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Um país à beira mar plantado, chamado Portugal
June 3rd, 2010 by M.J. Ferreira

Um país à beira mar plantado chamado Portugal.
Este país à beira mal plantado é o meu país. Magnífico na História e nas histórias contadas e por contar. Rico na cultura e nas tradições. Cheio de poetas, de lendas e de feitos heróicos. Pleno de belas paisagens e mar a perder de vista.
Um país onde cabem muitas raças, muitos credos, muita esperança e muita fé.
Um país de lutas, de batalhas, de orgulho e de raça.
Um país pioneiro adormecido enquanto espera o Sebastião que traz um qualquer futuro glorioso.
Um país de canções enredado nas malhas dum fado triste de enganos e desalentos.
Um país à beira mar plantado, chamado Portugal.
Ferido na sua honra estrebucha com o som estridente de apitos dourados, faces ocultas e compadrios que nos envergonham sem qualquer pudor.
Esburacado nos seus alicerces desmorona-se lenta e perigosamente pondo a nu um esqueleto desarticulado e apodrecido.
Um país que amo e que não suporto na sua leveza insensível e insustentável com que encara os tempos presentes.

Estes tempos são de uma ironia atroz. Num país onde diariamente os óbitos superam os nascimentos, foi descoberta a pólvora para aumentar a idade para ser criança. Desde ontem, a idade pediátrica foi alargada para os 18 anos e os diversos serviços de pediatria exisentes por Portugal fora vão, de forma gradual e progressiva, estender o atendimento até essa idade, como anunciou o Ministério da Saúde.

Como explicou a Senhora Ministra, a actualização da idade pediátrica vem responder às necessidades dos adolescentes que apresentam características específicas, como por exemplo necessidade de convivência num espaço lúdico e formativo e, nos casos em que é possível, de interacção com a escola.

Confesso que para mim é confuso. Falar em pediatria, como a própria palavra indica e o dicionário esclarece é falar de medicina de crianças (do grego pais, paidós, “criança” + iatreia “medicina” ).

Em Portugal, desde ontem, o bebé que nasceu e começou a crescer é como o/a jovem à porta da maioridade em termos de atendimento no campo da saúde.

A adolescência afinal é apenas uma das fases de ser criança. Estão assim explicadas todas as criancices em que alguns dos nossos adolescentes (digo, crianças) são pródigos. Estou-me a lembrar por exemplo da moda das “pielas” tão em voga em qualquer festa ou, como saiu ontem num jornal diário, do bando que se organiza e tem videos no youtube exibindo armas de fogo, de meia dúzia de adolescentes (perdão, crianças) cuja missão é espalhar a violência, assim numa de revolta juvenil. Ah! Ainda me estou-me a lembrar de outra. Em Portugal, os jovens iniciam a vida sexual cada vez mais cedo. Afinal, como são apenas crianças, só estão a brincar às mamãs e aos papás…

Ai este país à beira mar plantado… Tanto cuidado com as crianças só pode ser sinónimo de um futuro risonho. Como alguém disse “na meiguice do olhar de uma criança é encontrado o verdadeiro amor”. E quem é que pode renegar o amor?

Um conselho: se por acaso se cruzar com um desses adolescentes capaz de insultar tudo e todos, a borrifar-se para a escola e a bater nos professores, lembre-se que isso afinal são apenas criancices próprias dos meninos e das meninas mais traquinas. Que gracinha…


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