»
S
I
D
E
B
A
R
«
# 80
Oct 19th, 2010 by M.J. Ferreira

“Conhecer a Deus não é encher a cabeça de informações sobre Deus mas encher o coração do carácter de Deus.”
(Pf. Marcelo Correia e Silva)

Que grande diferença fariam os cristãos se este conceito fosse praticado.
Será que nos questionamos alguma vez sobre quem é Deus? E, buscando as respostas na Bíblia, a Sua Palavra escrita, será que consideramos como é que o conceito bíblico de Deus nos afecta?
É que o conceito bíblico de Deus implica uma transformação de vida. É impossível conhecer a Deus e permanecer o mesmo.
Se os professores de teologia e muitos teólogos que temos pensassem desta forma, seria bem diferente a influência divina na sociedade pluralista em que estamos inseridos.

Oct 14th, 2010 by M.J. Ferreira

Diz a Bíblia que a fé, independentemente do “seu tamanho” move montanhas (Mt 17:20) e no meio do caos, da angústia, das incertezas é veículo de esperança, de certezas que não se sabem explicar, de comunidade, de fraternidade, solidariedade e amor.

Desde as primeiras horas após a derrocada da mina, tanto “cá fora” como na organização subterrânea que fez parte do resgate dos mineiros chilenos era prática corrente  a oração e  o dar graças. Ao virem para a superfície, sulcando a terra dentro dum compartimento exíguo, muito provavelmente muitos misturariam, num turbilhão de emoções, todos os pensamentos, orações, medos, ansiedades e expectativas.

Ao ressurgir no mundo que os esperava, ao sentirem o calor daqueles que amam, a alegria, as lágrimas, os abraços, os beijos e sempre a fé.

A fé que consolou quem confiou. A fé que fortaleceu quem chorava. A fé que calou dúvidas e incertezas. A fé que alimentou a esperança do reencontro. A fé que uniu, que aconchegou e satisfez. A fé que transpareceu numa enorme corrente mundial de oração e, diz a Bíblia, que tudo o que se pede em oração, crendo, se receberá (Mt. 21:22).

Com fé, a normalidade será reposta e no meio das graças à misericórdia divina, a resposta que cada um ouvirá no silêncio da sua meditação será: “Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.” (Lc. 17:19)

Radicalismo cristão
Sep 8th, 2010 by M.J. Ferreira

Hoje surgiu a notícia de que um pastor evangélico americano quer queimar o Alcorão para comemorar o 11 de Setembro. Estou simplesmente chocada com o radicalismo deste homem e seus seguidores. Compreendo os medos do mundo referentes às retaliações que a atitude pode levar a cometer mas, o meu choque, é também, com o facto de este homem, de seu nome Terry Jones, ser alguém que tem responsabilidades acrescidas numa comunidade cristã que devia estar a “apascentar” baseado na Palavra do seu Mestre.

Diz Carlos Bernardo González Pecotche que  “a intolerância fecha os caminhos da compreensão, ao mesmo tempo que os da sensibilidade, caminhos aos quais só têm acesso as almas que sabem de sua semelhança com as demais.”

Esta semelhança com as demais é talvez uma das radicalidades do cristianismo (de acordo com o relato de Génesis, o Homem foi criado à imagem e semelhança de Deus). Esta semelhança implica relacionamento, fraternidade, comunhão. Aliás, a própria Trindade é um exemplo de unidade, diversidade e comunhão! Quando pensamos na Trindade, é um pensamento radical!  Porque o cristianismo é radical.

A radicalidade significa ter raízes. Raízes que se vão cada vez tornando mais fundas à medida que se vive a Palavra de Deus. Jesus foi o exemplo mais perfeito desta radicalidade. Morrer na cruz por amor de todos nós e por obediência à vontade do Pai é mesmo muito radical!

Diz a Bíblia: “Amai os vossos inimigos” –  bem, isto é  radical! “Perdoai aos que vos ofenderam” – uahaauuuu… isto é muiiito, mas muiiiiiito radical; “procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça” – todas estas três frases atrás, são exemplos da radicalidade do cristianismo. Não do seu radicalismo!

Radicalismo é agressivo, violento, intolerante. Radicalismo é oposto ao amor cristão e leva a, em nome deste, banir toda a misericórdia, toda a caridade, toda a esperança de quaisquer pensamentos, palavras ou actos praticados no nome de Deus. Radicalismo é medo e ignorância. O mal da ignorância é que vai adquirindo confiança à medida que se prolonga no tempo.


