November 24th, 2010 by M.J. Ferreira
Hoje, dia 24 de Novembro de 2010, o país confronta-se com uma Greve Geral contra políticas de governação que têm provocado para além do descalabro da classe média, uma ainda maior pobreza nos que tinham pouco. Os danos na administração do país estendem-se por toda a sociedade civil, provocam caos na justiça, na saúde, na educação, nos valores, na ética e na moral, na esperança de um povo fatigado de lhe pedirem sacrifícios sem retornos.
Em Abril de 1974 o país acordou com uma disposição de espírito de confiança na palavra que mais se ouviu nesse dia e nos anos que vieram a seguir:Liberdade. Esta significava acabar com a guerra, literacia, saúde para todos, oportunidades iguais para homens e mulheres, igualdade e tolerância perante diferenças de cor, raça, religião ou etnia, promessas de pão na boca de todos e de paz duradoura. Foram tempos de liberdade cujo sinónimo foi adulterado, porque liberdade não significa ter tudo ou fazer tudo. Tem responsabilidades muito sérias.
Trinta e seis anos depois de Abril, debatemos-nos com problemas gravíssimos, com falta de credibilidade, com políticos de anedota a governar-nos, com vaidades à espera de poleiro, com dogmatismo que já não se consegue aturar e pragmatismo que não chega. Depois há a tão malfadada crise que nos querem fazer crer é o sinónimo de todos os males.
Trinta e seis anos depois de Abril, quero solidarizar-me com todos os que estão hoje a trabalhar. Ou porque, essa era a convicção que a sua liberdade ditava ou, porque foram refreados no uso dessa mesma liberdade.
Trinta e seis anos depois de Abril, quero solidarizar-me com todos os que hoje estão em greve. Porque essa é a forma visível de cada um da sua liberdade. E a liberdade deve exercer-se.
Trinta e seis anos depois de Abril, a minha liberdade apela a que sejamos um povo unido. A única coisa que me apetece publicar hoje é a velhinha canção de Abril: “Somos livres”.
Somos livres! Não voltaremos atrás!