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Halloween
October 31st, 2010 by M.J. Ferreira

Para muitas pessoas, este fim de semana é um fim de semana maior que o habitual. Para além do Sábado e Domingo, a Segunda-feira é feriado nacional para comemorar o Dia de Todos os Santos.

Com certeza estão a ser três dias que permitem uma pequena folga nas obrigações de todos os dias e que permitem levantar mais tarde, passar tempo com a família, viajar para estar com ela e, em muitos lares, preparar a visita aos cemitérios para lembrar aqueles que já morreram. É por isso, que o dia 2 de Novembro, o dia imediatamente a seguir ao feriado, é chamado de Dia de Finados. Habitualmente, os cemitérios enchem-se de flores, velas e pessoas que por lá passam visitando e ornamentando as campas dos seus familiares e amigos falecidos.

Não sei se com a crise que vivemos as flores naturais serão uma opção para muitas bolsas. Tradicionalmente ficam nesta data mais caras e provavelmente muitos irão encontrar soluções alternativas nas lojas dos chineses que vendem flores artificiais de todas as qualidades com a vantagem de não murchar, para os ramos que fielmente depositarão nos locais de repouso dos que já partiram.

Não é que eu seja do contra mas não alimento esta data. Não é que eu seja insensível à saudade dos que já partiram mas tenho-me “recusado” a fazer dos cemitérios um local de passagem nesta data. Prefiro a discrição de outros dias, prefiro homenageá-los(as) recordando vidas e dando graças a Deus pelos exemplos, pelo tempo passado junto, pelas gargalhadas, brincadeiras e arrufos em conjunto, por terem desempenhado um papel tão importante naquilo que sou hoje.

Todas as pessoas são diferentes umas das outras e, sabendo isso, todas me merecem igual respeito, pelo que, não condeno quem necessita deste ritual para estar em paz consigo próprio.

Outro ritual que começou a desenvolver-se de há uns tempos para cá é o da noite do Halloween, celebrada entre o pôr-do-sol do dia 31 de Outubro e o dia 1 de Novembro. Esta noite já vi anunciadas junto às estradas muitas “festas” com bailaricos onde se deve ir mascarado a preceito.

Pesquisas que efectuei dão conta que a origem do halloween remonta às tradições dos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a.C. e 800 d.C., embora com marcadas diferenças em relação às actuais abóboras ou da famosa frase “Gostosuras ou travessuras”, exportada pelos Estados Unidos, que popularizaram a comemoração. Originalmente, o halloween não tinha relação com bruxas. Era um festival do calendário celta da Irlanda, o festival de Samhain, celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro e marcava o fim do verão(samhain significa literalmente “fim do verão”).

A celebração do Halloween parece ter duas origens que, no decorrer dos anos e da História se misturaram:

A Origem Pagã
Tem a ver com a celebração celta chamada Samhain, que tinha como objectivo prestar culto aos mortos. Sabe-se que as festividades do Samhain eram celebradas muito possivelmente entre os dias 5 e 7 de novembro (a meio caminho entre o equinócio de verão e o solstício de inverno). Eram precedidas por uma série de festejos que duravam uma semana.

A “festa dos mortos” era uma das suas datas mais importantes, pois celebrava o que para nós seriam “o céu e a terra” (conceitos que só chegaram com o cristianismo). Para os celtas, o lugar dos mortos era um lugar de felicidade perfeita, onde não haveria fome nem dor. A festa era celebrava com ritos presididos pelos sacerdotes druidas, que atuavam como “médiuns” entre as pessoas e os seus antepassados. Dizia-se também que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar seus antigos lares e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo.

A Origem Católica
Tem a ver com a consagração de um dia para festejar “Todos os Mártires”. A festa em honra de Todos os Santos, inicialmente era celebrada no dia 13 de maio, mas o Papa Gregório III(† 741) mudou a data para o dia 1 de Novembro, que era o dia da dedicação da capela de Todos os Santos na Basílica de São Pedro, em Roma.

Mais tarde, no ano de 840, o Papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos os Santos fosse celebrada universalmente. Como festa grande, esta também ganhou a sua celebração vespertina ou vigília, que prepara a festa no dia anterior (31 de Outubro). Na tradução para o inglês, essa vigília era chamada All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), passando depois pelas formas All Hallowed Eve e “All Hallow Een” até chegar à palavra atual “Halloween”.

A relação da comemoração desta data com as bruxas propriamente ditas teria começado na Idade Média no seguimento das perseguições incitadas por líderes políticos e religiosos, sendo conduzidos julgamentos pela Inquisição, com o intuito de condenar os homens ou mulheres que fossem considerados curandeiros e/ou pagãos.

Todos os que fossem alvo de tal suspeita eram designados por bruxos ou bruxas, com elevado sentido negativo e pejorativo, devendo ser julgados pelo tribunal do Santo Ofício e, na maioria das vezes, queimados na fogueira nos designados autos-de-fé.

Essa designação perpetuou-se e a comemoração do halloween, levada até aos Estados Unidos pelos emigrantes irlandeses (povo de etnia e cultura celta) no século XIX, ficou conhecida como “dia das bruxas”, uma lenda histórica.

Se analisarmos o modo como o Halloween é celebrado hoje, veremos que pouco tem a ver com as suas origens: só restou uma alusão aos mortos, mas com um carácter completamente distinto do que tinha ao princípio. Além disso foi sendo pouco a pouco incorporada toda uma série de elementos estranhos tanto à festa de Finados como à de Todos os Santos.

