computador depois das grandes arrumações da semana passada está um pequeno poema em inglês de Roland Tombekai Dempster chamado Africa’s Plea.

Vale a pena pensar nele. Para além daquela que terá sido a razão e/ou os sentimentos do autor para o escrever sobre o continente africano, ele é coerente com e para uma série de situações, bem como sensível a muitas emoções.

Há pessoas que fazem tudo para que os outros as considerem superiores, há outros que abafam ou “robotizam” outros para que estes sejam o que se espera deles, há pais que pretendem que os filhos sejam uma extensão de si próprios, há amizades obsessivas que inibem o próprio “eu”. Tudo isto não está certo. Todos somos diferentes, não há repetições, não há clonagens perfeitas e nem um de nós é igual ao mais parecido que se possa arranjar.

Em qualquer situação devemos ser nós próprios. Uma pessoa, uma identidade. Embora iguais porque detentores de vida humana, seres vivos que nascem, crescem, reproduzem-se ou não e morrem; somos diferentes porque a individualidade do “Eu” nos torna especiais e únicos na obra da criação no tempo e no espaço de que fazemos parte.

Pecisamos perceber o quê, porquê, como e para que somos. Precisamos dar resposta a donde vim, onde estou, para onde eu vou. Precisamos ser e estar corpo, alma e espírito.
À medida que nos desenvolvemos, que crescemos, que amadurecemos, muita coisa, boa e menos boa acontece. Somos desafiados, temos que arriscar, precisamos perguntar e ter respostas, vamos sofrer, chorar, rir e gritar. Mas em todas as situações devemos ter a oportunidade de ser nós próprios. Claro que é bom contar com os conselhos e a experiência de outros. Mas isso, não quer dizer que vamos perceber ou fazer as coisas da mesma maneira.

Alegres ou tímidos, gordos ou magros, letrados ou curiosos, ricos ou pobres, carentes ou voluntários, famintos ou solidários, temos um “Eu” que nos distingue dos demais e, por isso, em qualquer situação, Eu não sou Tu e Tu não és Eu. Este é o apelo do poema:

“I am not you
but you will not
give me a chance
will not let me be me.

‘If I were you’
but you know
I’m not you,
Yet you will not
let me be me.

You meddle, interfere
in my affairs
as if they were yours
and you were me.

you are unfair, unwise,
foolish to think
that I can be you
talk, act
and think like you.

God made me.
He made you.
For God’s sake
Let me be me.
(Africa’s Plea – Roland T. Dempster)

em tradução livre:

Eu não sou Tu
mas Tu
não me dás uma oportunidade
não me deixas Eu ser Eu

‘Se eu fosse Tu’
mas tu sabes
Eu não sou Tu
Ainda assim Tu não me deixas
Eu ser Eu

Tu intrometes-te e interferes
nas minhas coisas
como se fossem tuas
e Tu fosses Eu.

Tu és injusto e insensato
tolo para pensar
que Eu posso ser Tu
falar, agir
e pensar como Tu.

Deus fez-me.
Ele fez-te a ti.
Por amor de Deus
Deixa Eu ser Eu.


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