Admiração pelo Teólogo
May 12th, 2010 by M.J. Ferreira

José Ratzinger, Bento XVI, em Portugal
Frontal, Objectivo, Contextualizado, Exemplar:

“As maiores perseguições contra a igreja não vêm de fora, mas dos pecados que estão dentro da própria igreja”

“O perdão não substitui a justiça”

“Cristo está sempre connosco”

“Nenhuma força adversa poderá jamais destruir a Igreja”

“A prioridade pastoral hoje é fazer de cada mulher e homem cristão uma presença irradiante da perspectiva evangélica no meio do mundo, na família, na cultura, na economia e na política”

“Muitas vezes preocupamo-nos afanosamente com as consequências sociais, culturais e políticas da fé, dando por suposto que a fé existe, o que é cada vez menos realista”

“A nossa fé tem fundamento, mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós”

“É preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas”

“Com o vosso entusiasmo, mostrai que entre tantos modos de viver que hoje o mundo parece oferecer-nos – todos aparentemente do mesmo nível -, só seguindo Jesus é que se encontra o verdadeiro sentido da vida”

“Nos tempos passados, a vossa saída em demanda de outros povos não impediu nem destruiu os vínculos com o que éreis e acreditáveis, mas, com sabedoria cristã, pudestes transplantar experiências e particularidades”

“Hoje, participando na edificação da Comunidade Europeia, levai o contributo da vossa identidade cultural e religiosa”

Momentos de euforia
May 11th, 2010 by M.J. Ferreira

Portugal vive momentos de euforia. Ainda não se refez das comemorações benfiquistas sobre o campeonato nacional ganho depois de um jejum de cinco anos e aí está novo banho de multidão nas ruas de Portugal.

A euforia e alegria deste povo português ganha hoje novo fôlego. Aterrou de manhã em Lisboa José Ratzinger, o homem que a Igreja Católica Romana aclamou como o Papa Benedictus XVI que, em Português, foi traduzido como Bento XVI. Sou insuspeita para falar desta viagem. Embora cristã, não me identifico com a identidade papal nos termos que a Igreja de Roma estabelece. Para mim, enquanto estudiosa da Bíblia e da Palavra de Deus nela contida, não cabe um Papa como chefe da Igreja de Cristo.

O “chefe”, ou “pedra angular”, como esta pessoa é identificada no texto bíblico, é Jesus Cristo (Ele é “a pedra angular no qual todo o edifício bem ajustado cresce para templo santo no Senhor” (Ef. 2:21)). Não pode haver qualquer tipo de dúvida nem qualquer negociação acerca disso.

Jesus, ao ser referido como a pedra angular, isto é, a pedra fundamental que forma o ângulo externo de um edifício e é colocada no ângulo de encontro de duas paredes, mantendo-as ligadas, indica que Ele é a pedra fundamental sobre quem foi construída a Igreja de Deus, ou seja, o edifício espiritual que serve para morada de Deus em Espírito. Sobre ele há outras pedras, os apóstolos e os profetas (cfr. Ef. 2:20), e todos aqueles que crêem, de acordo com o que está escrito: “Vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Ped. 2:4-5).

É interessante notar, ao estudar-se o texto bíblico, que esta pedra foi rejeitada pelos edificadores, isto é, pelos principais sacerdotes, pelos escribas e pelos Fariseus, antes de se tornar a pedra angular da Casa de Deus. Igualmente interessante, é que, enquanto para os cristãos, Jesus é a pedra angular, eleita e preciosa; o texto bíblico diz que, para aqueles que não crêem em Jesus Cristo, esta pedra angular é uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo (cfr. 1 Ped. 2:6-7). Não é muito diferente nos dias que correm.

Não quero perder-me num debate teológico. Mas realmente o facto de não me identificar espiritualmente com o papel do Papa Romano, não quer dizer, que não possa apreciar a enorme erudição deste homem que está no trono de Roma. Gosto de apreciar os seus textos enquanto Teólogo e não sou hipócrita ao ponto de, mesmo não me identificando com o catolicismo romano, não perceber e não aplaudir alguns dos seus textos teológicos, bem como a tentativa de limpeza dentro da instituição católica romana, face a diversos escândalos vindos a lume nos últimos tempos. Podem dizer-me “ele foi um dos que tentou abafar os escândalos noutra época”. Será. Isso apenas prova que ele não passa de um homem e, como homem, capaz de decisões boas e más, umas acertadas e outras totalmente erradas.

No entanto, se outrora optou por uma posição que estava errada, isso não o impediu de humildemente reconhecer a dimensão do erro e começar a agir em conformidade. Só assim, é possível uma outra vivência mais de acordo com o comportamento que Jesus ensinou. Reconhecer, assumir e mudar o que está mal. Todavia, também não me sai da cabeça que, em cada instituição, seja ela a família ou outra maior, há, na grande maioria das vezes, um certo paternalismo que leva a “proteger” os seus membros, habitualmente através de atitudes conotadas com o silêncio envergonhado que não denuncia, que cala e se pretende se deixe evaporar no tempo.