A mais famosa referência do Halloween é a abóbora oca, com orifícios cavados e aparência demoníaca, denominada Jack-o-Lantern. A sua origem está presente no folclore irlandês. Segundo a lenda, um homem chamado Jack, notório beberrão e trapaceiro, esculpiu uma cruz no tronco de uma árvore, prendendo o diabo em cima dela. Assim, Jack firmou um trato com o Diabo: se ele nunca o atormentasse, ele apagava a cruz do tronco e o deixava-o descer da árvore.

Depois de Jack morrer a sua entrada no Céu foi recusada devido ao seu pacto com o Diabo. No inferno, também não foi aceite devido às suas trapaças. Porém, o Diabo concedeu a Jack uma única vela para iluminar os seus caminhos. A sua chama teria que ser preservada eternamente. Então Jack colocou-a dentro de um nabo oco, e esculpiu alguns furos para dar passagem à luz emitida pela chama.

Assim, originalmente as Lanternas de Jack eram feitas com nabos. Mas quando os imigrantes irlandeses aportaram nos Estados Unidos em 1840, encontraram as abóboras que são muito mais adequadas. Desta forma, a abóbora tornou-se o principal símbolo contemporâneo do Halloween.
Para além da abóbora, na celebração actual do Halloween, podemos notar a presença de muitos elementos ligados ao folclore em torno da bruxaria. As fantasias, enfeites e outros itens comercializados por ocasião dessa festa estão repletos de bruxas, gatos pretos, vampiros, fantasmas e monstros, no entanto isso não reflecte nem a realidade pagã, nem a realidade cristã.

Mais que corresponderem às origens da data são uma forma de consumo e, em muitas escolas, os pais devem comprar fatos e acessórios com que os filhos vão mascarados para as escolas.

Eu não cresci com esta tradição e, sinceramente, nada me faz brincar às bruxas. A única tradição que relaciono com esta data é a do “Pão por Deus” mas só amanhã é dia de o ir pedir de porta em porta.

Até amanhã que vou preparar o meu saquinho para ir ao “Pão por Deus”.

(textos sobre o Halloween compilados da Wikipédia e do site Specrumgothic)


3 Responses  
  • Lena Freixo writes:
    November 2nd, 2010 at 4:03 am

    Esclareça-me s.f.f.!
    Mas saiu para pedir o pão por Deus, ou ficou em casa para dar os bolinhos que fez, a quem bateu à porta?
    Palpita-me que juntou ar duas hipóteses, encheu uns saquinhos de bolinhos e foi retibuindo a quem lhe abriu a porta!
    Eu “jogo completamente no seu clube”!
    Não sou avessa a coisas novas, pelo contrário, mas esta do dia das bruxas, não engulo! Eu chamo-lhe “americanices importadas”! Pois a nossa tradição é mais bonita e mais de acordo com a vida dos portugueses! Ainda se fosse uma data não festejada entre nós! Mas deixar de lado, esquecido, o que a maioria dos nossos pais faziam nesse dia, e substituir-se por um “Carnaval” fora de época, incutido em crianças pouco mais velhas que de berço! Grande culpa se pode atribuir ao comércio e à ânsia desenfreada de aumentar as vendas, não importa como!
    Tenho pena de nunca ter vivido este dia segundo a tradição, pois nasci e vivo num meio urbano, onde veio parar uma população, maioritariamente rural, em busca de melhores condições de vida, para eles e seus filhos, e que deixaram cair essas tradições, embora falássem em casa, com visível saudade, sobre o que faziam neste ou naquele dia´, quando estavam “lá na minha terra”!
    Eu também pertenço àquele outro grupo de pessoas “sem terra”!Aquele grupo que se habituou a ouvir os colegas de escola dizer que tinham ido “passar as férias à terra”! E eu? Eu não tinha terra para onde ir!

    Também não tenho hábito de ir ao cemitério no dia 2 de Novembro, e nem noutro! Sou mais de cuidar o melhor que posso e sei, dos vivos. Também não critico quem o faz, e acho até que fazem bem se sentem esse apelo, ou isso lhes mitiga a saudade e lhes dá paz. Também não digo que nunca o farei. Se um dia achar que preciso ir lá mais vezes, irei.

    Bem! Hoje é melhor parar por aqui! Comento poucas vezes, mas em dia de “veia”… vou por aí, que ninguém me pára! É por ser ao serão, que de dia não tenho tempo para a “veia”!
    Nota: Vou comprar farinha de milho!…

  • M.J. Ferreira writes:
    November 2nd, 2010 at 4:09 pm

    Olá. Infelizmente nenhuma criancinha me bateu à porta. De manhã, quando saí de Vila Nova vi “bandos de crianças” de sacos na mão enquanto circulava na rua principal. No entanto, no regresso a casa, parei na minha filha para deixar o pão por Deus, receber o pão por Deus dela e quando cheguei distribuí pelo resto da família e vizinhos do lado.
    Foi uma maneira de falar do Pão por Deus e ficar com a certeza de que a tradição continua bem viva na família.

  • Lena Freixo writes:
    November 3rd, 2010 at 12:53 am

    Ora aí está a diferença!
    As cidades são sítios onde as pessoas vivem de costas voltadas! Mesmo quando já nos demos conta disso, continuamos a “ir na onda” porque sempre vivemos assim e agora tememos os comentários ou os olhares, ou sei lá que mais, que possam pensar os que nos rodeiam| É isso que eu sinto!
    Eu tenho metade das costelas no Baixo Alentejo e a outra metade em Trás-os-Montes, e sinto muito a falta de todos os hábitos de que sempre ouvi apenas falar, e que me faltou viver! Também, como já sabe, me apaixonei por aquela parte do Alentejo, muito especialmente pelo convívio que encontro lá. E um sítio especial, porque as pessoas estão mais disponíveis e mostram-no abertamente, e isso encanta-me e contagia-me!
    Pudesse eu e passaria lá muito mais tempo!
    E não é que assim se fazem grandes amigos? É não É?


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