Depois, não se enganem os críticos da Igreja em relação aos ataques desferidos nos últimos tempos, essencialmente por causa dos crimes de pedofilia. Infelizmente, eles existem não apenas no seio da Igreja de Roma mas, também, no seio de outras religiões (cristãs e não só) e espiritualidades, tanto quanto na sociedade laica. Não se faça o exorcismo de fantasmas culpando quem está mais a jeito. Antes, se fortaleça a dignidade humana desde a concepção e se promova o ensino da cidadania no sentido de que a “vítima” seja a primeira a não calar, a não temer, a não se envergonhar e a gritar bem alto toda a baixeza e afronta a que foi sujeita.

Portugal vive momentos de euforia. No futebol, o Benfica é campeão. O Papa Bento XVI chegou hoje como peregrino de Fátima. Há tolerância de ponto para os portugueses poderem fazer parte desta visita. Portugal está entusiasmado. Portugal por breves momentos está arredado do Portugal real. Este é o fado do nosso destino: Futebol, Fátima e mais uma vez, não escapamos ao Fado (do destino).

Segue-se, com certeza, um aumento de impostos…


(foto in: http://www.estadiodragao.com/sera-engenheiro/)

Hoje é Dia da Terra
Apr 22nd, 2010 by M.J. Ferreira

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.
E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi.
E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom;…” (Gn.1:26-30)

Hoje é dia da Terra.
Ao homem, no início da criação foi dada a tarefa de cuidar da Terra.
A ecologia não é nada recente, nem está ligada ao mundo moderno.
Está ligada às tarefas humanas desde “o princípio”, relatadas em Génesis, de administrar o planeta.
Temos uma responsabilidade inerente à nossa condição humana. De que estamos à espera para fazer a diferença?


Os pinheiros sabem quando é a Páscoa
Apr 5th, 2010 by M.J. Ferreira

O fim de semana foi óptimo e o Domingo de Páscoa foi celebrado em família. Uma renovação fidedigna do amor que sentimos uns pelos outros e partilhamos ciosamente em toda a sua pureza e preciosidade.

Ter passado pelo Alentejo fez-me recordar uma velha história que há muitos anos tinha ouvido sobre os pinheiros e o facto de eles saberem quando é o tempo da Páscoa. Pude confirmá-lo “in loco” e sinto-me agradecida por isso.

A história dos pinheiros é uma das muitas que passa de pais para filhos e nos remete para a beleza harmoniosa e simples de toda a natureza. Não percebe porquê? Eu explico a história dos pinheiros.

Cerca de duas semanas antes da Páscoa, os pinheiros têm os novos rebentos a despontar. Se olharmos para o topo de cada um, poderão ver-se pequenos rebentos de um amarelo acastanhado. À medida que a Páscoa se aproxima, os rebentos mais altos vão ramificar e formarão uma cruz.

Até que a Páscoa venha, a maioria dos pinheiros terá pequenas cruzes de um tom castanho amarelado nas pontas dos seus ramos. Quando olhamos para os pinheiros, podemos testemunhar a história uma vez ouvida e que a memória não vai deixar esquecer.

Pude observar e fotografar muitos pinheiros com os seus rebentos a apontar para o céu. Os mais altos brilhavam à luz do sol mostrando em cada cume pequenas cruzes que de maneira harmoniosa se espalham contra o espaço azul celeste e nos recordam a Paixão de Cristo. Cada uma destas cruzes irá dar lugar à renovação dos ramos e à continuação da vida de todos os pinheiros que crescem e se multiplicam a olhar o céu.

Os pinheiros sabem quando é a Páscoa. Parecem recordar a todos os que têm ouvidos para ouvir e olhos para ver que para a renovação, para a nova vida que se inicia e desenvolve, há que passar pela cruz. Que revelação tão simples e tão perfeita.

Quão maravilhosa e bela é a obra da criação.

O sentido da Páscoa
Apr 4th, 2010 by M.J. Ferreira

O túmulo está vazio!
The tomb is empty!

Ele ressuscitou!
He is risen!

Sexta-feira Santa
Apr 2nd, 2010 by M.J. Ferreira

Aproximadamente 600 anos antes de Jesus ter sido condenado à morte na cruz, o profeta Isaías profetizou o evento. Hoje, podemos convidar as palavras do profeta a penetrar na nossa intimidade e preparar os nossos corações para a Páscoa.

Isaías 52:13 – 53:12:
Eis que meu Servo prosperará, crescerá, elevar-se-á, será exaltado. Assim como, à sua vista, muitos ficaram embaraçados – tão desfigurado estava que havia perdido a aparência humana, assim o admirarão muitos povos: os reis permanecerão mudos diante dele, porque verão o que nunca lhes tinha sido contado, e observarão um prodígio inaudito.

Quem poderia acreditar nisso que ouvimos? A quem foi revelado o braço do Senhor?Cresceu diante dele como um pobre rebento enraizado numa terra árida; não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares, e seu aspecto não podia seduzir-nos.

Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele.

Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas.

Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho; o Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós. Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. Ele não abriu a boca.

Por um iníquo julgamento foi arrebatado. Quem pensou em defender sua causa, quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelo pecado de meu povo? Foi-lhe dada sepultura ao lado de fascínoras e ao morrer achava-se entre malfeitores, se bem que não haja cometido injustiça alguma, e em sua boca nunca tenha havido mentira.

Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento; se ele oferecer sua vida em sacrifício expiatório, terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias, e a vontade do Senhor será por ele realizada.

Após suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo. O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre si suas iniquidades. Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados.

Aproximadamente 2000 anos depois, Jesus morreu na cruz e a paixão de Cristo, sua morte e ressurreição é, ainda hoje, o poder e o caminho de Deus para a salvação. O seu sofrimento trouxe-nos justiça e através dela Ele e nós somos plenamente satisfeitos.

O que estamos a fazer?
Mar 3rd, 2010 by M.J. Ferreira

Uma notícia hoje no diário do Sapo, dava conta que famílias cristãs abandonaram o Iraque. Em Bagdade, num bairro do centro da capital onde outrora viveram 3 mil famílias cristãs, restam hoje menos de 70.
Em Portugal, de vez em quando ouvem-se alguns ruídos surdos e confusos estranhos em democracia, onde a tolerância é uma das virtudes, relacionados com crucifixos em salas de aula ou posições em defesa da vida, mas a realidade é que os cristãos podem considerar-se deveras abençoados em termos de perseguições. Mas eu pergunto: o que  estamos a fazer com essa benção?  

Pessoalmente, penso que muitas vezes tem sido mais confortável adoptar atitudes de “vitimização” do que sair à rua agitando as bandeiras da fé. As posições que perante o “evoluir” da nossa sociedade são necessárias adoptar, são muitas vezes mais  cómodamente assumidas nos encontros da “família cristã” aos domingos ou perante os “irmãos na fé”, mas timidamente assumidas perante terceiros, “os nossos próximos” – lembrando a história do Bom Samaritano. 

Podemos dizer que este é o país que temos ou que assim se tem construído um país que não temos. No entanto, podemos e devemos ajudar a construir o modelo de sociedade do País onde vivemos. Os cristãos, são chamados a fazê-lo iluminados pela fé e debaixo da graça infindável do Deus que confessam. Os cristãos devem olhar para a cultura protestante e, quando esta é reconhecida como sendo uma cultura de responsabilidade,  há que aproveitar essas pontes. Alguém disse que a nossa alternativa é a nossa vivência.

Como cristãos, temos uma cultura própria vivida e ensinada por Jesus, a cultura do Reino, tão bem explicada no Sermão do Monte. Que possamos aprender a ser cidadãos do Reino para podermos transmitir a cultura dessa cidadania a um mundo sedento de paz, justiça e amor, um mundo que procura respostas que só têm eco no Deus Criador, Salvador e Consolador.

É preciso que todos nós, os cristãos, comecemos a exercer a inteligência, o discernimento, as capacidades que Deus nos deu de uma forma que lhe dê glória. De outra forma, continuamos a não reconhecer e não dar valor ao que naturalmente possuímos. Já quando o Scolari era treinador da selecção de futebol, ele dizia que o problema com os apoiantes da selecção nacional é o desalento e os problemas que levam para os estádios e que não lhes permitem viver a selecção de uma forma positiva. É melhor os cristãos em Portugal começarem a confiar única e exclusivamente no seu Senhor, sob o risco de não perceberem que de outra forma  estão  a mantê-lo pregado na cruz. É bom lembrar que a cruz está vazia! Jesus ressuscitou e  ofereceu-nos todo o poder da Sua vitória  para que o Seu Evangelho, o Evangelho da Paz , seja não só proclamado mas vivido inteiramente na Sua dependência.

Temos que ser inovadores e transformadores, atentos aos que nos rodeia,  redescobrindo o cristianismo universal, igual em qualquer cultura, igual em qualquer tempo. De outra forma será difícil identificar o que temos ou quem temos no meio de nós. Que resposta damos à pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?”Talvez essa seja a maior fragilidade.  Sobretudo porque parece inofensiva. Fomos contaminados por uma mentalidade que descura Deus em detrimento do homem, uma mentalidade que se diz humanista, mas incapaz de defender o direito à vida, o sofrimento em fases terminais, a diferença que nunca pode ser igual.

Há algo mais alarmante que ser cristão em Portugal. É o próprio cristão ignorá-lo.

»  Substance: WordPress   »  Style: Ahren Ahimsa